Velocidade em Curta-Metragem Francesa
O Sessão da Meia Noite descobriu recentemente esta pérola, preciosa para os fãs da velocidade.
C’etait un Rendez-Vouz, 1976, de Claude Lelouch, com Claude Lelouch e Gunilla Friden.
Estamos em presença de uma curta-metragem feita em 1975 por um realizador francês, Claude Lelouch, parisiense, já reconhecido na altura, tendo inclusivamente ganho um Oscar em 1967 para o argumento original do filme “Un homme et une femme” de 1966.
Esta experiência no mundo da velocidade não teve qualquer argumento escrito e também não tem qualquer diálogo. Contudo, trata-se de uma viagem alucinante de alguém (nunca identificado), que conduz pelas ruas de Paris, cerca das 5h30 da madrugada, durante aproximadamente 9 minutos, até chegar ao encontro da sua companheira.
Esta curta-metragem esteve sempre rodeada de muito mistério, tanto assim que durante muitos anos conheciam-se poucos pormenores sobre o mesmo, devido à natureza ilegal do comportamento retratado. Inclusivamente, Claude Lelouch foi detido na primeira exibição pública do filme, tendo sido mais tarde libertado sem qualquer acusação formalizada.
Vemos, ou melhor apercebemo-nos de um carro, que desconhecemos o modelo, pois na realidade este nunca aparece em cena, que passa sinais vermelhos e demonstra outros comportamentos de condução pouco correta, circulando loucamente desta as imediações do Arc de Triomphe, Champs-Élysées, passado pelo palácio da Ópera Garnier e terminado no Sacre Coeur.
Inicialmente pensava-se que o carro fosse um Ferrari 275 GTB que Claude possuía na altura. Também o condutor pensava-se que podia ser Jacques Laffite, Jacky Ickx, entre outros pilotos de velocidade reconhecidos da altura.
As filmagens foram feitas com o recurso a uma câmara giroscópica (novíssima na altura), que o realizador instalara na frente do carro para aumentar a sensação de velocidade. O filme foi gravado num só take, num só plano, sem quaisquer cortes ou edição de imagem.
Em 2006, trinta anos após o lançamento do filme, o realizador lançou um making-off, onde responde a algumas questões. Por exemplo, o carro utilizado no filme era um Mercedes-Benz 450 SEL 6.2 e, como já se especulava, o som utilizado é um overdub de um Ferrari 275 GTB, contribuindo ainda mais um pouco para aumentar a sensação de velocidade.
Esta curta-metragem é na realidade uma gema preciosa para os entusiastas de filmes de velocidade, com uma mistura de improviso e pseudo-amadorismo, que o Sessão da Meia Noite descobriu quase por acaso, que, como num bom gelado de chocolate, quando terminamos, ficamos sempre a salivar por um pouco mais.