Sound City
Há documentários que nos relembram ligações especiais a certos ícones que, sem sabermos, contribuíram muito para o nosso crescimento como indivíduos culturalmente relevantes.
No meio da música, há muitos destes ícones esquecidos e a desaparecer. O documentário de que falamos hoje relembra um destes ícones.
Sound City, 2013, de Dave Grohl, com Dave Grohl, Lindsey Buckingham, Mick Fleetwood, John Fogerty, Trent Reznor, Taylor Hawkins, Josh Homme, Barry Manilow, John McCartney, Stevie Nicks, Rick Rubin, Krist Novoselic, Tom Petty, Pat Smear, Rick Springfield, Paula Salvatore, Corey Taylor, Lars Ulrich, Butch Vig, Lee Ving, Neil Young, Tom Skeeter.
Este documentário conta-nos a história de um dos estúdios de gravação mais importante da cena musical de Los Angeles, e de toda a costa Oeste dos Estados Unidos, desde a década de 70, até ao início dos anos 1990.
Localizado numa zona industrial de Van Nuys em Los Angeles, Sound City Studios começou a sua atividade em 1969, numa antiga fábrica da Vox, pela mão de Joe Gottfried e Tom Skeeter, cujo objetivo original era fazer uma editora discográfica.
Após um começo complicado, os jovens empresários conseguem fundos para adquirir o que viria a ser um dos maiores trunfos do Sound Sity Studios, que foi uma consola de gravação Neve Electronics 8028, que era do mais avançado que havia para a época, construída pelo engenheiro britânico Rupert Neve.
A partir deste ponto somos conduzidos pela narração de Dave Grohl, através dos êxitos de Sound City Studios nos anos 70, pela época de ouro dos anos 80, e pelo declínio nos anos 90.
Mas, o que torna especial este documentário são os testemunhos oferecidos pelos próprios envolvidos na história de Sound City como Tom Skeeter, antigos colaboradores e funcionários do estúdio e dos próprios artistas.
Desde Neil Young a Mick Fleetwood, de Dave Grohl a Lars Ulrich, de Rick Springfield a Barry Manilow, de Rock Rubin a Butch Vig, todos comprovam a mística de um espaço que, nem tinha grande aspeto, mas que foi responsável por alguns dos melhores álbuns de rock do século XX.
Os testemunhos levam-nos a perceber que a natureza de um grande álbum, não está só na excelência técnica da captura e tratamento do som, mas está, acima de tudo, nos sentimentos puros com que a música é construída, criando uma alma forte capaz de atingir o êxito.
Este foi o local onde nasceram os Fleetwood Mac, onde Rick Springfield gravou Jessie's Girl, onde foi criado o Nevermind dos Nirvana, onde Neil Young gravou After the Gold Rush, onde os Rage Against The Machine gravaram o seu melhor trabalho (Rage Against the Machine), onde os Metallica fizeram Death Magnetic, onde Josh Homme e os seus Queens of the Stone Age fizeram Rated R, entre muitos outros.
Através do documentário, esta mística passa para o espetador.
O sentimento especial de que estes estúdios foram uma parte importante, ainda que nos bastidores, ao longo do nosso crescimento é palpável, real e, de algum modo, está presente nas nossas vidas, através das nossas bibliotecas de música.
Esta é a verdadeira importância deste documentário, que foi realizado e escrito por alguém com um real gosto pela história que estava a contar, pois era a sua história.
Pessoalmente, no Sessão da Meia Noite, pensamos que é um documento fundamental para todos os verdadeiros apreciadores de boa música.
Classificação SMN: 10/10