Operação Eye in the Sky
Eye in the Sky – Operação Eye in the Sky, 2015, de Gavin Hood, com Helen Mirren, Aaron Paul, Alan Rickman, Barkhad Abdi, Babou Ceesay, Pheobe Fox, Jessica Jones.
Originalmente, o Sessão da Meia Noite foi atraído para este filme pela protagonista Helen Mirren que, como atriz de excelência, deveria trazer credibilidade e qualidade à obra.
Não nos tínhamos enganado. Este filme desenvolve-se à volta das implicações operacionais e morais da guerra contra o terrorismo, travada remotamente com o auxílio de satélites-espião e drones.
Helen Mirren é a Coronel Katherine Powell, líder de uma equipa operacional multinacional que, desde a sua base no Reino Unido, comanda operacionais de informação no terreno (algures em África), pilotos de drones nos Estados Unidos da América, e a sua própria equipa de informação no Reino Unido.
Com o objetivo de eliminar uma conhecida célula terrorista, num ambiente de paz aparente, e com um arsenal tecnológico respeitável, Katherine terá que lidar com as implicações da situação no terreno, sempre observando os acontecimentos em tempo real através dos satélites de vigilância.
A situação criada revela-se moralmente complicada, uma vez que para eliminar um grupo de terroristas bem identificado, onde está incluído uma terrorista com passaporte britânico, há o risco elevado de baixas civis inocentes.
O argumento, muito bem trabalhado por Guy Hibbert (argumentista de "Cinco minutos de Paz” de 2009 e “Omagh – Cicatriz de Paz” de 2004), revela-nos as questões morais levantadas pelos pilotos dos drones, que não querem atingir civis, assim como pelos analistas de risco, que trabalham para obter cenários com um mínimo de danos colaterais.
Mas, mais interessante ainda, é o modo em que nos são apresentados os políticos que comandam as operações de Katherine, cujos principais receios são as repercussões na opinião pública da possibilidade de baixas civis, e o efeito de contágio nos índices de aceitação do governo.
Este filme é muito atual e trata, de um modo muito realista, toda a dinâmica que envolve os ataques de drones em situações de Paz.
As interpretações são quase todas de exceção, com especial realce para Helen Mirren (obviamente), Alan Rickman como o Tenente General Frank Benson (a sua última interpretação), Aaron Paul como Steve Watts o piloto de drones e Barkhad Abdi o operacional no terreno Jana Farah.
Este é um excelente thriller psicológico e de ação, onde a política que envolve estes ataques remotos é a personagem principal, e o espectador é confrontado com as implicações, a nível pessoal, de cada um dos diferentes intervenientes na ação, nos diversos níveis de comando.
O que este filme nos quer transmitir principalmente é que a guerra à distância pode ser tão traumática como aquela que é travada nos campos de batalha, e consegue-o perfeitamente.
Por todas estas questões, o Sessão da Meia Noite não tem qualquer problema em aconselhar vivamente este filme aos apreciadores do género.