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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

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O Matador de Marcelo Galvão

No passado dia 9 de novembro estreou o primeiro filme produzido pela plataforma Netflix com um ator português como protagonista. Sob a batuta do realizador Marcelo Galvão, este filme é um marco na história do cinema de língua portuguesa moderno, pela sua relevância e abrangência.

 

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O Matador, 2017 de Marcelo Galvão, com Diogo Morgado, Maria de Medeiros, Thalia Ayala, Will Roberts, Phil Miler, Etienne Chicot, Mel Lisboa, Deto Montenegro, Thais Cabral, Paulo Gorgulho.

 

Este filme é um western brasileiro, passado no interior do Estado de Pernambuco, naquilo que ficou conhecida como a época do Cangaço, entre 1910 - 1940.

 

O realizador, que também é o argumentista, apresenta-nos a história do matador Cabeleira, interpretado por Diogo Morgado, numa busca pela sua identidade e pelo homem que o criou - o matador Sete Orelhas.

 

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No interior brasileiro árido e hostil, Cabeleira é forçado a crescer e aprender as coisas da vida por si só, tomando como guia as orientações transmitidas por Sete Orelhas antes deste desaparecer no mundo.

 

A sua única vantagem é a capacidade inata em usar armas que o conduzem ao mesmo ofício de Sete Orelha, trabalhando para que quisesse e pudesse pagar pelos seus serviços.

 

A sua busca leva-o a Monsieur Blanchard (Etienne Chicot), um fazendeiro poderoso e corrupto, que contrata os seus serviços (em substituição de Sete Orelhas), mas com o qual Cabeleira virá a ter um grave desentendimento que os transformará em inimigos.

 

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O filme está carregado do pó característico do sertão brasileiro, com uma fotografia onde reina os tons laranja e castanho, e onde nos é mostrado um cenário árido e rude, capaz de moldar à sua imagem a maioria dos homens simples sem rumo, cujo exemplo último é Cabeleira.

 

Diogo Morgado faz uma excelente composição de um personagem típico da cultura brasileira, onde o distanciamento cultural não se nota, transparecendo somente uma aposta ganha no seu talento.

 

Curiosamente, Maria de Medeiros também faz uma pequena aparição no filme como a esposa de Monsieur Blanchard, uma francesa de gema no meio do Sertão poeirento, como um oásis no meio do deserto.

 

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A história tende a ser um pouco confusa, muito por causa do excesso de personagens algo perdidos por vezes, e talvez inconsequentes, gritando por mais significado.

 

Apesar disso, o filme revelou-se uma boa experiência, como um bom exemplo da filmografia contemporânea brasileira, onde o realizador Marcelo Galvão consegue moldar um conjunto, aparentemente, heterogéneo de atores num conto consistente com a história recente do Brasil.

 

 

Classificação SMN: 7/10    

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