Mr. Morgan's Last Love
Um ator que é muito apreciado no Sessão da Meia Noite e que, por si só, pode-nos levar a ver um filme é Michael Caine. O ator octogenário continua a mostrar as suas qualidades inatas para a representação no filme que hoje comentamos.
Mr. Morgan's Last Love - A Última Paixão do Sr. Morgan, 2013, de Sandra Nettelbeck, com Michael Caine, Clémence Poésy, Justin Kirk, Jane Alexandre, Gillian Anderson, Richard Hope, Anne Alvaro, Michelle Goddet.
O argumento do filme é adaptado do muito premiado romance de Françoise Dorner "La Douceur Assassine", e conta-nos uma história sobre a vida após a perda de uma companheira de vida.
Michael Caine é Matthew Morgan, um professor de filosofia reformado, americano, que vive em Paris, após o falecimento da sua muito amada companheira Joan Morgan (Jane Alexander).
Falando só poucas palavras do francês, Matthew vai levando uma vida mais ou menos solitária, e sem objetivos, vagueando no grande apartamento que era do casal, e somente mantendo algumas rotinas.
Mas tudo isto muda quando Matthew conhece Pauline Laubie (Clémence Poésy), uma professora de dança, que se mostra atenciosa para com ele, talvez até carinhosa, comportamentos esses que aguçam a curiosidade de Matthew.
Uma tentativa de suicídio mal sucedida de Matthew, leva à introdução na história dos filhos de Matthew: Karen (Guillian Anderson) e Miles (Justin Kirk), que questionam os motivos da atenção de Pauline a Matthew, acusando-a que querer aproveitar-se dele.
O filme é construído através da crescente amizade entre Matthew e Pauline, da estranha dinâmica familiar entre pai e filhos, e das inter-relações pessoais entre todos.
No entanto, o maior ênfase vai para a prestação de Michael Caine que, com a sua qualidade de representação, consegue elevar a um patamar acima da média este filme que, de outro modo, seria muito mediano.
A realizadora, experimentada na escrita de argumentos românticos, conseguiu criar um conjunto de relações que conseguem puxar pelos sentimentos do espetador, misturando o carinho com o amor, a incompreensão com o ressentimento, o desinteresse com a alienação.
De mencionar também a muito boa composição de cinematografia que nos permite acompanhar os passos dos nossos protagonistas através da ruas e jardins de Paris, aproveitando a beleza da cidade luz.
No Sessão da Meia Noite, apreciámos especialmente este filme pela modo como é tratada e desconstruída com naturalidade a necessidade de um luto saudável para a continuação e uma vida feliz e produtiva.
Classificação SMN: 9/10