Death Wish - O Justiceiro da Noite
A década de 70 do século XX foi uma incubadora para diversos tipos de cinema, que se vieram a desenvolver ao longo dos anos, até aos dias de hoje.
Hoje falamos de um desses exemplos, mais propriamente do filme que criou a personagem do arquiteto Paul Kersey que, de algum modo, veio emparelhar com Dirty Harry no cinema de ação.
Death Wish - O Justiceiro da Noite, 1974, de Michael Winner, com Charles Bronson, Hope Lange, Vincent Gardenia, Steven Keats, William Redfield, Stuart Margolin, Christopher Logan, Jeff Goldblum, Gregory Rozakis, Christopher Guest, Olympia Dukakis, Denzel Washington (sem créditos).
Paul Kersey, interpretado pelo inesquecível Charles Bronson, é um arquiteto liberal em New York, que vê o seu contexto familiar destruído por um assalto violento à sua casa, onde a sua mulher e filha são brutalmente violadas.
O consequente falecimento da sua mulher, e o estado catatónico em que fica a sua filha, levam Paul a pressionar frequentemente as autoridades por resultados das investigações, sem grande sucesso.
Paul, que originalmente era um homem pacífico, vê esta situação transformá-lo em alguém que, sem nada a perder, vai fazer frente aos criminosos que se atravessam no seu caminho, tornando-se um justiceiro na noite da cidade violenta que era New York.
O argumento, que é uma adaptação livre do romance policial de Brian Garfield intitulado "Death Wish", pretende mostrar, de uma forma simples, o que um conjunto de circunstâncias extremas podem fazer a um individuo que, afetivamente, perdeu tudo.
Charles Bronson, com a sua pose simples e pacífica, consegue moldar na perfeição um personagem que, por debaixo de uma capa de normalidade, esconde alguém com espírito de vigilante, que se preocupa com o bem estar dos outros, numa luta contra a injustiça e a criminalidade.
Como contraponto ao vigilante dissimulado, temos o detetive Frank Ochoa (Vincent Gardenia) que, com uma visão diferente da revelada pelos seus colegas policiais, consegue perceber a realidade da situação, e chegar até Paul Kersey.
O jogo que o realizador Michael Winner consegue criar entre os dois protagonistas é muito interessante, pois Paul não tem grande intensão de se esconder nem de ser apanhado, e Frank tem dificuldade em provar seja o que for.
De referir que, este filme marca o início cinematográfico da carreira de duas lendas da atualidade Jeff Goldblum e Denzel Washington mas, obviamente, em papéis pequenos. Jeff Goldblum é um dos assaltantes à casa da Paul Kersey e Denzel Washington é um assaltante que aparece numa outra cena mas que, curiosamente, nem aparece nos créditos do filme.
Death Wish teve uma grande aceitação por parte do público e da crítica especializada, impulsionado pela história, pelo tipo de ação retratada, que era quase inexistente na altura, e pela boa banda sonora da responsabilidade de Herbie Hancock.
O contexto social americano da altura, um pouco mais negro e violento do que atualmente, também impulsionou o sucesso comercial deste filme.
O trabalho de Michael Winner foi muito valorizado, de tal modo que também veio a realizar os segundo e terceiro filmes da epopeia de Paul Kersey contra o crime, que veio a ter cinco filmes.
No Sessão da Meia Noite apreciámos muito este filme por si mesmo, e pelo que representa na história dos filmes de ação. Contudo continuamos a preferir Dirty Harry.
Classificação SMN: 7/10.