Allied de Robert Zemeckis
Na senda dos Óscares deste ano, um romance de época ficou pelo caminho, ou melhor, não venceu qualquer galardão, sendo que só estava nomeado para Melhor Guarda-Roupa e esse prémio foi para outro outsider – Fantastic Beasts and Where to Find Them.
É de Allied que vamos falar hoje.
Allied – Aliados, 2016, de Robert Zemeckis, com Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Camille Cottin, Michael McKell, Vincent Latorre, August Diehl, Anton Blake, Daniel Betts, Sally Messhem, Lizzy Caplan, Mathew Goode.
Realizado pelo mestre Robert Zemeckis, este drama romântico em tempo de guerra, vai buscar muita inspiração a Casablanca de Michael Curtis. Pelo menos na sua primeira parte.
Assim vejamos. Em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, Max Vatan (Brad Pitt) um especialista da Royal Canadian Air Force é enviado para Casablanca (que coincidência), numa missão de extrema importância para o futuro do conflito na região.
Em Casablanca terá que se juntar a uma agente francesa Marianne Beauséjour (Marion Cotillard) que passará por sua esposa, numa ação infiltrada para iludir as forças ocupantes.
Numa encenação muito bem coreografada, os dois passam por um casal apaixonado até ao ponto em que a missão termina. Aí percebem que a função por eles desempenhada se transformou em sentimentos verdadeiros e decidem, no meio das adversidades da guerra, construir uma vida em conjunto.
É aqui que o filme se distância de Casablanca, numa segunda parte, que parece ser as cenas dos próximos episódios nas vidas de Rick Blaine e Ilsa Lund.
Mas as nuvens de suspeição levantam-se sobre esta relação construída no meio de ataques aéreos e aviões abatidos.
Max continuou a sua atividade militar mas Marianne aparentemente não, sendo ela membro da resistência esta situação era-lhe facilitada.
Contudo nem tudo o que parece é, e a relação aparentemente perfeita de ambos será marcada profunda e definitivamente por uma descoberta dos Serviços Secretos Britânicos acerca de Marianne.
Robert Zemeckis conseguiu aqui replicar um mundo de época numa construção majestosa de Casablanca e da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma realização sem falhas e dois protagonistas excelentes fazem deste filme uma obra a ter em atenção no que diz respeito a romances em tempo de guerra, onde os espiões por vezes se tentam esconder até de si mesmos, numa ilusão que fatalmente é sempre fugaz.
Este é um excelente filme, da responsabilidade do homem que nos deu os Regressos ao Futuro e Quem Tramou Roger Rabbit?, com uma identidade muito própria, e que merece a tenção dos bons cinéfilos.
Este filme deixou um dos membros do Sessão da Meia Noite lavado em lágrimas.