Midnight Cowboy
Agora estamos numa fase de filmes antigos, pelo que vimos recentemente um filme de 1969, considerado com um dos melhores de sempre. Este filme chocou a sociedade da altura pelo modo frontal e sem grandes reservas com que abordava assuntos considerados tabu para a altura.

Midnight Cowboy – O Cowboy da Meia-Noite, 1969, de John Schlesinger, com Dustin Hoffman, Jon Voight, Sylvia Miles, John McGiver, Brenda Vaccaro, Barnard Hughes, Ruth White, Jennifer Salt, Gilman Rankin, Bob Balaban, M. Emmet Walsh.
O filme conduz-nos pelas vielas mais escusas de New York dos anos 60, onde predominam personagens rejeitados pela sociedade, que vão sobrevivendo como podem, muitas vezes com recurso a atividades ilegais como o furto, roubo ou a prostituição.
A história é protagonizada por Joe Buck (Jon Voight), um gigolô, originário de uma pequena cidade do Texas, que decide mudar-se para New York, em busca de uma mulher rica que o sustente.

De natureza simples e desprovido das manhas necessárias para conseguir vingar na grande cidade, após alguns desaires, Joe conhece Ratso Rizzo (Dustin Hoffman), um pequeno ladrão/vigarista, que sobrevive nas franjas da sociedade e que lhe promete ajuda.
Mas nada é tão simples como parece e a vida de Joe vai-se complicando, até ao ponto em que Joe fica sem dinheiro e se vê obrigado a ir viver com Ratso, num prédio sem luz, sem água e sem aquecimento, completamente devoluto, e que será demolido brevemente.

No meio da desgraça, vai crescendo uma forte amizade entre os dois, que parece a dada altura querer subir para outro patamar, percetível nas ações mas sempre rejeitado pelas palavras.
Com interpretações excelentes de Jon Voight e Dustin Hoffman, este filme mostra-nos aquilo que a sociedade conservadora da altura preferia usar ou rejeitar dependendo do que lhe seria mais benéfico na altura.

O mundo da homossexualidade e da prostituição masculina é aqui focado pela primeira vez no cinema com muita qualidade e realismo (de acordo com os relatos da época), tomando a comunidade cinéfila de surpresa, e conduzindo às suas sete nomeações para Óscares.
Na realidade, este foi o primeiro filme classificado pela MPAA com Rated-X pelas cenas sexuais, que venceu o Óscar de melhor filme (e também o único na história).

Apesar da qualidade de interpretações, da muito boa cinematografia de Adam Holender e da qualidade da edição de Hugh A. Robertson (primeiro Afro-Americano a ser nomeado para Óscar na categoria de edição), este filme não é para todas as audiências, pois a história é pesada e o realizador foi muito direto e frontal sobre as dificuldades que as suas personagens atravessavam.
É uma história que deixa a sua marca, que é difícil de esquecer, e que abriu o caminho, servindo de base, para outros filmes que abordam problemáticas semelhantes como Panic in Needle Park (1971) de Jerry Schatzberg e Drugstore Cowboy (1989) de Gus Van Sant.
Classificação SMN: 8/10.