Transsiberian
Um comboio que atravessa um zona inóspita e gelada, e dois casais de desconhecidos são um excelente começo para um filme de mistério. A história do cinema diz-nos isso o filme que vamos falar hoje comprova-o.
Transsiberian - Transiberiano, 2008, de Brad Anderson, com Woody Harrelson, Emily Mortimer, Kate Mara, Eduardo Noriega, Ben Kingsley, Thomas Kretschmann.
Dois casais partilham uma cabine no famoso comboio transiberiano, numa viagem de Irkutsk a Moscovo, onde os quatro protagonistas acabam por partilhar, inevitavelmente, não só o espaço mas as suas experiências de vida.
Roy (Woody Harrelson) e Jessie (Emily Mortimer), que tinham iniciado a sua viagem em Pequim, conhecem os seus companheiros de cabine em Irkutsk: Abby (Kate Mara) e Carlos Ximénez (Eduardo Noriega).
Esta longa viagem por zonas inóspitas, e no pico do inverno, é propícia à partilha de experiências e cumplicidades, e a cumplicidade entre os dois casais vai aumentado, diminuindo a claustrofobia inerente ao comboio.
Mas esta aproximação é dominada pela crescente tensão sexual entre Jessie e Carlos, pela natureza duvidosa, da viagem de Abbie e Carlos e, mais tarde da perseguição exercida pelo detetive Grinko (Ben Kingsley).
O filme revela-se num thriller de mistério ligeiro, onde as aparências iludem, e as novas amizades revelam-se plenas de segundos interesses, numa tentativa de escapar à polícia e aos traficantes.
Os protagonistas conseguem ter boas interpretações, num argumento que acaba por ser o elemento mais fraco do conjunto, revelando-se pouco desenvolvido e aproveitando mal a personagem/contexto central que é o Transiberiano.
A realização é competente mas, Brad Anderson já nos apresentou melhor (O Maquinistas de 2004), pelo que ficámos com a impressão de expectativa não cumprida.
A fotografia faz um bom uso do inverno dos países de leste, empolando a inocência do branco das neves e contrapondo-as contra a ilegalidade e a corrupção presente no seio dos utilizadores do comboio.
As cenas aéreas do comboio em movimento, e da igreja em ruínas são especialmente bem conseguidas.
No seu conjunto, o filme é bom, especialmente para quem, como nós no Sessão da Meia Noite, aprecia estes mistérios nórdicos, cheios de frio, neve e paisagens longínquas.
Classificação SMN: 7/10.