Roman J. Israel,Esq.
Existem dois atores americanos que são crónicos candidatos aos Óscares da Academia, qualquer que seja o trabalho em que se envolvam, inadvertidamente podem acabar por ser nomeados pela qualidade das suas interpretações.
Estamos a falar de Meryl Streep e Denzel Washington. Este ano, estão os dois nomeados nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Ator, mas com poucas hipóteses de vencer. Aqui apresentamos as nossas considerações sobre o filme que deu a Denzel Washington mais uma nomeação.
Roman J. Israel, Esq, 2017, de Dan Gilroy, com Denzel Washington, Colin Farrell, Carmen Ejogo, Lynda Gravantt, Amanda Warren, Hugo Armstrong, Sam Gilroy, Tony Plana, Nazneen Contractor, Kelly Sullivan, DeRon Horton, Amari Cheatom, Shelley Hennig, Joseph David-Jones, Andrew T. Lee.
Este drama é sobre um advogado Roman J. Israel (Denzel Washington), com ideais muito bem consolidados que, de um momento para o outro vê o seu sócio na pequena firma de advogados onde trabalham, falecer.
Roman, habituado a trabalhar como advogado de apoio do seu sócio, nomeadamente na execução do trabalho pesado de investigação e preparação dos casos vê-se, pela força das circunstâncias, transportado para a frente da firma e para os tribunais.
Pouco acostumado a lidar com ambientes naturalmente hostis, Roman vê o seu idealismo prejudicar o seu desempenho profissional, acabando por criar um conjunto de circunstâncias que o vão conduzir a uma situação desesperada que trará consequências gravíssimas.
A mudança da realidade de Roman, coloca a nu as suas dificuldades de relacionamento pessoal, numa aproximação, nunca devidamente concretizada no filme, a uma leve forma de autismo.
O filme resulta da enorme capacidade de representação de Denzel Washington que consegue criar na perfeição uma personagem com claras dificuldades de relacionamento social e pessoal, que cujo conceito de realização profissional é muito diferente da maioria dos seus colegas, pois é sem materialismos.
Contudo, esta sua clareza e pureza idealistas sofrem um grande abalo quando Roman se vê a braços com graves problemas financeiros. No final Roman consegue sair da nuvem negra que toldou a sua maneira de pensar mas, demasiado tarde para corrigir as consequências dos seus atos.
Na realidade, o filme no seu conjunto é médio. O argumento não deixa grande espaço para o desenvolvimento das personagens secundárias: George Pierce (Colin Farrell) o colega advogado ambicioso, e Maya Alston (Carmen Ejogo) um potencial interesse romântico, que poderiam ter enriquecido sobremaneira o conjunto final.
A performance de Denzel Washington sobressai claramente do conjunto meio nebuloso que é o filme, que se comprova com a sua única nomeação deste filme aos Óscares para melhor ator. O restante elenco teriam muito mais para dar se lhe tivesse sido atribuída tal oportunidade.
De um realizador que foi responsável por Nightcrawler (2014), estávamos à espera de um resultado mais consistente e com um nível mais elevado.
Classificação SMN: 7/10
(somente pela qualidade da interpretação de Denzel Washington)