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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Last Flag Flying

Os estúdios da Amazon Productions lançaram em dezembro do ano passado um filme que nos despertou a curiosidade pela qualidade do elenco reunido. No Sessão da Meia Noite já vimos o filme e, no geral, não nos desapontou.

 

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Last Flag Flying - Derradeira Viagem, 2017, de Richard Linklater, com Bryan Cranston, Laurence Fishburne, Steve Carell, J. Quinton Johnson, Deanna Reed-Foster, Yul Vazquez, Graham Wolfe, Richard Robichaux, Cicely Tyson.

 

Um elenco de luxo, guiado por um realizador com provas dadas, trazem até nós um drama sobre as muitas histórias de guerra que ficam por contar quando os soldados voltam para casa para serem sepultados.

 

Larry "Doc" Shepherd (Steve Carell) procura os seus dois companheiros da guerra do Vietname mais próximos, para o acompanharem na árdua tarefa de sepultar o seu filho Larry, morto na guerra do Afeganistão.

 

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Os dois companheiros de Doc são Sal Nealon (Bryan Cranston) - um dono de bar alcoólico e sarcástico, e Richard Mueller (Laurence Fishburne) - um reverendo da igreja, juntos por uma amizade forjada nos campos de arroz e nas prostíbulos do Vietname mas, há muito distantes pelas circunstâncias da vida.

 

Esta epopeia, vai servir de redescoberta da amizade entre os três amigos, pelo meio do processo de luto de Doc. Os três vão percebendo que as suas realidades atuais são resultado direto dos comportamentos em tempo de guerra, numa tentativa de expiação de pecados passados.

 

Apesar do argumento se revelar um pouco curto e demasiado linear, a interpretação dos três protagonistas é irrepreensível, mais uma vez expondo na tela as virtude de representação de Bryan Cranston e Laurence Fishburne.

 

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Steve Carell nunca foi um dos nossos atores favoritos, e não estamos habituadas à sua presença dramática, no entanto, ele consegue acompanhar a excelência dos atores que o acompanham, construindo um Doc envolto num sofrimento sem dimensão mas, ao mesmo tempo, contido, e à procura de soluções para o futuro.

 

O realizador consegue, apesar do seu elenco de estrelas, criar um conjunto muito homogéneo, onde os três protagonistas se suportam mutuamente, construindo assim uma história dramática, de pessoas reais.

 

No entanto, esta viagem também é de descoberta para os três e, talvez a coisa mais importante que os nossos amigos descobrem, além do valor da verdadeira amizade, é que, por vezes, uma verdade atrasada é pior que uma mentira piedosa atual.

 

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O trabalho de realização é muito bom e, juntamente com a qualidade da representação, é o que suporta o filme, conferindo-lhe a mais valia que o coloca acima da média.

 

Este argumento é adaptado de um romance homónimo de Darryl Ponicsan de 2005, mas revela-se o elemento mais fraco do filme, talvez pouco trabalhado.

 

Classificado como uma comédia dramática, o ênfase no drama é infinitamente maior que na comédia (mecanizada em cena pelo sarcasmo do personagem Sal Nealon) pelo que discordamos desta classificação, e consideramos este filme como um drama puro e duro, sobre o sofrimento dos familiares de soldados em zonas de guerra.

 

 

Vale muito a pena uma visualização pelas performances de realização e elenco.

 

Classificação SMN: 8/10.