Birth of the Dragon
Em 2016 foi lançado um filme sobre artes marciais, que se tenta focar sobre um episódio importante da vida do carismático artista de artes marciais Bruce Lee.
No Sessão da Meia Noite ficámos com a curiosidade aguçada, uma vez que é um tema muito apreciado entre nós, e decidimos ver, para tirar as nossas conclusões.
Birth of the Dragon, 2016, de George Nolfi, com Yu Xia, Philip Ng, Wang Xi’An, Hai Yu, Yue Wu, Billy Magnussen, Steven Roberts, Simon Yin, Terry Chen, Ron Yuan, Lillian Lim, Yee Jee Tso, Simon Chin.
Na realidade, este filme vai buscar a sua inspiração a um episódio que, segundo conta a história contemporânea, mudou o rumo da vida de Bruce Lee, e que foi um combate entre Bruce Lee e Wong Jack Man – um mestre budista do templo de Shaolin.
Esta luta colocou frente a frente dois modos de pensar as artes marciais muito diferentes. Por um lado, estava Bruce Lee que, na altura, dedicava os seus esforços à comercialização do kung fu através dos combates e de séries de televisão, e por outro estava Wong Jack Man, um monge de Shaolin, com uma perspetiva muito filosófica, mental e idealista da prática da arte marcial.
Este combate aconteceu com regras muito particulares, ou seja, não teve espectadores e foi testemunhado por muito poucas pessoas, pelo que não há registos de imagem sobre o evento.
Contudo, este evento teve um resultado muito importante na cultura popular americana, pois terá sido o responsável pela mudança de filosofia de Bruce Lee sobre o kung fu e as artes marciais em geral, levando à criação do Jeet Kune Do.
O filme tenta uma dramatização utilizando com pano de fundo a Bruce Lee (Philip Ng), a chegada de Wong Jack Man (Yu Xia) à América e os atritos entre ambos que levaram ao combate.
No entanto, o realizador não se mostrou muito hábil, e misturou um romance entre um americano Steve McKee (Billy Magnussen) e uma chinesa Xiulan Quan (Jingjing Qu) com a história dos dois lutadores, o que diluiu o objetivo da história. Na realidade toda a história é contada sobre a visão de Steve McKee.
A dada altura ficamos com a sensação de que o nome do filme, e o objetivo publicitado, parece um pouco de publicidade enganosa, sendo a história dos dois lutadores secundarizada sobre a história amorosa.
A primeira montagem do filme tinha uma presença de Steve McKee ainda maior do que a final. Os estúdios obrigaram à mudança do foco da história de Steve para Bruce Lee mas, apesar dos esforços, não foram totalmente bem sucedidos.
Parece-nos que o filme vale pelas cenas de luta e pela dramatização de um pouco da história da lenda da cultura popular que é Bruce Lee. Como romance falha o objetivo.
As interpretações de Philip Ng e Yu Xia são boas, cumprindo o objetivo, mas Billy Magnussen parece-nos pouco realista numa presença demasiado forçada em cena.
Podemos dizer que as expectativas que tínhamos no início não foram cumpridas. Este filme não é sobre artes marciais mas sim um romance banal e corriqueiro entre um ocidental e uma asiática, no meio do contexto de Chinatown de San Francisco dos anos 60.
Classificação SMN: 5/10.