Brawl in Cell Block 99
No Sessão da Meia Noite já referenciamos por diversas vezes o talento dramático de um ator que teima em fugir aos grandes papéis – Vince Vaughn. O seu mais recente trabalho teve o lançamento comercial nos Estados Unidos a 6 de outubro e nós já vimos, apesar de ainda não ter tido estreia nacional.
Brawl in Cell Block 99, 2017, de S. Craig Zahler, com Vince Vaughn, Jennifer Carpenter, Marc Blucas, Don Johnson, Udo Kier, Dan Ambroyer, Tom Guiry, Mustafa Shakir, Geno Segers, Rob Morgan, Clark Johnson, Pooja Kumar, Fred Melamed, Devon Windson, Dion Mucciacito, Willie C. Carpenter.
Este filme é um thriller violento, e desde já referimos que não é para todas as audiências.
Vince Vaughn é Bradley Thomas, um antigo boxer que não tem sido muito bem tratado pela crise económica. A sua situação agrava-se quando perde e seu trabalho e decide pedir ajuda ao seu amigo Gil (Marc Blucas) um pequeno traficante de droga.
Ao mesmo tempo a sua vida familiar também não ajuda. Como resultado de uma interrupção inesperada de gravidez, a relação com a sua mulher Lauren (Jennifer Carpenter) arrefece e a distância entre os dois havia crescido, de tal modo que Bradley descobre que Lauren lhe tinha tido sido infiel.
Após uma descarga de raiva emotiva e brutal contra o carro de Lauren (numa excelente cena feita pelo próprio Vince Vaughn), ambos conseguem chegar a um compromisso e decidem dar uma nova oportunidade à relação.
A partir desse ponto a vida do casal Thomas parece correr bem, Lauren esta grávida de novo e, apesar da sua nova ocupação, Bradley demonstra ser muito competente e profissional, evitando todo o tipo de situações potencialmente perigosas.
Mas todo este cenário se complica quando Gil recebe uma proposta para crescer o seu negócio, tendo para tal de se associar a Eleazar (Dion Mucciacito), um poderoso traficante mexicano.
Obviamente que esta situação vai correr mal, especialmente para Bradley, que se vê preso e chantageado por Eleazar, que toma Lauren como sua refém.
Está assim criado o enredo da história, onde Bradley ira fazer de tudo para garantir a segurança da sua família.
Este thriller tem uma patine negra, escura e um pouco granulada que evidencia a violência inerente a um sistema prisional excessivamente violento e corrupto.
O realizador, que até à altura só tinha no seu curriculum o western "Bone Tomahawk", conseguiu criar com sucesso diversos ambientes de grande violência psicológica e física essencialmente nas cenas no interior das prisões.
S. Craig Zahler demonstra uma grande sensibilidade e capacidade para criar ambientes opressivos e agressivos, levando o espetador a percecionar o mundo de Bradley de um modo muito próximo e realista.
Mais uma vez somos conduzidos pela grande qualidade de representação dramática de Vince Vaughn, criando uma personagem forte e obstinada na salvaguarda do bem-estar da sua família.
De referir também as boas performances de Jennifer Carpenter, numa boa recuperação após a Debra Morgan de Dexter, e a frieza cruel e bastante eficaz de Don Johnson, no papel do diretor de prisão Warden Tuggs.
Em suma, este filme é um bom thriller sobre um homem de princípios perdido num mundo de traficantes, vinganças e prisões, que se desenvolve num ritmo crescente de violência, com um extremo bastante visual e chocante, realizado muito eficazmente de modo a passar toda a violência dessa realidade para muito próximo do espetador.
Classificação SMN: 8/10.