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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

High-Rise de Ben Wheatley

Hoje falamos de um dos filmes mais estranhos que vimos nos últimos tempos.

 

Uma novela sobre uma realidade distópica, baseada na obra de J.G. Ballard “High-Rise” (1975), que se tornou num dos filmes britânicos independentes mais premiados do passado recente.

 

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High-Rise – Arranha-Céus, 2015, de Ben Wheatley, com Tom Hiddlestone, Jeremy Irons, Sienna Miller, Luke Evans, Elisabeth Moss, James Purefoy, Keeley Hawes, Peter Ferdinando, Sienna Guillory.

 

O argumento apresenta-nos um arranha-céus nos arredores de Londres com todas as comodidades essenciais. Sendo que, os seus habitantes poderiam fazer as suas vidas quase sem de lá saírem, numa clara aproximação a uma réplica das sociedades atuais.

 

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O nosso cicerone por entre estes meandros é Dr. Robert Laing (Tom Hiddlestone), um médico fisiologista que recentemente se mudou para o prédio, numa procura de organização pessoal e de um sentimento de pertença.

 

No seu apartamento localizado nos andares acima do meio do prédio, Robert vai-se instalando, dando largas à sua liberdade individual. A primeira pessoa que conhece no prédio é Charlotte (Sienna Miller), que vive alguns andares acima, e que o ajuda a se integrar rapidamente na "sociedade predial".

 

A tensão/atração sexual geranda entre os dois faz com que se envolvam, para grande desagrado de Wilder (Luke Evans), um vizinho dos andares inferiores, que cobiça Charlotte.

 

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No topo do edifício mora Royal (Jeremy Irons), o arquiteto ideólogo desta amostra de sociedade, vivendo um pouco alheado da realidade e das tensões inter-pisos dos diversos condóminos.

 

O filme desenvolve-se explorando as tensões entre pisos, numa alegoria à organização social de classes britânica, onde os residentes de baixo cobiçam os privilégios dos que estão acima e, quem esta acima, não compreende a necessidade de mudança dos de baixo.

 

À semelhança do que vemos nas sociedades atuais, as condições de habitabilidade do arranha-céus vão se agravando bastante, pois os seus habitantes, não compreendem os seus papéis no arranha-céus, e como todos são necessários.

 

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A história é bem contada mas tem alguns requintes muito british, que podem iludir os espetadores menos atentos. De qualquer modo, a realização é competente, mas complexa, e por vezes difícil de compreender.

 

Ben Wheatley conseguiu estruturar uma história muito próxima das sociedades competitivas por natureza, onde abdica dos seus privilégios seja por que razão for, mas com óbvios problemas narrativos.

 

 

Apesar disso, este é um daqueles filmes que no final nos deixa a pensar sobre a ilusão de normalidade, e até onde o ser humano pode descer comportamentalmente quando se lhe é removida qualquer tipo de ordem social.

 

Classificação SMN: 6/10

La La Land

Um dos filmes de 2016, maior vencedor dos Óscares de 2017, foi um musical que o Sessão da Meia Noite teve finalmente a oportunidade de ver e aqui deixar os seus comentários.

 

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La La Land - Melodia de Amor, 2017, de Damien Chazelle, com Ryan Gosling, Emma Stone, John Legend, Rosemarie DeWitt, Finn Wittrock, Jessica Rothe, Sonoya Mizuno, Callie Hernandez, J.K. Simmons, Tom Everett Scott, Meagen Fay, Damon Gupton, Jason Fuchs, Josh Pence.

 

Este filme conta-nos a história de Mia, uma empregada de mesa, aspirante a atriz famosa (Emma Stone), que conhece Sebastian um músico de jazz que vai vivendo fazendo festas de aniversário e cocktails (Ryan Gosling), com o sonho de, um dia, ter o seu próprio clube da jazz.

 

Sendo isto um musical romântico, os dois acabam por se envolver, partilhando as dificuldades do crescimento das suas carreiras, apoiando-se, e tentando ajudar-se nos momentos de desespero e dificuldades.

 

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Contudo, as dificuldades na relação começam a aparecer à medida que vai sendo evidente que os objetivos de ambos são muito diferentes, e difíceis de compatibilizar pelo casal.

 

O argumento, também da responsabilidade de Damien Chazelle, mostra-nos o percurso de vida dos nossos dois protagonistas, até um ponto onde ambos se reencontram, anos mais tarde, e onde reanalisam o que poderia ter sido a sua vida em comum.

 

A realização juntamente com as prestações dos dois protagonistas, são irrepreensíveis e, a sua qualidade, permite-nos perceber as agruras do crescimento profissional num meio extremamente competitivo e exigente, e como os objetivos profissionais podem ser incompatibilizados com os pessoais, destruindo uma relação.

 

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Pessoalmente, não somos grandes apreciadores de filmes musicais mas, podemos dizer que este é um daqueles filmes que vai crescendo em nós após a sua visualização, sendo que, acaba por ser uma experiência muito agradável e interessante.

 

Damien Chazelle, sendo baterista, tem uma especial predileção pelos filmes musicais, tendo já mostrado os seus créditos no oscarizado Whiplash - Nos Limites (2014) e, neste caso, essa relação é por demais evidente, sendo que a música utilizada acaba por ser parte integrante de cada um dos personagens.

 

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De mencionar também a cinematografia que nos apresenta uma palete de cor muito anos 80, colorindo o musical de um conjunto de cores vivas reforçando os objetivos da cada protagonista, através da fotografia.

 

Em suma, no Sessão da Meia Noite apreciámos muito este filme, não tanto como a crítica generalizada que o colocou nos píncaros mas, como um boa história de amor, contada de um modo muito competente, onde a música e a cor são componentes essenciais para o seu sucesso.

 

Classificação SMN: 7/10

 

 

Mr. Morgan's Last Love

Um ator que é muito apreciado no Sessão da Meia Noite e que, por si só, pode-nos levar a ver um filme é Michael Caine. O ator octogenário continua a mostrar as suas qualidades inatas para a representação no filme que hoje comentamos.

 

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Mr. Morgan's Last Love - A Última Paixão do Sr. Morgan, 2013, de Sandra Nettelbeck, com Michael Caine, Clémence Poésy, Justin Kirk, Jane Alexandre, Gillian Anderson, Richard Hope, Anne Alvaro, Michelle Goddet.

 

O argumento do filme é adaptado do muito premiado romance de Françoise Dorner "La Douceur Assassine", e conta-nos uma história sobre a vida após a perda de uma companheira de vida.

 

Michael Caine é Matthew Morgan, um professor de filosofia reformado, americano, que vive em Paris, após o falecimento da sua muito amada companheira Joan Morgan (Jane Alexander).

 

Falando só poucas palavras do francês, Matthew vai levando uma vida mais ou menos solitária, e sem objetivos, vagueando no grande apartamento que era do casal, e somente mantendo algumas rotinas.

 

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Mas tudo isto muda quando Matthew conhece Pauline Laubie (Clémence Poésy), uma professora de dança, que se mostra atenciosa para com ele, talvez até carinhosa, comportamentos esses que aguçam a curiosidade de Matthew.

 

Uma tentativa de suicídio mal sucedida de Matthew, leva à introdução na história dos filhos de Matthew: Karen (Guillian Anderson) e Miles (Justin Kirk), que questionam os motivos da atenção de Pauline a Matthew, acusando-a que querer aproveitar-se dele.

 

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O filme é construído através da crescente amizade entre Matthew e Pauline, da estranha dinâmica familiar entre pai e filhos, e das inter-relações pessoais entre todos.

 

No entanto, o maior ênfase vai para a prestação de Michael Caine que, com a sua qualidade de representação, consegue elevar a um patamar acima da média este filme que, de outro modo, seria muito mediano.

 

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A realizadora, experimentada na escrita de argumentos românticos, conseguiu criar um conjunto de relações que conseguem puxar pelos sentimentos do espetador, misturando o carinho com o amor, a incompreensão com o ressentimento, o desinteresse com a alienação.

 

De mencionar também a muito boa composição de cinematografia que nos permite acompanhar os passos dos nossos protagonistas através da ruas e jardins de Paris, aproveitando a beleza da cidade luz.

 

No Sessão da Meia Noite, apreciámos especialmente este filme pela modo como é tratada e desconstruída com naturalidade a necessidade de um luto saudável para a continuação e uma vida feliz e produtiva.

 

Classificação SMN: 9/10

 

 

O Matador de Marcelo Galvão

No passado dia 9 de novembro estreou o primeiro filme produzido pela plataforma Netflix com um ator português como protagonista. Sob a batuta do realizador Marcelo Galvão, este filme é um marco na história do cinema de língua portuguesa moderno, pela sua relevância e abrangência.

 

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O Matador, 2017 de Marcelo Galvão, com Diogo Morgado, Maria de Medeiros, Thalia Ayala, Will Roberts, Phil Miler, Etienne Chicot, Mel Lisboa, Deto Montenegro, Thais Cabral, Paulo Gorgulho.

 

Este filme é um western brasileiro, passado no interior do Estado de Pernambuco, naquilo que ficou conhecida como a época do Cangaço, entre 1910 - 1940.

 

O realizador, que também é o argumentista, apresenta-nos a história do matador Cabeleira, interpretado por Diogo Morgado, numa busca pela sua identidade e pelo homem que o criou - o matador Sete Orelhas.

 

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No interior brasileiro árido e hostil, Cabeleira é forçado a crescer e aprender as coisas da vida por si só, tomando como guia as orientações transmitidas por Sete Orelhas antes deste desaparecer no mundo.

 

A sua única vantagem é a capacidade inata em usar armas que o conduzem ao mesmo ofício de Sete Orelha, trabalhando para que quisesse e pudesse pagar pelos seus serviços.

 

A sua busca leva-o a Monsieur Blanchard (Etienne Chicot), um fazendeiro poderoso e corrupto, que contrata os seus serviços (em substituição de Sete Orelhas), mas com o qual Cabeleira virá a ter um grave desentendimento que os transformará em inimigos.

 

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O filme está carregado do pó característico do sertão brasileiro, com uma fotografia onde reina os tons laranja e castanho, e onde nos é mostrado um cenário árido e rude, capaz de moldar à sua imagem a maioria dos homens simples sem rumo, cujo exemplo último é Cabeleira.

 

Diogo Morgado faz uma excelente composição de um personagem típico da cultura brasileira, onde o distanciamento cultural não se nota, transparecendo somente uma aposta ganha no seu talento.

 

Curiosamente, Maria de Medeiros também faz uma pequena aparição no filme como a esposa de Monsieur Blanchard, uma francesa de gema no meio do Sertão poeirento, como um oásis no meio do deserto.

 

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A história tende a ser um pouco confusa, muito por causa do excesso de personagens algo perdidos por vezes, e talvez inconsequentes, gritando por mais significado.

 

Apesar disso, o filme revelou-se uma boa experiência, como um bom exemplo da filmografia contemporânea brasileira, onde o realizador Marcelo Galvão consegue moldar um conjunto, aparentemente, heterogéneo de atores num conto consistente com a história recente do Brasil.

 

 

Classificação SMN: 7/10    

Narcos - Temporada 3

A muito aguardada terceira temporada de uma das nossas séries favoritas - Narcos, estreou no passado dia 1 de setembro na plataforma Netflix, e nós no Sessão da Meia Noite, não descansámos enquanto não vimos todos os 10 episódios.

 

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Narcos - Temporada 3, 2017, de Carlo Bernard, Chris Brancato e Doug Miro, com Pedro Pascal, Damian Alcázar, Alberto Ammann, Francisco Denis, Pêpê Rapazote, Matias Varela, Javier Cámara, Andrea Londo, Eric Lange, Kerry Bishé, Michael Stahl-David, Matt Whelan, Arturo Castro, Sebastián Eslava, Miguel Ángel Silvestre, Juan Sebastián Calero, Juan Pablo Shuk, Brett Cullen, Edward James Olmos, Carlos Camacho, Tatiana Vargas.

 

A morte de Pablo Escobar no final da temporada 2, forçava uma mudança de cenário e, mantendo a consistência das temporadas anteriores, os produtores decidiram-se pela lógica, e assumiram a história do Cartel de Calí que, na realidade, também assumiu o vazio deixado por Pablo Escobar.

 

No final da década de 80 do século XX, o Cartel de Calí separou-se de Pablo Escobar e passou a atuar sozinho nas redondezas da cidade de Calí e no Vale do rio Cauca na Colômbia.

 

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Com uma liderança a quatro mãos: Gilberto Rodriguez Orejuela (Damian Alcázar), Miguel Rodriguez Orejuela (Francisco Denis), José Santacruz Londoño (Pêpê Rapazote), Helmer Herrera Buitrago (Alberto Ammann), controlava as atividades ilegais que Pablo Escobar não detinha.

 

A retirada de cena de Pablo Escobar em 1993, proporcionou a Calí a tomada do seu lugar na frente do comércio mundial de cocaína.

 

A terceira temporada de Narcos foca a subida ao poder no mundo do crime e do tráfico de cocaína do Cartel de Calí, e a sua queda, com o auxílio do sempre esforçado e insistente agente Peña (Pedro Pascal), a lutar contra o crime, a corrupção e a política, simultaneamente.

 

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A morte de Pablo Escobar trouxe uma promoção a Javier Peña, que ficou o responsável máximo do DEA na Colômbia.

 

Com a saída de cena do agente Steve Murphy, Peña recrutou dois agentes ansiosos por ajudar, Chris Feistl (Michael Stahl-David) e Daniel Van Ness (Matt Whelan), inconformados pela lentidão da justiça colombiana, pela corrupção reinante e pela política que sempre favoreceu os cartéis.

 

Estes dez episódios mostram-nos um agente Peña mais emocional mas sempre focado no seu objetivo, alargando a sua história às suas raízes familiares e afetivas, e ao porquê da sua ida para a Colômbia.

 

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O registo dramático documental das duas primeiras temporadas foi mantido nesta e, toda a violência inerente a este tipo de narrativa é-nos apresentada de um modo rude e frontal mas contextualizado e adornado com excelentes performances.

 

De destacar a qualidade das interpretações de Pedro Pascal como o incansável agente Peña, Damian Alcazár no papel do todo poderoso líder máximo do cartel Gilberto Orejuela, Matias Varela como o responsável de segurança do cartel Jorge Salcedo.

 

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No entanto, não podíamos deixar de destacar a participação, ainda de pequena mas definitivamente marcante, do "nosso" Pêpê Rapazote como "Chepe" Santacruz-Londoño o implacável líder das atividades do cartel em New York.

 

No geral, esta temporada manteve a qualidade das anteriores, e não desiludiu, numa altura em que a necessária alteração de contexto não era fácil, os produtores conseguiram manter-nos interessados e agarrados à televisão até ao último episodio.

 

No Sessão da Meia Noite mantemos a nossa aposta nesta série, esperando ansiosamente pela quarta temporada.

 

 

Classificação SMN: 10/10

Death Wish - O Justiceiro da Noite

A década de 70 do século XX foi uma incubadora para diversos tipos de cinema, que se vieram a desenvolver ao longo dos anos, até aos dias de hoje.

 

Hoje falamos de um desses exemplos, mais propriamente do filme que criou a personagem do arquiteto Paul Kersey que, de algum modo, veio emparelhar com Dirty Harry no cinema de ação.

 

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Death Wish - O Justiceiro da Noite, 1974, de Michael Winner, com Charles Bronson, Hope Lange, Vincent Gardenia, Steven Keats, William Redfield, Stuart Margolin, Christopher Logan, Jeff Goldblum, Gregory Rozakis, Christopher Guest, Olympia Dukakis, Denzel Washington (sem créditos).

 

Paul Kersey, interpretado pelo inesquecível Charles Bronson, é um arquiteto liberal em New York, que vê o seu contexto familiar destruído por um assalto violento à sua casa, onde a sua mulher e filha são brutalmente violadas.

 

O consequente falecimento da sua mulher, e o estado catatónico em que fica a sua filha, levam Paul a pressionar frequentemente as autoridades por resultados das investigações, sem grande sucesso.

 

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Paul, que originalmente era um homem pacífico, vê esta situação transformá-lo em alguém que, sem nada a perder, vai fazer frente aos criminosos que se atravessam no seu caminho, tornando-se um justiceiro na noite da cidade violenta que era New York.

 

O argumento, que é uma adaptação livre do romance policial de Brian Garfield intitulado "Death Wish", pretende mostrar, de uma forma simples, o que um conjunto de circunstâncias extremas podem fazer a um individuo que, afetivamente, perdeu tudo.

 

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Charles Bronson, com a sua pose simples e pacífica, consegue moldar na perfeição um personagem que, por debaixo de uma capa de normalidade, esconde alguém com espírito de vigilante, que se preocupa com o bem estar dos outros, numa luta contra a injustiça e a criminalidade.

 

Como contraponto ao vigilante dissimulado, temos o detetive Frank Ochoa (Vincent Gardenia) que, com uma visão diferente da revelada pelos seus colegas policiais, consegue perceber a realidade da situação, e chegar até Paul Kersey.

 

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O jogo que o realizador Michael Winner consegue criar entre os dois protagonistas é muito interessante, pois Paul não tem grande intensão de se esconder nem de ser apanhado, e Frank tem dificuldade em provar seja o que for.

 

De referir que, este filme marca o início cinematográfico da carreira de duas lendas da atualidade Jeff Goldblum e Denzel Washington mas, obviamente, em papéis pequenos. Jeff Goldblum é um dos assaltantes à casa da Paul Kersey e Denzel Washington é um assaltante que aparece numa outra cena mas que, curiosamente, nem aparece nos créditos do filme.

 

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Death Wish teve uma grande aceitação por parte do público e da crítica especializada, impulsionado pela história, pelo tipo de ação retratada, que era quase inexistente na altura, e pela boa banda sonora da responsabilidade de Herbie Hancock.

 

O contexto social americano da altura, um pouco mais negro e violento do que atualmente, também impulsionou o sucesso comercial deste filme.

 

 

O trabalho de Michael Winner foi muito valorizado, de tal modo que também veio a realizar os segundo e terceiro filmes da epopeia de Paul Kersey contra o crime, que veio a ter cinco filmes.

 

No Sessão da Meia Noite apreciámos muito este filme por si mesmo, e pelo que representa na história dos filmes de ação. Contudo continuamos a preferir Dirty Harry.

 

Classificação SMN: 7/10.

Brawl in Cell Block 99

No Sessão da Meia Noite já referenciamos por diversas vezes o talento dramático de um ator que teima em fugir aos grandes papéis – Vince Vaughn. O seu mais recente trabalho teve o lançamento comercial nos Estados Unidos a 6 de outubro e nós já vimos, apesar de ainda não ter tido estreia nacional.

 

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Brawl in Cell Block 99, 2017, de S. Craig Zahler, com Vince Vaughn, Jennifer Carpenter, Marc Blucas, Don Johnson, Udo Kier, Dan Ambroyer, Tom Guiry, Mustafa Shakir, Geno Segers, Rob Morgan, Clark Johnson, Pooja Kumar, Fred Melamed, Devon Windson, Dion Mucciacito, Willie C. Carpenter.

 

Este filme é um thriller violento, e desde já referimos que não é para todas as audiências.

 

Vince Vaughn é Bradley Thomas, um antigo boxer que não tem sido muito bem tratado pela crise económica. A sua situação agrava-se quando perde e seu trabalho e decide pedir ajuda ao seu amigo Gil (Marc Blucas) um pequeno traficante de droga.

 

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Ao mesmo tempo a sua vida familiar também não ajuda. Como resultado de uma interrupção inesperada de gravidez, a relação com a sua mulher Lauren (Jennifer Carpenter) arrefece e a distância entre os dois havia crescido, de tal modo que Bradley descobre que Lauren lhe tinha tido sido infiel.

 

Após uma descarga de raiva emotiva e brutal contra o carro de Lauren (numa excelente cena feita pelo próprio Vince Vaughn), ambos conseguem chegar a um compromisso e decidem dar uma nova oportunidade à relação.

 

A partir desse ponto a vida do casal Thomas parece correr bem, Lauren esta grávida de novo e, apesar da sua nova ocupação, Bradley demonstra ser muito competente e profissional, evitando todo o tipo de situações potencialmente perigosas.

 

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Mas todo este cenário se complica quando Gil recebe uma proposta para crescer o seu negócio, tendo para tal de se associar a Eleazar (Dion Mucciacito), um poderoso traficante mexicano.

 

Obviamente que esta situação vai correr mal, especialmente para Bradley, que se vê preso e chantageado por Eleazar, que toma Lauren como sua refém.

 

Está assim criado o enredo da história, onde Bradley ira fazer de tudo para garantir a segurança da sua família.

 

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Este thriller tem uma patine negra, escura e um pouco granulada que evidencia a violência inerente a um sistema prisional excessivamente violento e corrupto.

 

O realizador, que até à altura só tinha no seu curriculum o western "Bone Tomahawk", conseguiu criar com sucesso diversos ambientes de grande violência psicológica e física essencialmente nas cenas no interior das prisões.

 

S. Craig Zahler demonstra uma grande sensibilidade e capacidade para criar ambientes opressivos e agressivos, levando o espetador a percecionar o mundo de Bradley de um modo muito próximo e realista.

 

Mais uma vez somos conduzidos pela grande qualidade de representação dramática de Vince Vaughn, criando uma personagem forte e obstinada na salvaguarda do bem-estar da sua família.

 

 

De referir também as boas performances de Jennifer Carpenter, numa boa recuperação após a Debra Morgan de Dexter, e a frieza cruel e bastante eficaz de Don Johnson, no papel do diretor de prisão Warden Tuggs.

 

Em suma, este filme é um bom thriller sobre um homem de princípios perdido num mundo de traficantes, vinganças e prisões, que se desenvolve num ritmo crescente de violência, com um extremo bastante visual e chocante, realizado muito eficazmente de modo a passar toda a violência dessa realidade para muito próximo do espetador.

 

Classificação SMN: 8/10.

Sessão da Meia Noite integra Cambada de Críticos

O Sessão da Meia Noite viu, mais uma vez, o seu esforço de divulgação da cultura cinéfila reconhecido pelos seus pares, tendo sido convidado para partilhar os seus comentários noutro site da especialidade.

 

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Assim, a partir do passado dia 24 de outubro, o Sessão da Meia Noite passou a integrar a equipa de comentadores do sítio Cambada de Críticos.

 

Deste modo, ainda que assinados em nome pessoal, no Cambada de Críticos serão publicadas, periodicamente, textos do Sessão da Meia Noite, quer novos, quer alguns reciclados, considerados relevantes para a abrangência do Cambada de Críticos.

 

As ligações das publicações no Cambada de Críticos serão partilhadas na página do Facebook do Sessão da Meia Noite, de modo a promover uma continua divulgação do nosso trabalho.

 

Ficamos muito agradados pelo reconhecimento da qualidade do nosso trabalho, confirmando o Sessão da Meia Noite como um projeto válido e consistente em prol da divulgação da sétima arte assim como das nossas opiniões e conhecimentos sob cinema e televisão.