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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

O Herói de Hacksaw Ridge

Hoje comentamos um filme realizado por uma dos atores favoritos do Sessão da Meia Noite – Mel Gibson.

 

A sua mais recente aventura na cadeira da realizador é um filme de guerra, com caráter biográfico, sobre o desempenho do oficial médico do exército Desmond T. Doss, na batalha de Okinawa, na Segunda Guerra Mundial.

 

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Hacksaw Ridge – O Herói de Hacksaw Ridge, 2016, de Mel Gibson, com Andrew Garfield, Sam Worthington, Luke Bracey, Vince Vaughn, Hugo Weaving, Rachel Griffiths, Milo Gibson, Teresa Palmer, Luke Pegler, Ben O’Toole.

 

Desmond T. Doss foi um oficial no exército dos Estados Unidos da América, que se voluntariou para a frente de batalha, mesmo sendo objetor de consciência, devido às suas convicções religiosas.

 

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 Explicando melhor, Desmond T. Doss desejava servir o seu país numa altura da guerra, após o ataque a Pearl Harbour, numa altura em que todos os americanos se sentiam profundamente inseguros.

 

No entanto, ele queria prestar o seu contributo sem pegar em armas, contribuindo “somente” como oficial médico.

 

Obviamente que as suas convicções lhe trouxeram muitas problemas na recruta, devido à dificuldade dos seus superiores em compreender as suas atitudes, e a sua aparente obstinação religiosa.

 

Ultrapassadas as dificuldades, foi permitido ao soldado Desmond T. Doss combater na frente de batalha sem empunhar qualquer arma. Mas, ao longo do filme, vamos descobrindo que a sua maior arma era a coragem e a empatia para com os seus colegas.

 

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Nas escarpas de Hacksaw Ridge, o soldado Desmond T. Doss salvou da morte certa às mãos dos japoneses 75 soldados feridos. Por este ato de enorme coragem e valentia foi-lhe atribuída a Medalha de Honra, além de variadas outras condecorações.

 

O filme, relata diversos períodos da vida de Desmond desde a sua infância, ao alistamento nas forças armadas, à recruta e à batalha de Okinawa.

 

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Nestes relatos da vida de Desmond, interpretado brilhantemente por Andrew Garfield, o realizador mostra o porquê da força das convicções de Desmond, a sua luta por mantê-las no meio do ambiente militar que lhe era completamente hostil, e a sua valentia no campo de batalha.

 

Mas não nos enganemos! Mel Gibson mantêm-se fiel ao modo de realizar que já vimos em exemplos anteriores, criando um filme que é realista e bastante frontal na apresentação da realidade militar e do próprio teatro de guerra.

 

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As cenas de batalha são muito violentas e sangrentas, num contraponto muito inteligente com a objeção de consciência de Desmond, apresentando muitas semelhanças a uma novela gráfica, onde o som funciona na perfeição como intensificador dramático.

 

Além da prestação de Andrew Garfield, destacam-se as interpretações de Vince Vaughn (Sargento Howell) um dos melhores atores dramáticos da atualidade, Teresa Palmer (Dorothy Schutte) um grande talento à espera de um papel de maior protagonismo, e Hugo Weaving (Tom Doss) um ator sempre em alta.

 

 

Este filme excelente, e merece completamente as nomeações que granjeou na temporada dos prémios e, obviamente, os dois Óscares.

 

Classificação SMN: 9/10.

Caçadores de Cabeças por Morten Tyldum

O cinema europeu tem a qualidade de criar atmosferas completamente diferentes daquelas do mainstream americano. Isto possibilita a transmissão de sensações e realidades, diferentes da americana, criando filmes com contextos mais próximos do espetador, e até mais realistas.

 

Este tipo de sensações foram-nos transmitidas pelo filme que comentamos hoje. Um thriller de ação Norueguês, dos mais premiados internacionalmente em 2011.

 

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Hodejergerne - Headhunters - Caçadores de Cabeças, 2011, de Morten Tyldum, com Aksel Hennie, Synnøve Macody Lund, Nicolaj Coster-Waldau, Eivind Sander, Julie R. Ølgaard.

 

Baseado no obra homónima de Jo Nesbø, Caçadores de Cabeças é um thriller muito bem conseguindo, que usa o contexto Norueguês para criar um thriller violento, onde o protagonista Roger (Aksel Hennie) é um executivo de sucesso numa empresa de recrutamento, mas que tem um hobby muito especial.

 

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Roger age como um oportunista, utilizando as informações que recolhe nas entrevistas de recrutamento para arrombar as casas dos entrevistados, e furtar obras de arte, mantendo assim um estilo de vida acima daquele que o seu trabalho normal conseguiria suportar.

 

Estas grandezas, no pensamento de Roger, são essenciais para impressionar a sua mulher - Diana (Synnøve Macody Lund).

 

Contudo, o esquema de Roger começa a correr mal quando decide assaltar a casa de Clas Greve (Nicolaj Coster-Waldau), um executivo de topo que tinha na sua posse um quadro avaliado em vários milhões de coroas.

 

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O esquema bem montado por Roger não estava, no entanto, preparado para uma pessoa como Clas Greve, que é um militar de elite mascarado de executivo, e que irá ripostar com todos os meios à sua disposição, até conseguir reaver a sua pintura.

 

A busca de Clas Greve vai tornar Roger num alvo, transformando a sua vida numa fuga constante.

 

A violência das situações em que os opositores se confrontam vai escalando, até ao ponto em que se percebe que há algo mais por detrás desta perseguição, além da recuperação de uma "simples" pintura roubada.

 

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Os quadros de violência criados por Morten Tyldum são realistas, sem quaisquer sensacionalismos, moldando as vidas de Roger, Clas e Diana pelos meandros da chantagem e da quase sabotagem executiva, onde os objetivos justificam os meios.

 

Este filme tem um ritmo próprio, com momentos rápidos de ação, entremeados com silêncios e tempos calmos, onde as personagens vão construindo o elemento de suspense que aglutina todo os elementos do filme num exercício homogéneo do bom cinema europeu de ação.

 

 

No Sessão da Meia Noite gostámos bastantes deste filme, como uma lufada de ar fresco nos filmes de ação tipo "fast-food" que o cinema americano despeja no mercado europeu.

 

Classificação SMN: 8/10.

A Bela e o Monstro

Periodicamente o mundo cinematográfico, parece ficar sem ideias originais, e decide voltar a receitas antigas de sucesso. É o tempo dos reboots, remakes, enfim, cavalgando uma receita, que em tempos teve sucesso, mas desta vez com os mais recentes brinquedos tecnológicos.

 

É o caso do filme que vamos comentar hoje, sendo uma historia clássica da Disney, há muito que não tinha uma nova versão.

 

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The Beauty and the Beast - A Bela e o Monstro, 2017, de Bill Condon, com Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Josh Gad, Kevin Kline, Hattie Morahan, Haydn Gwynne, Gerard Horan, Ray Fearon, Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Natham Mack, Audra McDonald, Stanley Tucci, Gugu Mbatha-Raw.

 

O conto de fadas de A Bela o Monstro, La Belle et la Bête no original, foi escrito pela novelista francesa Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve e publicado em 1740 na sua obra La Jeune Américaine et les Contes Marins.

 

Esta história tem sido recontada e rescrita por diversas vezes ao longo dos tempos, sendo conhecidas pelo menos 16 obras relevantes sobre este tema desde o século XIX até aos nossos dias.

 

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As adaptações desta história clássica para cinema tem sido frequentes e as mais relevantes foram as seguintes:

 

. La Belle et la Bête, 1946, de Jean Cocteau e René Clément - uma versão francesa com Jean Marais e Josette Day;

. The Scarlet Flower, 1962, de Lev Atamanov - versão animada russa, produzida pela Soyuzmultfilm e restaurada pela Gorky Film Studio em 1987, muito popular na Rússia;

. Beauty and the Beast, 1962, de Edward L. Cahn - Joyce Taylor e Mark Damon asseguram os principais papeis numa versão onde o príncipe se transforma e lobisomem;

. Beauty and the Beast, 1987, de Eugene Marner - uma produção musical do Cannon Group e da Golan-Globus Productions, com John Savage e Rebeca DeMornay;

. Beauty and the Beast, 1991, de Gary Trousdale e Kirk Wise - a animação da Disney mais conhecida de todos;

. Beauty and the Beast, 1993, de Masakazu Higuchi e Chinami Namba - versão animada onde Beast era uma composição de características de diversos animais diferentes:

. Beauty and the Beast, 2005, de David Lister - uma versão viking do clássico conto de fadas;

. Spike, 2008, de Robert Beaucage - adaptação sombria, da história aos tempos modernos;

. Beastly, 2011, de Daniel Barnz - filme com Alex Pettyfer e Vanessa Hudgens com um argumento para o público adolescente;

. La Belle et la Bête, 2014, de Christophe Gans - adaptação francesa com Vincent Cassel e Léa Seydoux.

 

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O filme de 2017 é um remake da versão animada da Disney de 1991, onde os atores substituem a magia da animação, num filme musical onde Dan Stevens é a Besta e Emma Watson é Bella.

 

O argumento desta versão mostra-nos um jovem príncipe que é enfeitiçado pela sua arrogância, e que só pode ser libertado se encontrar o amor verdadeiro. A sua única, e última, oportunidade pode ser Bella, a primeira jovem mulher a visitar o palácio desde que este foi enfeitiçado.

 

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O filme é mais um exemplo da qualidade com que a Disney compõe os seus filmes, desta vez, com o recurso omnipresente dos efeitos computorizados, quer nos cenários, quer na Besta e seus companheiros enfeitiçados.

 

De um modo muito competente e harmonioso, todos os elementos do filme se conjugam para a qualidade do produto final, num exercício que não permite que algum ator se destaque, pois o objetivo é claramente o conjunto.

 

Em suma, trata-se de um bom filme, agradável de ver numa tarde em família, apesar de ser um musical.

 

 

No entanto, e sobre este tema, no Sessão da Meia Noite, continuamos a preferir a série de televisão de Ron Koslow "Beauty and the Beast", que foi exibida entre 1987 e 1990, com Ron Perlman e Linda Hamilton nos principais papeis.

 

Classificação SMN: 8/10.

Castle - Temporada 7

Uma série muito apreciada no Sessão da Meia Noite, mas que sofreu um interregno na visualização das temporadas, foi Castle. O anúncio do cancelamento da série na temporada 8, numa altura em que ainda estávamos a iniciar a sétima, funcionou como uma diminuição de interesse.

 

Contudo, tão perto do fim, não iríamos desistir e assim, juntamo-nos à nossa dupla de detetives favorita, para desvendar os final das aventuras do casal Castle e Beckett.

 

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Castle, 2014, de Andrew W. Marlowe, com Nathan Fillion, Stana Katic, Susan Sullivan, Jon Huertas, Seamus Dever, Molly C. Quinn, Tamala Jones, Penny Johnson Jerald, Maya Stojan, Arye Gross, Matt Letscher, Michael Dorn, Michael Mosley, Anne Wersching.

 

A história de Castle gira à volta de um escritor multimilionário de romances policiais (Richard Castle interpretado por Nathan Fillion) que, numa fase de bloqueio de escritor, pede ajuda aos seus amigos na policia de New York, de modo a acompanhar o dia-a-dia de uma detetive (Kate Beckett protagonizada por Stana Katic).

 

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Mas isto foi na primeira temporada. Ao longo destas sete temporadas, que perfazem 151 episódios, a nossa dupla de heróis passou do ódio ao amor, construindo uma relação de amizade que se transformou em amor.

 

Pelo meio, fomos descobrindo, e aprofundando, o conhecimento das vicissitudes das vidas de cada personagem, como a relação de Castle com a sua mãe - Martha Rodgers (Susan Sullivan) e filha - Alexis (Molly C. Quinn), o facto de Castle desconhecer quem é o seu pai, a fixação de Beckett em descobrir os responsáveis pela morte da sua mãe, a relação intermitente entre Javier Esposito (Jon Huertas) e Lanie Parish (Tamala Jones), etc.

 

Esta série, especialmente na temporada 7, sofreu um esvaziamento do plot principal que dava consistência aos argumentos dos crimes de cada episódio.

 

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Retrocedendo um pouco, na temporada 6 os argumentistas trataram de mostrar quem tinha sido o verdadeiro responsável pela morte da mãe de Beckett e de o levar perante a justiça. Este tinha sido o fio condutor da série que assim teria que achar um novo rumo.

 

Igualmente na temporada 6, Castle pede Beckett em casamento (logo no primeiro episódio) e ela aceita, sendo que este assunto é um dos sub-plots desta temporada. Convenientemente, o casamento é no último episódio da temporada.

 

Assim, na temporada 7, a linha de argumento forte, foi mais ou menos substituída por outra que saiu do casamento dos protagonistas, ou melhor dizendo, no desaparecimento de Castle antes do casamento.

 

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Ora, este tema, como chamariz dramático falhou um pouco, resultando numa temporada mais ligeira, mais cómica. A razão do desaparecimento Castle, que vai sendo descoberta aos poucos ao longo da temporada, não resultou tão bem como o plot anterior, refletindo-se numa perda de interesse.

 

O timing da comunicação do fim da série no final da temporada 8, assim como as alegadas desavenças entre os atores principais (a haver uma temporada 9, Stana Katic já não participaria por "divergências criativas") também contribuíram para a nossa perda de interesse.

 

Contudo, não foi suficiente para nos fazer descartar o final da história entre Castle e Beckett, por mais mirabolantes que fossem as suas aventuras finais.

 

 

Assim, aguardamos pela oportunidade de ver a última temporada desta série que se revelou ser uma das nossas favoritas dos últimos tempos.

 

Classificação SMN: 8/10

Guardiões da Galáxia Vol. 2

O Sessão da Meia Noite tinha, e ainda tem, expectativas grandes sobre algumas obras deste ano e, a pouco e pouco, vamos conseguindo ver os filmes, e ir fazendo os nossos comentários.

 

Desta vez foi a última obra de James Gunn, onde se mistura ficção cientifica, aventura, comédia e ação, com valores familiares e a nostalgia dos ícones dos anos 1970 e 1980.

 

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Guardians of the Galaxy Vol.2 - Guardiões da Galáxia Vol. 2, 2017, de James Gunn, com Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker, Karen Gillian, Pom Klementief, Sylvester Stallone, Kurt Russell, Elizabeth Debicki, Chris Sullivan, Sean Gunn, Tommy Flanagan., Laura Haddock, Rob Zombie, Seth Green, Molly C. Quinn, Stan Lee, Ving Rhames, Michelle Yeoh, David Hasselhoff.

 

O segundo volume das aventuras dos Guardiões da Galáxia é cronologicamente sequencial ao primeiro tomo da história, e pega um dos problemas que assola Peter Quill (Chris Pratt), que é o fato de ele desconhecer por completo quem é o seu pai..

 

Assim, após os eventos do primeiro filme, os Guardiões são agora consideramos como heróis. Numa sequência antes do genérico inicial, os Guardiões combatem uma ameaça multidimensional a uma raça que ainda não tínhamos visto - os Sovereigns.

 

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Tudo corre bem mas Rocket (Bradley Cooper), e o seu instinto de fora-da-lei, trás consigo uma lembrança não autorizada, o que fará com que os nossos heróis passem a ser alvo de uma perseguição dos Sovereigns para reaverem os seus bens.

 

Nesta fuga, os Guardiões são salvos por um ser estranho - Ego (Kurt Russell), que se apresenta como o pai desaparecido de Peter.

 

A partir deste ponto vamos acompanhando Peter na descoberta da sua descendência, que na realidade é um semideus, passando pela estranheza inicial, o deslumbramento e o confronto com a dura realidade.

 

Pelo meio, Gamora (Zoe Saldana) vai demonstrando a sua desconfiança pela facilidade com que Peter aceita a realidade de Ego ser o seu pai. Esta desconfiança é alimentada pela atitudes suspeitas de Mantis (Pom Klementief), que é uma amiga de Ego e vive com ele no seu planeta.

 

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Gamora também terá que lidar com situações afetivas complicadas desde a sua atração amorosa a Peter e a relação complicadíssima com a sua irmã - Nebula (Karen Gillian).

 

Pelo meio somos apresentados ao elemento mais fofinho do cinema dos últimos tempos: o pequeno Groot (com a voz de Vin Diesel). Como devem estar lembrados, no final do primeiro filme, Groot salva a trupe toda, de uma explosão que quase o mata mas, como ele é parte árvore, um ramo sobreviveu e foi crescendo.

 

Outro ponto de interesse deste filme são os Ravegers - uma comunidade de foras-da-lei de que Yondu (Michael Rooker) faz parte, e que nos vão dar o contexto para a real relação entre Yondu e Peter.

 

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Aqui também temos os melhores cameos de sempre (e certamente bastante caros) com as pequenas participações de Sylvester Stallone, Michelle Yeoh e Ving Rhames.

 

A história é muito envolvente e completamente compatível com o passado, focando muito as relações familiares e afetivas, com os seus problemas de expressão e as diferenças na perceção das realidades.

 

A ação é o papel que embrulha todo este presente, muito bem coreografada e na medida certa, que cumpre na totalidade as nossa expectativas iniciais.

 

O objetivo de alargar a realidade dos Guardiões com outras espécies e mais personagens é muito conseguido, uma vez que deste modo James Gunn possibilitou o enriquecimento do contexto dos Guardiões, dando mais substância e suporte à realidade fantástica dos nossos heróis.

 

 

É uma excelente filme, quase familiar, com algo que pode interessar a qualquer cinéfilo. Na nossa opinião é certamente um dos melhores filmes do ano.

 

Classificação SMN: 10/10.

Mulheres do Século XX

Um dos nomeados aos Óscares deste ano foi a última obra de Mike Mills, sobre a vida de um conjunto de mulheres, contemplando o seu modo de vida liberal na Califórnia de 1978, tentando agregar uma família sem uma figura masculina forte.

 

É de Mulheres do Século XX que vamos falar hoje.

 

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20th Century Women - Mulheres do Século XX, 2016, de Mike Mills, com Annette Bening, Elle Fanning, Greta Gerwig, Billy Crudup, Lucas Jade Zumann, Thea Gill, Waleed Zuaiter, Curran Walters, John Billingsley, Laura Wiggins.

 

Annette Bening é Dorothea Fields, uma mulher forte, à frente de uma família que luta por educar o seu filho Jamie (Lucas Jade Zumann) sem uma figura paternal. Jamie, tem muitas perguntas que Dorothea não consegue responder e socorre-se da sua amiga de infância Julie (Elle Fanning) para o ajudar a perceber as mulheres.

 

Na Santa Bárbara de 1979, mãe e filho vivem numa casa antiga, em constantes renovações, onde alugam quartos para ajudar a pagar as contas.

 

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Abbie (Greta Gerwig), a fotógrafa que está obcecada pelo movimento punk e em tratamento devido a um cancro cervical, e William (Billy Crudup), o homem dos sete ofícios, com uma grande atração por Dorothea, são os dois inquilinos da casa, que quase fazem parte da família.

 

Julie é uma amiga muito especial que, frequentemente passa as noites no quarto de Jamie, mas não quer ter sexo com ele pois tem receio que isso possa prejudicar a sua amizade. Obviamente que Jamie tem uma opinião diferente.

 

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A adolescência de Jamie faz com que as respostas de Dorothea não sejam suficientes para as suas questões e esta começa a ficar com receios de estará a perder a ligação forte que existia entre os dois.

 

Nesta encruzilhada, Dorothea pede ajuda a Julie e Abbie para que elas falem com Jamie e o tentem ajudar, e de algum modo, reabilitar a relação entre mãe e filho.

 

Esta situação, aliada às tentativas falhadas de Dorothea em encontrar um companheiro, são os componentes principais dos mecanismos do argumento, onde Annette Bening desempenha o seu papel com a mestria de uma atriz com quase trinta anos de carreira.

 

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É muito interessante ver as interações entre estas mulheres especiais, que vivem cada dia numa luta por si próprias, e pelas suas amigas, num misto de amor, amizade e compreensão, criando uma verdadeira família afetiva.

 

Uma coisa que nos pareceu estranho foi que, apesar de todos os acontecimentos relatados, as vidas das protagonistas parece seguir o seu curso sem grandes percalços, o que, em termos cinematográficos, torna o filme um pouco inconsequente.

 

 

Para a posteridade fica a qualidade das interpretações de Greta Gerwig e Elle Fanning (duas grandes esperanças para o futuro do cinema) além da já mencionada Annette Bening.

 

Classificação SMN: 7/10.

Era Uma Vez em Venice

A 16 de junho deste ano, estreou nos nossos cinemas uma comédia de ação com Bruce Willis como protagonista, ideal para o calor do Verão, sem grande necessidade de exercitar os neurónios para entender a história.

 

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Once Upon a Time in Venice - Era Uma Vez em Venice, 2017, de Mark Cullen, com Bruce Willis, John Goodman, Jason Momoa, Emily Robinson, Jessica Gomes, Famke Janssen, Thomas Middleditch, Maurice Compte, Stephanie Sigman, Adrian Martinez, Adam Goldberg, Kal Penn, Christopher McDonald, David Arquette.

 

Este filme conta-nos a história de Steve Ford (Bruce Willis) um detetive privado em Venice Beach, Califórnia (não é em Veneza não!). Curiosamente Steve também é skater e surfista (?!), algo que nos parece um pouco deslocado para Bruce Willis, mas enfim.

 

Steve vai ter que utilizar as suas melhores capacidades de detetive para descobrir o seu cão Buddy que, no meio de algumas confusões e mal-entendidos, ficou nas mãos de um traficante de droga.

 

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Pelo meio de circunstâncias improváveis, e até algo inverosímeis, Steve vai ter que lidar com as exigências dos traficantes de droga, é perseguido por dois irmãos Samoanos furiosos e ameaçado pelos capangas de um agiota.

 

O motivo desta busca incessante por Buddy, e das confusões em que Steve se vai metendo, acaba por ser nobre, uma vez que Buddy é um importante elo de ligação entre Steve e a sua sobrinha Taylor (Emily Robinson).

 

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No entanto, pensamos que algumas destas situações, são levadas um pouco além do razoável, removendo-lhe alguma da sua credibilidade, como por exemplo, a sequência onde Steve foge dos irmãos Samoanos, num skate, nu, pelas ruas de Venice.

 

Percebe-se que Bruce Willis está num papel que lhe é por demais conhecido e onde ele se sente confortável, onde a comédia anda de mãos dadas com a ação q.b.

 

Além do protagonista, há a destacar os desempenhos de John Goodman como Dave - o amigo bipolar e Thomas Middleditch como John - o jovem aspirante a detetive que trabalha com Steve.

 

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Na generalidade, o filme cumpre o seu papel de divertir sem complexos nem complicações. Contudo, tanta simplicidade não deixa grande margem para brilhar os nomes sonantes que têm pequenos papéis na história como Famke Janssen, Adam Goldberg, Jason Mamoa, entre outros.

 

Trata-se de um filme engraçado mas, não mais do que isso. É daqueles para ver com um balde de pipocas, e não ter pudor de rir com as idiotices alheias.

 

Classificação SMN: 6/10

 

 

Os Fugitivos de Alcatraz

Mais uma vez passaram as férias "grandes". Os dias na praia recheados de bolas de Belim terminaram. E nós, no Sessão da Meia Noite, achamos razoável voltar às lides dos comentários cinematográficos com um clássico.

 

A quinta, e última, colaboração entre Don Siegel e Clint Eastwood, materializou-se num dos melhores filmes de sempre sobre fugas de prisões de sempre, relatando a única fuga com sucesso da prisão de Alcatraz.

 

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Escape From Alcatraz - Os Prisioneiros de Alcatraz, 1979, de Don Siegel, com Clint Eastwood, Patrick McGoohan, Roberts Blossom, Fred Ward, Paul Benjamin, Larry Hankin, Jack Thibeau, Bruce M. Fisher, Frank Ronzio, Fred Stuthman.

 

Este clássico é baseado no livro de J. Bruce Campbell "Escape From Alcatraz: Farewell To the Rock" e relata a história, mais ou menos verdadeira, dos únicos três prisioneiros que conseguiram fugir, com sucesso, da prisão de Alcatraz.

 

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Morris (Clint Eastwood) é um assaltante de bancos que é transferido para Alcatraz por ter sido apanhado após ter fugido de outra prisão.

 

Identificado como alguém com QI superior à media, na "apresentação" com o diretor (Patrick McGoohan), Morris é logo advertido de que "ninguém escapa do rochedo".

 

Aos poucos, Morris vai-se integrando nas rotinas da prisão, conhecendo as hierarquias, as relações de poder, os fornecedores e as regras não escritas de uma lugar opressivo por definição e por natureza.

 

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Algum tempo depois, dão entrada em Alcatraz dois prisioneiros - os irmãos Clarence (Jack Thibeau) e John Anglin (Fred Ward), conhecidos de Morris de outras prisões, e habituados na arte de escapar.

 

Morris, sempre atento a qualquer possibilidade de escapar, desenvolve um plano que pode ter sucesso, mas precisa de parceiros para aumentar as hipóteses de sucesso, quer seja na obtenção de materiais necessários à fuga (surripiados das oficinas da prisão), seja em apoio manual propriamente dito.

 

Morris, os irmãos Anglin e o vizinho de cela de Morris - Charlie Butts (Larry Hankin), formam assim uma equipa que irá tentar por em prática os planos desenvolvidos por Morris.

 

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Pelo meio terão que debelar as rondas horárias nas celas, as contagens frequentes, as revistas aleatórias às celas e a animosidade e desconfiança de Warden que persiste numa intimidação psicológica aos prisioneiros.

 

Este filme, como muitos desta época, vive dos silêncios e da majestade das interpretações dos atores, cujas expressões dizem muito mais que muitas linhas de texto. Clint Eastwood, Patrick McGoohan, Paul Benjamin e Fred Ward têm grandes interpretações, claramente marcantes nas suas carreiras, suportando e enriquecendo este clássico do cinema contemporâneo.

 

 

Numa pequena inovação do Sessão da Meia Noite, iremos passar a introduzir nos nossos comentários de filmes ou séries, a nossa classificação, numa escala de 0 a 10, numa tentativa de dar resposta a algumas solicitações recebidas.

 

Assim aqui fica a primeira avaliação:

Classificação SMN: 10/10.