Gringo: The Dangerous Life of John McAfee
A maior parte dos génios informáticos da atualidade mantiveram-se ativos, de uma maneira ou outra, permanentemente ao longo das suas carreiras.
Este não foi o caso de John McAfee. O documentário que aqui apresentamos foca-se numa parte da vida deste génio informático, longe da tecnologia, mas cheio de mistério e comportamentos estranhos, nomeadamente a seu tempo de auto-exílio no Belize.
Gringo: The Dangerous Life of John McAfee, 2016, de Nanette Burstein, com Allison Adonizio, Nanette Burstein, John McAfee.
Este documento surge das notícias controversas acerca de comportamentos estranhos e potencialmente criminosos de John McAfee durante a sua estadia na América Central.
Mas afinal quem é John McAfee?
Qualquer utilizador informático de hoje em dia dificilmente não ouviu falar dele, ou então utilizou um software com o seu nome.
John McAfee foi o génio criador do primeiro software antivírus comercial do mercado. Para continuar a desenvolver e comercializar o seu produto, John criou em 1987 a McAfee Associates, que ele geriu até e 1997, altura em que foi forçado pelos restantes acionistas a vender as posições na empresa.
A partir deste ponto John parece ter-se desligado do mundo informático. O documentário não aprofunda estas questões mas refere que, nessa altura, John ter-se-á dedicado à meditação e ao ioga.
Por alturas de 2009, John muda-se para o Belize, mais propriamente para a ilha de San Pedro, um local de águas límpidas e quentes, pacífico, calmo e muito aberto à instalações de expatriados ricos.
Deste ponto em diante, a informação que o documentário analisa é obtida através de testemunhas, uma vez que nos muitos e-mails trocados com John McAfee ele nunca aceitou ser um participante ativo.
Os relatos das testemunhas revelam uma personalidade excêntrica que, sob uma capa de humanitário, generoso e altruísta, esconde um manipulador exímio, perigoso, capaz de cometer crimes impunemente numa sociedade débil e algo depauperada que era o Belize.
John McAfee foi ligado a dois homicídios sem que a polícia do Belize nunca o tivesse sequer interrogado.
Após este período duvidoso da sua vida, John tentou se reinventar, voltando para os Estados Unidos em 2013, sendo inclusivamente candidato à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Libertário (contudo perdeu nas primárias).
O documentário apresenta uma versão dos factos que não deixa John bem na fotografia, e que acaba por ser comprovada, até certo ponto, através dos e-mails trocados entre John e a produtora Nanette Burstein.
Mostra-nos uma personalidade excêntrica, algo negra, que em tempos foi genial, e que levou as suas vontades sempre à frente das de todos os outros. Algo que não é refutado por John McAfee devido às suas recusas insistentes de participar, chegando até às ameaças.
Disponível entre nós na plataforma Netflix, este documentário vale a pena ver para se perceber que a genialidade também tem um lado negro e perigoso.