Manchester by the Sea
Na saga inevitável dos comentários dos grandes nomeados nesta temporada de prémios, e com os Óscares à porta, o Sessão da Meia Noite apresenta as suas opiniões acerca do último filme de Kenneth Lonergan.
Manchester by the Sea, 2016, de Kenneth Lonergan, com Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges, Susan Pourfar, Ruibo Qian, Gretchen Mol, Tom Kemp, Tate Donovan, Josh Hamilton, Anna Barysnikov, Heather Burns, Matthew Broderick.
No Sessão da Meia Noite tínhamos uma grande expectativa sobre este filme, uma vez que é uma obra fora dos grandes estúdios, com um orçamento relativamente baixo e que, aparentemente, nos apresenta uma história de pessoas reais, baseada em sentimentos e vivências mundanas.
Podemos dizer que este é um filme "lento", ou seja, que ao longo das suas 2h17m vamos descobrindo, a pouco e pouco, a razão de ser de toda a história e o pathos de cada personagem.
Lee Chandler - Casey Affleck, é um homem fechado em si mesmo, com um trabalho de porteiro/zelador de quatro prédios próximos de Boston, pouco simpático e com óbvias dificuldades de relacionamento com os outros. Desde logo parece carregar o mundo às suas costas.
Esta sua rotina medíocre é interrompida com o falecimento inesperado do seu irmão Joe Chandler (Kyle Chandler) e o facto de Lee ser nomeado o tutor do sobrinho. Esta situação que, aparente seria de união familiar, vem por a tona os fantasmas de Lee e a razão do seu comportamento.
Uma tragédia familiar com responsabilidades graves do lado de Lee fizeram com que ele saísse da terra onde sempre havia vivido - Manchester-by-the-Sea, mudasse por completo as suas rotinas e se fechasse para o mundo, pois nunca foi capaz de se perdoar pelo que havia acontecido.
Com grandes interpretações de Casey Affleck, Lucas Hedges e Michelle Willimas, este filme vive dessas performances muito acima da média, sendo que o argumento, ainda que trágico, não é tão cativante como estávamos à espera.
O filme acabou por não corresponder as nossas expectativas em grande parte devido ao personagem principal não sofrer grandes desenvolvimentos ao longo do filme. Contudo, é de realçar a boa realização e a excelente cinematografia.
O argumento parece que funciona num círculo fechado e que acaba onde começou, o que torna as duas horas de filme um pouco pesadas.
Pelas interpretações e pela boa tragédia dramática vale a pena ver este filme, no entanto, não caiam no mesmo erro que nós no Sessão da Meia Noite em elevar demasiado as expectativas pois, o mais certo, é saírem da sala de cinema um pouco desiludidos.
Das seis nomeações para Óscares pensamos que merece vencer o de Melhor Ator. Os restantes não. Há outros que nos parecem mais merecedores dos galardões. No dia 26 de fevereiro logo ficaremos a saber se a Academia partilha das nossas opiniões.