O Tigre e o Dragão
Numa volta pelos títulos premiados, o Sessão da Meia Noite viu recentemente uma das obras mais reconhecidas de Ang Lee. Estreado em 2000, esta co-produção entre Taiwan, Hong Kong, China e EUA, venceu quatro Óscares da Academia para Melhor Cinematografia, Melhor Banda Sonora, Melhor Direção Artística e Melhor Filme Estrangeiro, num total de dez nomeações.
Crouching Tiger, Hidden Dragon (Wo Hu Cang Lang) - O Tigre e o Dragão, 2000, de Ang Lee, com Yun-Fat Chow, Michelle Yeoh, Ziyi Zhang, Chen Chang, Sihung Lung, Pei-Pei Cheng.
A ação do filme decorre na China da Dinastia Qing, durante o 43º ano do reinado do Imperador Qiandong (1779), e conta-nos a história de Li Mu Bai (Yun-Fat Chow), um mestre de artes marciais e espadachim exímio da escola Wudang.
Li Mu Bai também é o guardião da Green Sword - Espada Verde, uma espada mítica usada somente pelo mestre mais experimentado no estilo Wudang.
A história de Li Mu Bai é em tudo acompanhada por Yu Shu Lien (Michelle Yeoh), também mestre Wudang, que sempre acompanhou Li Mu Bai nas suas batalhas, protegendo a sua província ao serviço do governador e a sua escola.
O leque dos protagonistas fica completo com Jiao Long (Ziyi Zhang), uma jovem aprendiz, e a sua mestre Jade Fox (Pei-Pei Cheng), que tentam roubar a espada Green Sword numa tentativa de demonstrar a sua superioridade como exímias lutadoras, especialistas em artes marciais, e superiores ao estilo Wudang.
Esta necessidade partiu de Jade Fox que, em tempos passados, matou o mestre superior de Wudang, para se apoderar da Green Sword e assim subjugar todos os que acreditavam e praticavam o Wudang.
Este quarteto, tendo como fulcro central a Green Sword, forma o núcleo central do argumento numa história de luta, amor e mestria, que nos apresenta uma China de fantasia, onde os lutadores voavam, como seres com capacidades sobre-humanas.
Numa busca para recuperar a espada e obter vingança, Li Mu Bai é forçado a fazer a escolha mais difícil, numa opção cujo custo poderá ser quase incomportável.
Em algumas pontos do desenvolvimento da ação, este filme trouxe consigo lembranças felizes de uma série dos anos 80 - Os Jovens Heróis de Shaolin (Ying hung chut siu nin) sobre as aventuras de três alunos do templo de Shaolin, com as suas coreografias muito típicas de lutas e batalhas, numa realidade que funcionava num plano diferente do comum dos mortais.
O filme conseguiu reunir um grande conjunto de características de produção e realização, que o tornam muito acima da média dos normais filmes de artes marciais.
Estas opiniões são corroboradas pela quantidade de prémios ganhos, que não se acanham perante a relativa pequena dimensão da co-produção Chinesa, e que conseguiu vingar no mercado americano, como nunca tinha acontecido a um filme não americano nos Estados Unidos.
Por detrás do desejo de vingança de Li Mu Bai, existe também uma história de amor, vivido de uma forma muito platónica e encapotada, que acaba por ser um subterfúgio da cronologia principal,contudo sempre presente, ainda que nunca seja frontalmente demonstrado.
Este filme demonstra que a qualidade não tem nacionalidade, e que devemos sempre abordar os títulos de mente aberta, e prontos a sermos surpreendidos, pois os resultados podem ser muito positivos.
O filme é obrigatório não só para quem gosta de artes marciais, mas também por quem gosta de histórias de amor e, obviamente, para todos os apreciadores de bom cinema.