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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Star Wars - Go Rogue Capítulo 3

Aqui fica o terceiro capítulo da mini história Go Rogue, onde os brinquedos ganham vida para salvar os povos oprimidos do jugo do Império.

 

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Desta vez, os Rebeldes procuram a segunda parte do livro de instruções no planeta Eadu, mas o Império consegue chegar primeiro.

 

Será que os Rebeldes serão capazes de ludibriar o malvado Director Krennic e ficar com as instruções?

 

Terão que ver para saberem como se desenvolve a história.

 

 

Serra Pelada - A Lenda da Montanha de Ouro

Um dos objetivos dos documentários é ajudar-nos a compreender os porquês dos comportamentos sociais dos diferentes povos, numa tentativa de aprender com os nossos erros e melhorar a nossa atuação futura.

 

É de um documentário deste tipo que o Sessão da Meia Noite vai falar hoje.

 

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Serra Pelada – A Lenda da Montanha de Ouro, 2013, de Victor Lopes, escrito por Maurício Lissovski e Victor Lopes.

 

Serra Pelada é um documentário brasileiro de 2013, com o patrocínio da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Ministério da Cultura Brasileiro, Ancine, Petrobás e TVZero, que nos apresenta a última grande corrida ao ouro do século XX.

 

Nos finais da década de 70 do século XX, Serra Pelada era somente um pedaço de terra, com uma serra, sem grande valor, na Fazenda das Três Barras, no sudoeste do estado brasileiro do Pará, no Brasil, nas áreas marginais da Amazónia.

 

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No início dessa mesma década, já haviam sido descobertas, nas proximidades da Fazenda, importantes jazidas de ferro, pelo que havia indícios geológicos da possível ocorrência de outras mineralizações relevantes. No entanto, na Fazenda das Três Barras (propriedade de Genésio Ferreira da Silva) o dia-a-dia era o de uma normal exploração agropecuária brasileira.

 

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Contudo, nos finais de 1979, é descoberta à superfície do terreno, uma pepita de ouro, por um dos funcionários da fazenda.

 

A notícia desta descoberta correu rapidamente e, a meados de 1980, cerca de 20.000 a 30.000 garimpeiros, vindos de todo o norte do Brasil, estavam no local à procura do El Dourado anunciado.

 

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O garimpo original era num barranco vizinho à serra (Serra Pelada), onde mais tarde também foi descoberto ouro.

 

De um dia para o outro, literalmente (de acordo com os testemunhos dos locais), a serra, que tinha vegetação amazónica, foi limpa de qualquer tipo de coberto vegetal e preparada para a exploração.

 

Nasceu assim o nome de Serra Pelada (serra nua) para a maior mina de céu aberto de trabalho manual do mundo.

 

Este documentário mostra-nos as raízes de Serra Pelada e como esta evoluiu até ao seu declínio e eventual encerramento em 1992.

 

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Sem um narrador para nos guiar no meio desta história do final do século XX, somos confrontados com a brutalidade e dureza dos trabalhos executados sem o recurso a qualquer tipo de mecanização, através dos relatos de antigos garimpeiros, e outros importantes intervenientes no processo de exploração que, ainda hoje, não está totalmente concluído.

 

A riqueza permitiu a criação de uma nova cidade – Curiónopolis, que, no seu auge em 1985, tinha todos os serviços e assistência como uma qualquer cidade “desenvolvida”.

 

Através do Coronel Curió – prefeito de Curiónopolis, percebemos como o governo brasileiro foi montando um controlo, ainda que por vezes fosse aparente, sobre os garimpeiros, gentes de pouca formação, que também eram usados quando eleitoralmente era conveniente.

 

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Serra Pelada é um marco na história de indústria mineira mundial, pois foi a maior jazida de ouro superficial do mundo.

 

Até ao fecho do garimpo em 1992 foram extraídas 43 toneladas de ouro de uma mina que começou como uma serra com cerca de 140 metros de altitude e terminou como um lago com mais de 150 metros de profundidade.

 

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O documentário é riquíssimo pelos testemunhos que presta ao trabalho em condições sub-humanas dos garimpeiros que, de livre e espontânea vontade, apostavam tudo pelo brilho distante de uma pepita de ouro.

 

Fortunas fizeram-se e perderam-se aqui contadas pelas vozes dos próprios. O relato mais marcante é o do garimpeiro José Mariano dos Santos – o Índio, que, ao longo dos anos conseguiu extrair 1.183 kg de ouro, valendo aproximadamente 147 milhões de reais (cerca de 40 milhões de euros).

 

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O triste desta história é que a natureza das pessoas nunca se altera e o Índio torrou o dinheiro todo em apenas três anos. Na altura das filmagens do documentário, o Índio ainda continuava no garimpo, pobre, à procura da próxima pepita. José Mariano dos Santos acabou por faleceu em 2015, com 61 anos, vitíma de um derrame cerebral associado a hipertensão arterial, sem a pompa com que viveu o luxo de todo o ouro que encontrou.

 

Este pedaço da história brasileira apresentado pelo documentário Serra Pelada chega-nos com uma força enorme e uma frontalidade brutal, num registo com uma qualidade muito acima da média, onde vemos claramente o que o Homem é capaz quando cegado pelo brilho de uma pedra dourada.

 

 

Os interessados e curiosos sobre esta experiência social extrema, reflexo de um mundo cheio de contrastes,  podem ver o documentário aqui

Leap Year - Tinhas Mesmo Que Ser Tu

Aqui vai mais uma comédia romântica para a coleção do Sessão da Meia Noite.

 

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Leap Year - Tinhas Mesmo Que Ser Tu, 2010, de Anand Tucker, com Amy Adams, Matthew Goode, Adam Scott, John Lithgow, Tony Rohr, Pat Luffan.

 

Este filme roda à volta do misticismo pagão de uma coisa estranha que os anglo-saxónicos chamam de leap year, e que nós tratamos simplesmente por .... ano bissexto.

 

Pois é, nada mais simples.

 

Assim temos Anna (Amy Adams) que tem um namorado de longa data com Jeremy (Adam Scott) que não mostra grande interesse em casar e cuja relação parece ter caído numa rotina.

 

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Anna descobre que existe uma lenda do folclore popular irlandês (???) que diz que um pedido de casamento feito no dia 29 de fevereiro de um ano bissexto é uma garantia de felicidade eterna.

 

Deste modo, engendra um plano muito elaborado para que o seu namorado faça o pedido ou, de ela mesma tomar a iniciativa, se isso se revelar complicado no referido dia.

 

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Um facto que vai complicar tudo é eles morarem em New York e, na altura em questão, Jeremy tem que ir a Dublin em trabalho.

 

Decidida a concretizar o seu sonho, Anna viaja atrás de Jeremy, até à Irlanda, decidida a comprovar a veracidade da sua crença. Anna só não contava com o aparecimento de Declan (Matthew Goode) na sua vida, ou melhor dizendo, com ela a "cair" no meio da vida de Declan.

 

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Declan é um irlandês de gema, que Anna conhece à chegada à ilha, e que a vai ajudar a chegar a Dublin.

 

Como é fácil de perceber, Anna começa a reconhecer em Declan as qualidades que ela aprecia num homem e que Jeremy já não lhe mostra (mas sempre sem lhe dizer).

 

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Fica assim criado o triângulo amoroso na cabeça de Anna, que a vai fazer duvidar das suas escolhas, no meio de diversas peripécias hilariantes, para cumprir o seu calendário.

 

O realizador cumpre o seu papel, moldando o argumento numa experiência divertida e romântica para o espetador, realçando as qualidades de interpretação dos atores, especialmente de Amy Adams e Matthew Goode.

 

 

No campo das comédias românticas, o filme não trás nada de revolucionário, ou sequer novo, mas também não é demasiado repetitiva, constituindo uma boa experiência para compartilhar, com uma boa sobremesa.

O Bebé de Bridget Jones

Estreou na passada semana a mais recente parte do diário de Bridget Jones e como uma boa comédia é sempre saudável, o Sessão da Meia Noite já foi ver.

 

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Bridget Jones’s Baby – O Bebé de Bridget Jones, 2016, de Sharon Maguire, com Reneé Zellweger, Colin Firth, Patrick Dempsey, Gemma Jones, Jim Broadbent, Sally Phillips, Jullian Rhind-Tutt, Shirley Henderson, Agni Scott, Sarah Solemani, Kate O’Flynn, Emma Thompson, Ed Sheeran.

 

Esta comédia familiar, mais que conhecida da generalidade do público cinéfilo, replica um pouco a fórmula dos dois filmes anteriores, num exercício que, apesar de tudo, consegue ser interessante e divertido.

 

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Desta vez, com Daniel Cleaver fora da história, devido a um aparente e inexplicável falecimento num acidente de aviação, Bridget Jones (Reneé Zellweger) tem novamente que escolher entre dois homens para construir a sua felicidade.

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Mark Darcy (Colin Firth) está de volta à vida de Bridget, pela terceira vez consecutiva, com as suas incapacidades em expressar sentimentos e as incertezas sobre o que realmente importa na sua vida (por esta altura ele já devia saber o que quer!!!).

 

O outro vértice do inevitável triângulo amoroso é composto por Jack (Patrick Dempsey – o famoso McDreamy de “A Anatomia de Grey”), um americano que criou um algoritmo que sistematiza a compatibilidade amorosa entre duas pessoas.

 

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Num conjunto de peripécias improváveis para o comum dos mortais mas habituais na vida de Bridget Jones, ela vê-se numa situação complicada de uma gravidez, mas com sérias dúvidas acerca da paternidade da criança.

 

Esta adição à história vai ser motivo de um novo conjunto de incertezas e mal entendidos, que fazem funcionar este novo triângulo romântico como um mecanismo bem oleado de expectativas não cumpridas e enganos.

 

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Com humor inteligente e muito acessível, O Bebé de Bridget Jones tem um argumento que a realizadora conseguiu moldar de uma forma inteligente num filme interessante, e que, apesar de se repetir a fórmula geral dos anteriores, não dá a sensação de repetição.

 

Este filme é uma experiência divertida, onde podemos ver os protagonistas de sempre, um pouco mais velhos (Bridget faz 43 anos), mas com os mesmos gestos e personalidades.

 

 

Apesar desta versão de Bridget também ter um final feliz, desengane-se quem pensa que o Diário será fechado definitivamente aqui. Mas para saberem mais terão que ir ver o filme.

 

É um momento muito bem passado!!!

Emmys 2016

Teve lugar no passado fim-de-semana a sexagésima oitava cerimónia dos Emmys. Numa cerimónia com o habitual brilho e pompa destes eventos, os principais vencedores foram “Guerra dos Tronos”, Veep” e “American Crime Story: O Caso O.J. Simpson”.

 

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Esta edição realizou-se no Microsoft Theater em Los Angeles, e foi apresentada pelo comediante e apresentador Jimmy Kimmel.

 

“Guerra dos Tronos” vê a sua qualidade uma vez mais reconhecida pela Academia Internacional de Artes e Ciências da Televisão dos Estados Unidos, onde já acumula 38 troféus, tendo ultrapassado “Frasier” por um galardão.

 

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Desta vez venceu nas categorias de melhor série dramática, melhor realização e melhor argumento.

 

Na área da comédia, “Veep” foi o grande vencedor pelo segundo ano consecutivo, e a sua protagonista Julia Louis-Dreyfus ganhou a categoria de melhor atriz de comédia pelo quinto ano consecutivo. Tornou-se assim a atriz mais galardoada de sempre da história dos Emmys.

 

 

 

No campo masculino Jeffrey Tambor venceu o prémio de melhor ator cómico pela sua presença em “Transparent”.

 

Nas atuações dramáticas os prémios foram para Rami Malek em “Mr. Robot” e Tatiana Maslany em ”Orphan Black”.

 

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Apesar de tudo, a série mais premiada da noite foi “American Crime Story: O Caso O.J. Simpson”, conquistando os troféus para melhor minissérie, melhor ator (Courtney B. Vance), melhor atriz (Sarah Paulson) e melhor ator secundário (Sterling K. Brown).

 

 

Flawless - Estratégia Brilhante

Há filmes que nos são perfeitamente desconhecidos mas que, quando estamos no sofá, sem nada de especial para ver, e eles nos passam pelo écran, acabam por nos despertar a curiosidade e nos agarrar até ao fim. Este é um desses casos.

 

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Flawless - Estratégia Brilhante, 2007, de Michael Radford, com Demi Moore, Michael Caine, Lambert Wilson, Joss Ackland.

 

Na Londres de 1960, Mr. Hobbs (Michael Caine) trabalha nas limpezas à 16 anos, na London Diamonds Corporation, próximo dos cofres onde estão guardadas as maiores reservas de diamantes lapidados do mundo.

 

De um modo quase invisível, Mr. Hobbs segue a sua rotina diária observando tudo e todos, ganhando um conhecimento quase perfeito sobre o funcionamento da empresa.

 

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Num momento em que deteta um ressentimento de uma diretora da empresa - Miss Laura (Demi Moore), que é ultrapassada numa promoção, Mr. Hobbs percebe que poderá facilmente ganhar uma aliada para um golpe (furto de diamantes) que poderá trazer satisfação a ambos.

 

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O furto ocorre sem que ninguém se aperceba do facto, ao que se segue uma exaustiva investigação, uma vez que está em causa a queda do mercado mundial de diamantes.

 

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Num conjunto de grandes peripécias que vão conduzir ao pagamento de um "resgate" pela devolução dos diamantes, Mr. Hobbs e Miss Laura vão conseguindo iludir os investigadores.

 

Michael Caine e Demi Moore fazem um dupla surpreendente, que resulta muito bem na tela, ele como o velhote da limpeza totalmente insuspeito e ela como a executiva que se faz parecer menos inteligente do que na realidade é, para não ser ainda mais prejudicada no seu trabalho.

 

O golpe aparece na história como um meio para ambos os protagonistas se vingarem da empresa à sua própria maneira, uma vez que "... a maior parte dos furtos não tem nada a ver com dinheiro...", como nos diz Mr. Hobbs.

 

Aos poucos vamos percebendo as motivações de ambos naquele que seria o maior golpe da história na indústria dos diamantes.

 

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Este filme, que chegou a estrear em Portugal em 2009, é uma pérola escondida, com muito boa realização e grandes interpretações do casal de protagonistas, assim como de um ator secundário muito querido pelo Sessão da Meia Noite: Joss Ackland.

 

Numa noite, sem planos definidos, este filme não desilude, mostrando mais uma vez que Michael Caine é um excelente ator, e que Demi Moore tem sido algo "mal-tratada" pelos estúdios e pela opinião publica, devido às suas escolhas.

 

O Sessão da Meia Noite aconselha este filme, sem receios destes 108 minutos de suspense e humor, sobre o mundo dos diamantes na Londres de 1960.

 

 

Star Wars - Go Rogue Capítulo 1

A máquina de marketing da Disney, relacionada com o universo Star Wars, continua na promoção do próximo filme da saga – Star Wars Rogue One, desta vez com uma série de vídeos cómicos que irão ser disponibilizados na rede durante o mês de setembro.

 

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A ideia original, chamada Go Rogue, é uma iniciativa da Lucasfilms e da agência criativa Tongal que, em colaboração com diversos fãs especiais de Star Wars, criaram uma série de pequenos vídeos, em stop-motion, com diversos produtos de merchandising deste próximo filme.

 

Os vídeos juntam personagens e veículos da Hasbro, The LEGO Group, JAKKS Pacific, Mattel e Disney, num argumento onde os heróis tentam obter as instruções de construção da Death Star que foram perdidas pelo Império.

 

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Esta iniciativa encerra em si um concurso disponibilizado aos fãs da série que terão a possibilidade de criar os seus próprios vídeos e inscreve-los num concurso onde o prémio mais importante é a participação numa antestreia exclusiva de Rogue One.

 

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Desenganem-se, contudo, quem já estava a pensar em argumentos alternativos pois este concurso só está disponível para América, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Paciência....

 

Fica aqui o primeiro capítulo hilariante desta homenagem a uma das maiores sagas do cinema contemporâneo.

 

 

Narcos - Temporada 1

As novas plataformas de comunicação fazem chegar até nós um mundo novo de séries e filmes que fogem aos padrões habituais dos grandes estúdios e cadeias de televisão. O Netflix é disso exemplo, e desta vez o Sessão da Meia Noite apresenta a primeira temporada de uma das suas séries mais populares.

 

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Narcos – Temporada 1, 2015, de Carlo Bernard, Chris Brancato, Doug Miro e Andrew Eckstein, com Wagner Moura, Boyd Holbrook, Pedro Pascal, Paulina Gaitan, Joanna Christie, Raúl Méndez, Manolo Cardona, Diego Cataño, Jorge A. Jimenez, Bruno Bichir, Danielle Kennedy, Maurice Compte, Luiz Guzmán, Gabriela de la Garza.

 

Como nota introdutória, no Sessão da Meia Noite não tínhamos grande interesse nesta série quer pelo tema que focava – o tráfico de droga a partir da Colômbia, quer pela violência que continha.

 

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No entanto, toda a publicidade feita nos media da especialidade e nos blogs de cinema sobre a sua qualidade, levou-nos a um ver para crer.

 

As expectativas não foram frustradas e Narcos, nesta sua primeira temporada, revela-se muito acima da média (que hoje em dia já é alta), apresentando uma narrativa contemporânea sobre a vida de Pablo Escobar, que faz parte da história recente de todo o mundo ocidental.

 

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A série realizada e produzida pela mão de José Padilha, o brasileiro responsável pelos filmes Tropa de Elite (2007) e Tropa de Elite 2 (2010), e apresenta-nos Pablo Escobar num registo quase biográfico, construído a partir dos testemunhos dos dois agentes do DEA - Drug Enforcement Agency (Steve Murphy e Javier Peña) que acompanharam e participaram em todo o processo.

 

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Narcos revela-nos a história da ascensão e queda do narcotraficante mais conhecido de todos os tempos, através da perspetiva de Steve Murphy, que colaborou com as entidades colombianas na persistente caça ao homem que durou mais de 10 anos, e que levou ao seu desfecho final em 1993.

 

Mas isso é para outras temporadas...

 

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Esta primeira temporada foca as suas atividades desde os finais dos anos 1970 até 1992, quando Pablo Escobar foge da prisão La Catedral, numa altura em que o Governo da Colômbia o queria transferir de prisão, para mais tarde o extraditar para os Estados Unidos da América.

 

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Durante este período vamos percebendo o modo sanguinário e impiedoso com que Pablo construiu o seu império e criou a organização criminosa colombiana mais poderosa dos anos 1980 – o cartel de Medellín.

 

A série mostra-nos um Pablo Escobar com uma clara visão de futuro, ponderado, violento e sem medo.

 

Percebemos como foi possível o tráfico de droga para os Estados Unidos da América ter crescido de um modo sem igual no início da década de 80, e como, com o aumento do policiamento, a organização de Pablo foi tendo que encontrar métodos alternativos e engenhosos de chegar aos distribuidores Americanos.

 

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Este crescimento desmesurado trouxe lucros enormíssimos, que deram a Pablo meios inesgotáveis de continuar o seu negócio, lidar com a sua concorrência (o cartel de Cali que começou a crescer no final da década de 80) e as forças de segurança da Colômbia, sempre assessoradas pelos Estados Unidos da América.

 

A primeira temporada de Narcos tem 10 episódios e foi disponibilizada a 28 de agosto de 2015. A aceitação pelo público foi bastante positiva, acumulando excelentes críticas, juntamente com duas nomeações para Globos de Ouro (Melhor ator e Melhor Série de Televisão) e uma nomeação para um Bafta (Melhor Programa Internacional), entre outros.

 

 

Em suma, esta coprodução entre o Netflix e a Gaumont International, revela-nos uma visão quase documental da vida de Pablo Escobar, numa temporada excelente, com grandes interpretações (o Pablo Escobar de Wagner Moura é brilhante), numa cronologia muito bem construída de um modo muito original e sóbrio.

 

Apesar da violência inerente e sobejamente conhecida na história de vida de Pablo Escobar, esta série é a não perder pela sua originalidade e como documento quasi-biográfico, sobre a vida de um dos homens que chegou a estar na lista dos 10 mais ricos do mundo.

 

 Plata o Plomo? Usted Decide.

Curiosidades #6 Tom Hanks

Thomas Jeffrey Hanks, natural da Califórnia, a estrela do último filme de Clint Eastwood: Sully – Milagre no Rio Hudson, tem ascendência portuguesa por parte da mãe cuja família é toda de Portugal, nomeadamente dos Açores. O apelido original da família materna era “Fraga”, americanizado pela avó materna de Tom Hanks para “Frager”.

 

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Tom Hanks é um dos atores americanos mais reconhecido pelo público e galardoado pelos seus pares.

 

Como exemplo referimos que na década entre 1994 e 2004 foi um dos atores com mais nomeações para Óscares: quatro no total (juntamente com Sean Penn, Meryl Streep, Judi Dench e Ed Harris), tendo vencido em duas das ocasiões (mais que todos os restantes nesse período).

 

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Tipicamente vemo-lo a interpretar pessoas normais em situações extraordinárias, sendo esta a sua imagem de marca.

 

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O filme “Milagre no Rio Hudson” marca a sua estreia sob a batuta do realizador Clint Eastwood, sendo esta a segunda vez que Tom Hanks interpreta um aviador na vida real. O ator já foi Jim Lovell em Apollo 13 (1995).

 

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As notas de produção referem ainda que, o departamento de maquilhagem de “Milagre no Rio Hudson” teve algumas dificuldades surpreendentes em branquear o cabelo de Tom de modo que este fosse realista e persistente para as filmagens.

 

 

Sully - Milagre no Rio Hudson

Ontem, o Sessão da Meia Noite decidiu ir ver a mais recente obra de Clint Eastwood como realizador. Estreado a 8 de setembro em Portugal, esta obra biográfica retrata os momentos mais memoráveis da vida do piloto de aviação Chesley Sullenberger.

 

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Sully - Milagre no Rio Hudson, 2016, de Clint Eastwood, com Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney, Anna Gunn, Mike O'Malley, Jamey Sheridan, Jeff Kober.

 

Este filme reproduz os acontecimentos de 15 de janeiro de 2009, quando o Comandante Chesley "Sully" Sullenberger, após levantar voo do aeroporto de La Guardia em New York, viu o seu avião ser "atingido" por um bando de gansos, que danificaram ambos os motores do Airbus A320-214, ficando o avião sem potência.

 

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Apesar deste facto, a tripulação do Airbus da US Airways e, essencialmente o seu comandante Sully, tiveram o sangue frio para tomar as decisões que levaram a uma aterragem forçada no Rio Hudson em que todos os passageiros e tripulantes da avião sobreviveram.

 

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Não exatamente sobre o acidente ou os eventos que levaram à sua ocorrência, o filme retrata o estado de espírito do Comandante Sully após o acidente.

 

Apesar da glorificação massiva que os média americanos fizeram sobre um ato por eles considerado como heroico, num evento noticioso que correu o mundo, a investigação das entidades de segurança aeronáutica que se seguiu ao acidente, colocou em causa as ações do Comandante, questionando se teriam sido tomadas as melhores decisões.

 

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Este processo de investigação faz aparecer diversos medos e inseguranças por parte de Sully, questionando-se se teria tomado a melhor opção. Os receios de Sully iam sendo agravados pelos medos da sua mulher que, à distância, não conseguia perceber a real dimensão do que se estava a passar na mente de Sully, introduzindo-lhe preocupações acessórias ao seu já pesado estado de espírito.

 

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Num exercício muito típico de Clint Eastwood, e com argumento baseado no livro autobiográfico de Sully – “Highest Duty - My Search For What Really Matters”, o realizador consegue, com mestria, mostrar os medos e inseguranças de Sully, num contraponto onde quase todos o consideram como herói.

 

Todos os atores fazem um conjunto muito homogéneo, conseguindo colocar este filme num nível muito elevado, com muito sobriedade e profissionalismo. O Sully de Tom Hanks é bastante realista, com uma componente humana e de dever enorme, secundado com muita competência por Aaron Eckhart no papel do co-piloto Jeff Skilles.

 

Uma nota curiosa para a comissão de inquérito que é composta pelos atores Mike O’Malley, Jamey Sheridan e Anna Gunn, e que parece vacilar entre uma caça às bruxas e a glorificação de um herói, ficando por vezes sem rumo, à mercê dos resultados das avaliações e simulações da Airbus, da United Airlines e da CE Aviation/Snecma (motores).

 

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No final temos um registo biográfico e histórico com qualidade superior, num dos melhores filmes deste estilo que o Sessão da Meia Noite viu nos últimos tempos, onde a dramatização da realidade é q.b. para a construção da história, num momento importante para os Estados Unidos da América, servindo como um boost da autoconfiança para os americanos e em especial para os nova-iorquinos.

 

 

The D Train

Hoje falamos de um filme que não chegou a estrear em Portugal. Lançado nos Estados Unidos da América em maio de 2015, este filme foi nomeado pelo Grande Júri do Festival Sundance para melhor filme dramático nesse ano.

 

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The D Train, 2015, de Andrew Mogel e Jarrad Paul, com Jack Black, James Marsden, Kathryn Hahn, Jeffrey Tambor, Russel Posner.

 

O Sessão da Meia Noite foi atraído para este filme pela participação de Jack Black assim como pelo selo de qualidade atribuído por Sundance.

 

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Esta comédia dramática relata das dificuldades na organização uma reunião de liceu “high school reunion” por Dan Landsman (Jack Black), que sempre quis acreditar que tinha uma popularidade acima da média, daí ter embarcado naturalmente nesta tarefa.

 

Com o avanço dos contatos, Dan vai tomando consciência daquilo que todos os seus colegas de tarefa já sabiam. Dan não era popular, não o tinha sido nos tempos de escola, e até os seus colegas o tentam evitar.

 

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De modo a inverter esta tendência potencialmente depressiva, Dan tem a brilhante ideia de convencer o tipo mais popular no liceu – Oliver Lawless (James Marsden) a ir à reunião. Aos olhos de Dan e dos seus colegas, Oliver era um exemplo de quem havia conseguido atingir os seus sonhos (neste caso de ser ator).

 

Esta tarefa, que fará Dan viajar até Los Angeles, vai revelar-se mais complicada do que originalmente parecia, uma vez que vai por a descoberto as realidades das vidas dos dois protagonistas, longe daquilo que aparentam, confrontando-os com o facto de nenhum dos dois ter concretizado as suas expectativas de adolescente.

 

Oliver, que Dan pensava ser um ator realizado e famoso, está sem trabalho, nunca fez nenhum filme importante, não tem carreira, e vive num minúsculo apartamento, somente com a companhia das suas mágoas e algumas garrafas de álcool.

 

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Percebemos também que a frustração de Dan, e a sua vontade de ser reconhecido pelos seus ex-colegas, pode leva-lo a atos desesperados, que uma pessoa no seu normal estado de espírito não faria.

 

O filme, que no IMDb apresenta uma classificação demasiado baixa na nossa opinião, vale essencialmente pelas performances de Jack Black e de James Marsden, que personificam as expectativas frustradas de dois ex-colegas de escola de um modo muito credível e realista, ainda que com leves toques de comédia.

 

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Dan e Oliver podiam ser quaisquer dois americanos com objetivos muito altos, saídos do liceu com a ilusão de que a vida seria igualmente fácil como o liceu, e que não haveria competição à sua altura.

 

As expectativas frustradas e a necessidade de reconhecimento de mérito pelos seus iguais são os principais assuntos focados neste filme que termina por nos apresentar uma moral importante: Devemos sempre perceber quem são as pessoas que realmente importam, pois estas têm são as opiniões mais importantes para nós.

 

 

 

No fundo este filme é interessante pela mensagem que tenta transmitir e pelas performances dos atores principais, mas sofre com o argumento fraco e sem grande consequência.

Cloverfield

No início de 2008, foi lançado em Portugal uma produção a cargo da Bad Robot, onde o realizador Matt Reeves, e o produtor J.J. Abrams, nos tentam mostrar o horror de um monstro à solta numa cidade, à semelhança do culto de Godzilla na cultura Japonesa.

 

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Cloverfield – Nome de Código Cloverfield, 2008, de Matt Reeves, com Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J. Miller, Michael Stahl-David, Mike Vogel, Odette Annable, Theo Rossi.

 

Através da perspetiva de uma camcorder, o filme acompanha a história de cinco jovens nova-iorquinos, numa noite, que deveria ser de festa.

 

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Um dos amigos - Hud, fica encarregue de gravar todos os acontecimentos da festa para memória futura, no entanto, acaba por gravar uma série de eventos inesperados, que colocarão em risco as suas próprias vidas.

 

A visão através da câmara ganha uma importância maior devido ao evento central da história (plot principal), que é denunciado por uma explosão enorme que ocorre relativamente próxima do local da festa, e que irá condicionar a atenção de todos.

 

Aos poucos vamos descobrindo que o evento tem potencial de catástrofe, pois trata-se de um monstro gigantesco, que estava em hibernação no mar e, por ação da queda de um satélite, foi acordado, e vai avançando por New York a dentro, destruindo tudo no seu caminho.

 

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No meio do rastro de destruição, os amigos procuram uma outra amiga - Beth, que estava desaparecida, ao mesmo tempo que tentam fugir do monstro e dos seus “filhotes” destruidores, assim como à permanente derrocada de escombros.

 

O trabalho do realizador não foi muito difícil, pois os atores são jovens e pouco conhecidos, e não terão levantado grandes dificuldades de trabalho. Na história nota-se a mão de J.J. Abrams, no modo como os efeitos estão construídos, assim como no desenvolvimento do plot principal.

 

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A adicionar ao suspense e horror causados pela destruição, o monstro nunca é frontalmente identificado, fazendo com que o espectador nunca conheça realmente a ameaça pendente sobre os heróis.

 

Apesar de ser tecnicamente bem construído, o filme não apresenta grande terror ou medo, não indo além de alguns sobressaltos, causados essencialmente pelos efeitos sonoros.

 

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 A consequência última deste evento catastrófico, que conduz à destruição completa de New York, por ação de um instrumento chamado Operação Hammerdown, acaba também por não ter o impacto pretendido, devido ao modo como os dois plots são conduzidos no argumento.

 

 Apesar disso, o filme teve bastante sucesso de bilheteira nos Estados Unidos da América, assim como no circuito dos festivais de filmes de ficção científica, terror e efeitos visuais, onde venceu diversos prémios.

 

Este filme acaba por ser uma experiência interessante no género terror/horror (ainda que muito leve), mas sem entusiasmar muito além disso.

 

 

 

Curiosidades #5 William Hurt

No filme Uma História de Violência, 2005, de David Cronenberg, William Hurt foi nomeado para um Óscar para melhor ator secundário, apesar de só aparecer numa cena, que dura menos de 10 minutos.

 

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Apesar da forte componente de violência psicológica do seu Richie Cusack, este seu papel foi completamente gravado em apenas cinco dias.

 

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Este ator consagrado já conta no seu curriculum com um total de três nomeações para Óscares, a somar a um galardão que venceu na categoria de Melhor Ator, no filme de 1985 - O Beijo da Mulher Aranha de Hector Babenco, onde contracenava com Raoul Julia e Sónia Braga, no papel de um homossexual - Luís Molina, que se encontrava encarcerado numa prisão brasileira por ter tido relações sexuais com um menor.

 

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Uma História de Violência

No Sessão da Meia Noite sempre tivemos um especial carinho pelo trabalho do realizador canadiano David Cronenberg, especialmente pela sua habilidade em contar histórias bizarras e fora do usual, como aquela cujo comentário apresentamos de seguida.

 

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A History of Violence - Uma História de Violência, 2005, de David Cronenberg, com Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris, William Hurt, Ashton Holmes, Heidi Hayes, Peter McNeill, Stephen McHattie.

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Esta história é baseada numa novela gráfica de John Wagner e Vince Locke, e apresenta-nos um pai de família pacato - Tom Stall (Viggo Mortensen), que vive com a sua família numa pequena cidade fictícia do interior da América - Millbrook, Indiana, onde todos se conhecem.

 

Tom trabalha num café na cidade, do qual também é dono, é casado com Edie Stall (Maria Bello) que é a advogada da terra, e têm dois filhos.

 

A vida de Tom corria normalmente, sem sobressaltos ou surpresas, até à altura em que chegam à cidade dois forasteiros que tentam assaltar o café de Tom.

 

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Pressentindo que a situação poderia descambar em algo muito grave, Tom confronta os assaltantes e consegue supera-los, com aparente facilidade, sem que nenhum dos seus clientes ficasse magoado, mas matando os dois assaltantes.

 

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Imediatamente a realidade de Tom é alterada por pressão dos media, pois torna-se num herói instantâneo, com todas as cadeias de televisão local e regional, assim como os jornais, a louvarem o mais recente herói americano.

 

Contudo, estas alterações todas, trazem consigo alguns problemas que ninguém esperava. Percebemos então que Tom não foi sempre Tom, em tempos teria sido Joey Cusack, e que o seu passado poderá ter uma vertente bastante negra.

 

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A partir deste ponto, Tom terá que debelar as reações da sua família que desconhecia toda esta realidade, com os fantasmas do seu passado que teimam em tentar agarra-lo para um ajuste de contas pendente à muito tempo.

 

David Cronenberg consegue magistralmente jogar com as duas realidades de Tom, que tenta a todo o custo manter a integridade da sua família atual, ao mesmo tempo que se vai apercebendo que, inevitavelmente, o seu passado chegará até ele.

 

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O realizador teve ao seu dispor um leque de grandes atores que fazem deste filme, que na realidade é muito violento, uma excelente obra de ficção.

 

Viggo Mortensen, Maria Bello, Ed Harris e William Hurt compõem os principais personagens com grande mestria, demonstrando mais uma vez que quem sabe nunca esquece, e que é com os personagens desafiantes que os verdadeiros atores aparecem.

 

Se mais fosse preciso, a qualidade deste filme ficou demonstrada pelas nomeações para dois Óscares (melhor ator secundário e melhor argumento adaptado), para dois Globos de Ouro (melhor filme dramático e melhor atriz) e para um Bafta (melhor argumento), além de muitos outros.

 

 

Assim, apesar da dimensão da violência física e psicológica ser apreciável, o filme é muito bom, merecendo uma atenção especial dos apreciadores de histórias sobre a máfia irlandesa de Filadélfia, com um twist original.