St. Vincent - Um Santo Vizinho
Aqui no Sessão da Meia Noite gostamos de ser surpreendidos com filmes que, sem levantar grandes ondas, revelam-se agradáveis surpresas num campo onde é difícil encontrar bons filmes. St. Vincent é um agradável exemplo do género.
St. Vincent – Um Santo Vizinho, 2014, de Theodore Melfi, com Bill Murray, Melissa McCarthy, Naomi Watts, Chris O’Dowd, Terrence Howard, Jaeden Lieberher.
O filme conta-nos a história de Vincent (Bill Murray) que é um veterano da guerra do Vietname, casmurro e hedonista, aposentado, que vive sozinho em Brooklyn. A sua mulher desenvolveu Alzeimer e está internada numa casa de repouso sem o reconhecer, apesar das suas frequentes visitas.
Estas visitas são a única parte da sua vida em que Vincent se sente mais ou menos normal. De resto, acaba por beber demasiado, jogar nos cavalos, e alimentar a relação próxima que tem com uma prostituta de leste chamada Daka (Naomi Watts).
Enterrado em dívidas, e com um feitio terrível, Vincent deixou que o seu caráter afastasse todas as pessoas que o tentaram ajudar. Apesar disso, a sua vida vai sofrer alterações com a mudança para a casa vizinha de Maggie (Melissa McCarthy), uma mãe em processo de divórcio, com o seu filho Oliver (Jaeden Lieberher).
Este trio improvável, por força das circunstâncias, acaba por desenvolver uma relação curiosa, em que Vincent faz de babysiter de Oliver.
Com a sinceridade e argúcia típica de uma criança de 12 anos, Oliver acaba por ver para lá da carapaça defensiva de Vincent e descobrir uma pessoa boa e sensível por debaixo de todo o mau feitio.
Oliver é no fundo o catalisador que faz com que Vincent veja o lado positivo da vida, numa altura em que já não tinha expectativas de mudanças.
No Sessão da Meia Noite somos grandes fãs de Bill Murray e esta sua prestação só vem comprovar esta nossa opinião com mais uma interpretação de elevada qualidade de um rezingão num registo trágico-comico em que Bill é especialista.
Melissa McCarthy consegue fugir aos papéis cómicos e meio apalermados que lhe são habituais, construindo habilmente a estrutura de uma mãe séria, cuja vida pessoal se desmorona mas que tenta sempre fazer o melhor para o seu filho.
Nomeado para dois Globos de Ouro em 2015, este filme vale pelas interpretações, pela história, e pelo modo como o argumento vai sendo conduzido para um desfecho que, à partida, não esperamos e que nos apresenta uma agradável surpresa.
Numa altura em que não é fácil encontrar boas comédias, este é um excelente exemplo que foge ao humor fácil e superficial, e que faz com que os 102 minutos de filme sejam considerados como tempo bem gasto.