Bruce Lee - Big Boss O Implacável
Dando sequência à apreciação da obra cinematográfica de Bruce Lee, o Sessão da Meia Noite analisa hoje o seu primeiro filme de artes marciais, rodado em mandarim e só posteriormente dobrado para inglês para distribuição na América.
Tang shan da xiong (The Big Boss) – Big Boss O Implacável, 1971, de Wei-Lo e Chia-Hsiang Wu (omitido), com Bruce Lee, Maria Yi, James Tien, Marilyn Bautista, Ying-Chieh Han, Tony Liu, Kun Li, Nora Miao.
Este filme é o primeiro passo da abordagem revolucionária de Bruce Lee aos filmes de artes marciais.
A narrativa é levemente baseada na história real de Cheng Chiu-on que, no início do século XX, lutou contra os tiranos e criminosos na Tailândia. O reconhecimento popular de Cheng Chiu-on originou inclusivamente a construção de uma estátua à sua memória num jardim de Banguecoque.
Mas voltando ao filme, o argumento apresenta-nos Bruce Lee como Chen Chao-an (Chen) que é forçado a emigrar de Hong Kong para Banguecoque para viver com familiares. Aí o emigrante recém-chegado e começa a trabalhar numa fábrica de gelo.
Demostrando qualidades de trabalho acima da média, Chen é rapidamente promovido na hierarquia fabril, o que resulta na descoberta de que aquela organização vende um gelo muito especial.
Chen acaba por descobrir que a fábrica é somente uma fachada de uma organização criminosa que explora a venda de heroína e a prostituição como principais meios de receita. A organização é liderada por The Big Boss Hsiao Mi (Yin-Chieh Han), uma mestre de artes marciais que vive instalado num complexo bem guardado onde treina os seus capangas.
Obviamente que se trata de uma luta dos bons contra os maus e, após diversas tentativas de seduzir Chen com dinheiro e mulheres, este caí em si e confronta a organização acabando por lutar contra o The Big Boss.
O desenrolar da história torna este filme muito curioso, pois o som faz parecer que estamos a ver uma sequência cómica, ou até desenhos animados, tal é o enquadramento.
Comparativamente com a atualidade, estamos a quilómetros de distância da composição do filme mas, para o início da década de 70 isto nunca tinha sido feito antes.
Ainda que com um argumento muito básico, as cenas de luta foram coreografadas com extrema mestria, criando as bases para todos os filmes de artes marciais que se seguiram anos após a morte de Bruce Lee.
Este filme teve imenso sucesso em Hong Kong, tendo sido o filme com maior receita de bilheteira de sempre em Hong Kong até essa data. Inclusivamente conseguiu ultrapassar filmes como Musica no Coração (1965) e Tora! Tora! Tora! (1970).
Hoje em dia este filme, apesar das óbvias questões técnicas, é um excelente mostruário da qualidade de Bruce Lee como lutador de artes marciais e como coreografo de lutas, demonstrando um pouco daquilo que veríamos nos seus filmes seguintes.
Essencial para os fãs de artes marciais e de Bruce Lee.