The Rewrite - O Argumento do Amor
Poucos atores conseguem manter uma produção constante de qualidade ao longo das suas carreiras. Alguns desaparecem, outros ficam presos a um estilo específico ou a um espaço temporal, e vão desvanecendo com o tempo.
Hugh Grant é um exemplo de um ator muito conotado com um estilo específico e o seu protagonista em “The Rewrite” vai beber de novo à fonte das comédias românticas.
The Rewrite – O Argumento do Amor, 2014, de Mark Lawrence, com Hugh Grant, Marisa Tomei, J. K. Simmons, Allison Janney.
A tradução portuguesa do título induz-nos um pouco ao engano, uma vez que este filme não é um romance clássico assolapado.
Hugh Grant é Keith Michaels, um argumentista de Hollywood que, após ter vencido um Óscar pelo melhor argumento num filme chamado “Paradise Misplaced”, viu o brilho da sua carreira desaparecer aos poucos.
Com os estúdios a não aprovar as suas propostas de argumentos para filmes, Keith vê-se obrigado a aceitar uma proposta de trabalho como professor de escrita de argumentos, numa universidade de uma pequena cidade no outro lado do país (Binghampton).
Fiel crente de que não é possível ensinar a escrever, tenta levar esta sua nova realidade numa onda hollywoodesca, com desinteresse, bebida e sexo.
Pelo meio vai cometendo alguns erros, que vão sendo a parte cómica da história, e que o levam quase a ter que se demitir da faculdade.
Pelo meio, vai percebendo que há uma realidade fora de Hollywood, que a escrita afinal se pode ensinar, e que nos locais mais improváveis é possível encontrar qualidade de escrita.
Como é obvio, também há um romance de universidade entre o professor e uma aluna fora do padrão normal para os estudantes universitários. Além de sexo com uma jovem estudante, claro.
Este filme é um exercício bem realizado de uma comédia romântica ligeira, com um sotaque britânico fora de tempo, e uma dose de loucura q.b. que, como irão perceber, se encaixam muito bem.
No Sessão da Meia Noite somos fãs deste tipo de filmes, especialmente com Hugh Grant.
Este ator teve o seu pico de sucesso nos anos 90 do século XX mas depois, devido a problemas pessoais, ou a uma coisa que ninguém consegue evitar – idade, foi decaindo e quase desapareceu.
Contudo, com este filme Hugh Grant diz-nos que está vivo e de boa saúde artística, e que ainda é mestre neste tipo de personagens ligeiramente non-sense.
Este filme não ganhou nenhum prémio importante nem fará parte de qualquer lista de melhores filmes, mas é simpático e honesto, e mostra-nos que abrir os horizontes e ver além do óbvio, por vezes, pode ter resultados muito positivos.