Jackie & Ryan
Apesar das preferências fáceis de identificar no Sessão da Meia Noite, por vezes vemos alguns filmes que não nos dizem grande coisa à priori, mas que nos conseguem surpreender.
Jackie & Ryan, 2014, de Ami Canaan Mann, com Katherine Heigl, Clea DuVall, Ben Barnes, Sheryl Lee, Emily Alyn Lind.
Este drama sobre personalidades diferentes e opostas, conta a história de duas pessoas cujos percursos de vida se intersetam de um modo que irá afetar as suas vidas permanentemente, utilizando como leitmotiv uma paixão comum – a música.
Ryan (Ben Barnes) é um “wanderer” moderno (em português seria vagabundo mas o significado perde-se na tradução), que vive de tocar a sua música na rua, circulando entre cidades e casas de amigos, com o sonho de, um dia, conseguir gravar a sua música.
Jackie (Katherine Heigl) é uma cantora que, em tempos teve muito sucesso, mas que desistiu da sua carreira, por casamento ou maternidade (o argumento não especifica a razão), e agora se encontra numa situação difícil de separação, com o divórcio à vista.
Neste período complicado da sua vida, Jackie está de volta à sua terra natal de Ogden no Utah, para casa da sua mãe Miriam (Sheryl Lee – a eterna Laura Palmer de Twin Peaks). A casa tem uma vista extraordinária e melancólica que propicia à introspeção.
Coincidências ou infortúnios da vida conduziram os personagens principais a se encontrarem e a criarem rapidamente laços devido às suas histórias dramáticas e o gosto pela música.
Ryan vai ajudando Jackie a melhorar a sua auto-estima, relembrando-a das coisas boas que existem à sua volta e aquelas por que vale a pena lutar.
Por sua vez, Jackie incentiva Ryan a prosseguir os seus sonhos musicais, valorizando o seu trabalho, e as suas qualidades como pessoa.
O cenário da terra natal de Jackie, numa paisagem invernosa, carregada de lembranças, vai contribuir para que esta se sinta ainda mais indecisa sobre o que fazer no futuro.
No entanto, Ryan acaba por dar o empurrão definitivo que faz Jackie ver com clareza o que é importante para o seu futuro.
No fundo, ambas as personagens acabam por desempenhar um papel semelhante na vida um do outro.
Normalmente, quando vemos que um dos personagens do filme é Katherine Heigl, pensamos logo que se trata de uma comédia/romance ligeira e com pouca substância.
Contudo, a realizadora conseguiu passar por cima das personagens tipo a que nos habituamos a ver a protagonista desempenhar, e dar-lhe um papel de uma mulher real, com sentimentos, incertezas e dúvidas. A sua performance é muito boa assim como a de Ben Barnes.
O mais interessante deste filme é a mensagem que este nos transmite e que nos faz pensar que “cada pessoa entra na nossa vida por um motivo e com um objetivo e, quando ele está cumprido, essa pessoa segue o seu caminho.”
A mensagem em si, e o modo como ela é transmitida são motivos mais que suficientes para ver o filme que na nossa opinião não é nenhuma perda de tempo.