The Lady in the Van - A Senhora da Furgoneta
Com estreia nacional a 17 de março, hoje o Sessão da Meia Noite fala de “A Senhora da Furgoneta”.
The Lady in The Van – A Senhora da Furgoneta, 2015, de Nicholas Hytner, com Maggie Smith, Alex Jennings, Jim Broadbent.
“A Senhora da Furgoneta” conta a história, baseada em fatos reais, da amizade entre Alan Bennett (Alex Jennings) e Miss Mary Shepherd (Maggie Smith), uma excêntrica sem-abrigo que vivia na sua furgoneta e que circulava e estacionava nas ruas de um bairro de classe média alta de Londres – Camden, nos anos 1970s.
Esta amizade teve origem num sentimento de consciência social e ajuda aos mais necessitados de Alan, que os seus vizinhos não partilhavam. Esta relação algo especial faz com que Miss Mary acabe por estacionar a sua furgoneta no acesso da garagem de Alan, e aí ficar por 15 anos, usando e abusando da paciência e instalações sanitárias da casa de Alan.
Alan é um argumentista de peças de teatro, medianamente famoso, que os seus vizinhos pseudocultos e snobes tentam sempre menosprezar. Interpretado por Alex Jennings, desemprenha o papel de duas personagens diferentes, sendo uma o argumentista e outra o homem que gere todos os restantes aspetos da sua vida.
É interessante ver as cenas em que Alex faz os dois papéis, como se de um casal se tratasse, em conversas com dois pontos de vista diferentes.
Com o desenvolvimento da história percebemos que Miss Mary é na realidade Margaret Fairchild, uma antiga aluna sobredotada do pianista Alfred Contot. Apreendemos que ela viveu uma vida cheia de acontecimentos mas que acaba por sofrer por causa da sua maneira diferente de ver a vida.
Internada numa instalação psiquiátrica pelo irmão, Miss Mary acaba por fugir, numa furgoneta e, no decorrer da fuga, teve um acidente com uma mota que ela sempre pensou ser de sua responsabilidade.
Por este “pecado” ela frequentemente se “confessa”ao padre, interpretado por Jim Broadbent, numa tentativa de amenizar a sua culpa, mas sempre com os seus sarcasmos, característicos de quem não acredita muito na igreja.
Enfim, trata-se de um filme com grandes interpretações de Dame Maggie Smith (nomeada para um globo de ouro) e Alex Jennings, com um excelente ator secundário a suportar a historia – Jim Broadbent, num drama sobre os problemas da terceira idade e o fenómeno dos sem-abrigo.
Não é um filme generalista que agrade a todos os públicos mas o Sessão da Meia Noite saiu da sessão satisfeito pelas interpretações e pela competente realização de uma história real, dramática, mas ao mesmo tempo enternecedora, que nos leva a acreditar que as boas almas ainda existem e que vale a pena sempre ajudar quem precisa.