Continuando a resenha pelos candidatos aos Óscares, o Sessão da Meia Noite viu recentemente um filme que se deverá tornar num clássico de um herói por vezes pouco apreciado.
Creed – O Legado de Rocky, 2015, de Ryan Coogler, com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson.
Onze anos após Rocky Balboa, surge Creed – O Legado de Rocky, que aborda mais um pouco da vida de Rocky Balboa – Sylvester Stallone, em consonância com a linha cronológica dos filmes anteriores.
Sendo este o sétimo filme desta personagem, encontramos um Rocky envelhecido, a trabalhar no seu restaurante – Adrian’s, afastado de quase tudo relacionado com o boxe, quando é abordado por um jovem negro – Adonis Jonhson, para este o treinar.
O rapaz parece saber muito sobre Rocky, mas apesar da insistência de Adonis, este resiste.
Só mais tarde, quando Rocky percebe que Adonis é filho de Apollo Creed, seu mentor e grande amigo (que morre no ringue num combate contra o russo Ivan Drago em Rocky IV) é que ele concorda em treinar Adonis.
E assim temos uma história clássica dos filmes de boxe. Um aprendiz que precisa de orientação e treino por um mentor quase esquecido, mas de reconhecido valor.
O argumento tinha tudo para ser banal, mas o modo como o realizador (que também é o argumentista) pega na história fazendo com que Adonis construa o seu próprio nome, com o auxílio de um Rocky envelhecido, longe da influência que carrega o nome Creed, faz com que tudo se altere.
A juntar a isto as interpretações brilhantes de Sylvester Stallone e de Michael B. Jordan, temos um grande filme. É assim com toda a justiça que Sylvester Stallone esta nomeado para um Óscar para melhor ator secundário. Como também foram justas as vitórias de Stallone nos Globos de Ouro, entre outras.
Curiosamente, com esta nomeação, Stallone fica a ser o sexto ator a ser nomeado para dois Óscares em filmes diferentes mas para a mesma personagem.
Assim, Stallone junta-se a um clube de elite que conta com Cate Blanchett, Paul Newman, Al Pacino, Peter O’Toole e Bing Crosby.
A personagem de Rocky Balboa carrega em si uma pesada herança. Talvez por isso, quando leu o argumento, Stallone tenha hesitado em aceitar este projeto, pois não tinha a certeza de conseguir construir uma das suas personagens favoritas num estado muito debilitado. Para o conseguir fazer contratou um acting coach, prestando assim o devido respeito a Rocky.
Trata-se de um filme cheio de nostalgia para os fãs, comovente no modo como Rocky trata a memória do seu amigo Apollo, ou o seu filho Adonis, ou até o novo adversário com quem terá que lutar, respeitando sempre o passado, e piscando o olho ao futuro.
Apesar do ator principal ser Michael B. Jordan, que tem aqui uma excelente performance, a par do que tinha mostrado em Fruitvale Station, a alma de Rocky agiganta-se, mas sempre sem prejudicar as restantes prestações.
É um filme muito bom, com um bom argumento, realização e excelentes prestações numa fotografia que o faz jus aos filmes anteriores. O Sessão da Meia Noite espera que justiça lhe seja feita e que Sylvester Stallone vença o Óscar.