Mr. Holmes
Recentemente passou pelo Sessão da Meia Noite um filme que eu tinha muita espetativa pelo tema essencial e pelo protagonista.
Mr. Holmes de Bill Condon, 2015, com Ian Mckellen, Laura Linney, Hiroyuki Sanada e Milo Parker.
Este filme é mais um tomo na longa história do ultra famoso detetive criado pelo escritor e medico britânico Sir Arthur Ignatius Conan Doyle, na década de 80 do século XIX – Sherlock Holmes.
Neste filme Sherlock Holmes aparece-nos longe do seu habitual estado enérgico e inquisitivo, como tem vindo a ser retratado em outras obras recentes. Aqui vemos um Sherlock, com 93 anos, a lidar com o envelhecimento e a demência tentado recordar o seu último caso e uma mulher misteriosa que lhe assombra os pensamentos.
A história passa-se na década de 40 do século XX, e Holmes vive longe do bulício da sua Londres querida, numa casa no Sussex, para onde se retirou das lides detectivescas. Watson faleceu há muitos anos, e Holmes vive sem amigos próximos, somente com a governanta (Ms. Munro) e o seu filho (Roger).
A governanta Ms. Munro é uma viúva de guerra, amargurada com o seu destino, numa muito boa interpretação de Laura Linney, considera Holmes caquético e não pára de tentar mudar de emprego, algo que o seu filho é totalmente contra.
Roger – interpretado brilhantemente por Milo Parker, que apesar da sua tenra idade, foi nomeado para diversos prémios revelação, absorve todo o conhecimento que consegue espremer de Holmes, sendo que Holmes ganha afeição pelo rapaz e o toma como seu companheiro.
Na sua tentativa de relembrar o passado, Holmes recorre à escrita. Esta situação é nova para ele pois toda as suas façanhas de detetive haviam sido escritas (romanceadas) por Watson. Assim vemos Holmes em flashback com cerca de 60 anos e na sua idade atual com 93.
Estamos perante mais uma brilhante performance de Ian Mckellen, em ambas as idades, com uma excelente caracterização e guarda-roupa. A dualidade criada entre Holmes e Roger é responsável pelo desenrolar fluido do argumento num muito bom exercício de realização.
Utilizando como catalizador do argumento a criação de abelhas – atividade a que Holmes se dedica agora, vemos o crescer da relação de Holmes por Roger e o modo como esse afecto ajuda e impulsiona Holmes a escrever a sua última história que, no fundo, justifica o seu exílio auto imposto.
O argumento, que foi adaptado do livro “A Slight Trick of Mind” do autor americano Mitch Cullin, mostra-nos a dificuldade de aceitar o envelhecimento e, especialmente a perda de faculdades, que é possivel minimizar estas questões com ajuda e, que até os melhores podem falhar pois, apesar de tudo, também são humanos. Podem é ter muita dificuldade em aceitar e perceber o porque do falhanço.
É um filme de elenco minimalista, com prestações muito boas, numa visão diferente de um héroi detetive favorito de todos. Aconselho o visionamento sem reservas.