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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

The Big Short - A Queda de Wall Street

Este filme interessou-me pela nomeação aos Óscares e a quase todos os outros prémios importantes no cinema americano, e pelo leque de atores que compõem a história.

 

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The Big Short – A Queda de Wall Street, 2015, de Adam Mckay, com Ryan Gosling, Steve Carell, Christian Bale e Brad Pitt.

 

O filme pretende dramatizar uma parte importante da nossa história recente, nomeadamente o início da crise do subprime nos Estados Unidos da América em 2005 - 2008, que levou à falência de diversos gigantes financeiros como a Lehman Brothers, assim como diversos fundos de pensões, destruíndo as poupanças e reformas de milhões de americanos.

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O argumento do filme, adaptado do livro de Michael Lewis “The Big Short – Inside the Doomsday Machine” é baseado em factos reais, e segue a vida de diversos gestores de hedge funds que ao analisar o mercado imobiliário e o modo como os créditos eram concedidos perceberam que o mercado estava assente numa incrível bolha imobiliária que eventualmente teria que rebentar por falta de sustentabilidade.

 

Os créditos imobiliários, como produtos financeiros, eram desconsiderados e até negligênciados pelos agentes reguladores. Os mais básicos procedimentos de segurança na aprovação dos créditos, como a verificação de garantias por exemplo, eram esquecidos e os mesmos concedidos ao desbarato.

 

Posteriormente, os especuladores criavam produtos de dívida com uma receita semelhante aos esquemas de pirâmide, sempre baseados na premissa de que o tomador do crédito continuaria sempre a cumprir com as suas obrigações financeiras.

 

Contudo, houve um facto muito importante que também não foi considerado. Ou seja, todos estes créditos imobiliários foram concedidos a taxas variáveis baixíssimas. Com as alterações na economia e a subida das das taxas de juros, os incumprimentos subiram em flecha, dando início ao maior desastre financeiro da história moderna.  

 

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Com esta informação os gestores de fundos Jared Vennett – Ryan Gosling, Michael Burry – Christian Bale, Mark Baum – Steve Carell e Ben Richert – Brad Pitt, decidem apostar contra o mercado imobiliário, ou seja, compravam produtos financeiros cuja valorização dependia da queda do mercado.

 

Todas as entidades financeiras contactadas consideraram a ideia de loucos, pois esta situação nunca tinha acontencido na história dos Estados Unidos, e perderam a oportunidade de fazer dinheiro fácil.

 

O desenrolar a história baseia-se nestes quatro vértices principais, que quase nunca se tocam, e no modo como detetaram a falha no sistema e como beneficiaram do mesmo.

 

As nomeações para 5 óscares – melhor filme, melhor ator secundário, melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor edição, dizem bastante da qualidade do filme. Christian Bale tem uma interpretação excelente no papel de um excêntrico gestor que controla com mão de ferro o seu hedge fund – Scion, à revelia e quase revolta dos seus investidores.

 

Steve Carell é o investidor incrédulo com tamanha incompetência e indolência do sistema regulatório que, tenta alertar as reguladores e as agências de rating para a bolha e as suas consequências, sem sucesso. Longe das pseudo-comédias que tem protagonizado e alguns degraus acima na escada da qualidade de interpretação.

 

Este filme é um exemplo de boa realização, essencialmente na criação de espaços e realidades que nos ligam sentimentalmente a outros filmes semelhantes, como Wall Street ou o Lobo de Wall Street.

 

Um dos problemas do filme reside na complicada linguagem financeira que torna a primeira parte do filme muito densa. Contudo, o realizador ultrapassou este problema colocando explicações para “totós” sobre o assunto, feitas por atores conhecidos (a fazerem de si mesmos).

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É um filme muito atual, com excelentes performances até nos papéis mais pequenos – Brad Pitt e Marisa Tomei, que ajuda a perceber a displicência com que o dinheiro dos depositantes é tratado pelas instituições financeiras e, mais grave do que isso, sugere-nos que as medidas de correção dos problemas terão sido só show-off e que, infelizmente, a probabilidade deste problema ou outros semelhantes virem a acontecer de novo é elevada.

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Curiosamente é um dos poucos filmes de mainstream onde podemos ouvir heavy-metal.

 

Daquilo que já pude ver dos nomeados para os óscares, penso que não deverá ganhar o melhor filme mas o melhor actor secundário será inevitável e talvez o melhor argumento adaptado.