Óscares 2016
E pronto! Estão atribuídos os Óscares 2016, para os melhores filmes no mercado americano do ano de 2015. A 88ª edição dos Óscares teve lugar no Dolby Theater em Hollywood, marcada pelo forte componente de descriminação racial e falta de diversidade nos nomeados.
Com Chris Rock à frente das hostilidades, o assunto não foi esquecido ou sequer domesticado. O comediante, que apresentou a cerimónia pela segunda vez, fez questão de abordar o assunto de frente, utilizando como instrumento a comédia para fazer passar mensagens importantes, com aliás o fizeram outros intervenientes no espetáculo.
Foi bastante interessante e construtiva a posição assumida por Kerry Washington (a conhecida Olivia Pope de “Escândalo” ou Broomhilda Von Shaft de “Django Libertado”) referindo que com a sua presença e a sua voz, como membro da academia, ainda que recente, pretendia fazer notar a falta de diversidade e promover a mudança do status quo colaborando com a instituição os Óscares.
Numa situação em todos são livres de expor as suas opiniões e tomar as atitudes que consideram corretas o Sessão da Meia Noite considera que os boicotes de pouco valerão. É mais importante utilizar o palco que constitui os Óscares para fazer passar a mensagem e trabalhar com os responsáveis para que a mudança aconteça natural e suavemente sem roturas e posições extremadas. O pior de tudo seria a hipotética imposição de um sistema de quotas, por exemplo, que a meu ver não premia a qualidade ou a igualdade como deve ser o objetivo desta celebração, mas exatamente o contrário.
Passando para os prémios propriamente ditos, o grande vencedor da noite foi Mad Max A Estrada da Fúria arrecadando seis Óscares em dez nomeações. Foi uma vitória nas categorias mais técnicas mas que veio premiar a capacidade de Gorge Miller na construção da realidade pós-apocalíptica do filme, rodeando-se de profissionais de excelsa capacidade.
Nas chamadas categorias grandes, o vencedor acaba por ser “O Caso Spotlight”, pois apesar de só ter vencido duas das seis nomeações que tinha, arrebatou o Óscar de Melhor Filme ao favorito de todos “O Renascido” que, com três Óscares em doze nomeações acaba por ficar um sabor algo amargo na boca.
De notar o Óscar de Melhor Canção Original atribuído a Sam Smith por “Writing’s On The Wall” para o ultimo filme da saga James Bond – “Spectre”. Já Adele tinha ganho o Óscar a mesma categoria para o James Bond anterior “Skyfall”. Toda a promoção e lobby da gigantesca máquina de produção dos filmes James Bond faz com que as suas title songs sejam sempre fortes candidatas.
Os restantes prémios foram sendo distribuídos sem grandes concentrações, sendo somente de referir que Sylvester Stallone não ganhou o Óscar para Melhor Actor Secundário (que o Sessão da Meia Noite considerou como uma grande injustiça), e “Perdido em Marte” (sete nomeações), “Carol” (seis nomeações), “Star War VII – O Despertar da Força” (cinco nomeações) e “Brooklin” (três nomeações) não venceram em qualquer das categorias.
Os principais vencedores foram:
- Melhor Filme: O Caso Spotlight
- Melhor Realizador: Alejandro González Iñárritu para O Renascido
- Melhor Ator: Leonardo DiCaprio em O Renascido
- Melhor Atriz: Brie Larson em Room
- Melhor Ator Secundário: Mark Rylance em Ponte de Espiões
- Melhor Filme de Animação: Divertida-Mente
- Melhor Filme Estrangeiro: O Filho de Saul (Hungria)
- Melhor Argumento Original: O Caso Spotlight
- Melhor Argumento Adaptado: A Queda de Wall Street
- Melhor Banda Sonora: Ennio Morricone para Os Oito Odiados
- Melhor Canção Original: Writing’s On The Wall em Spectre
- Melhor Documentário Longa-Metragem: Amy
- Melhor Fotografia: O Renascido
- Melhor Caracterização: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhor Guarda-Roupa: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhor Direção Artística: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhor Montagem: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhores Efeitos Visuais: Ex Machina
- Melhores Efeitos Sonoros: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhor Mistura de Som: Mad Max Estrada da Fúria
- Melhor Curta-Metragem Animação: A História do Urso
- Melhor Curta-Metragem de Imagem Real: Stutterer
- Melhor Documentário Curta-Metragem: A Girl in the River: The Prince of Forgiveness
No final do dia, com todos os prémios atribuídos, alguns ficaram satisfeitos por finalmente verem o seu talento reconhecido, outros ficaram a pensar na subida dos cachés, outros aborrecidos por não terem vencido. C’est la vie.
Mas, rei morto rei posto, já diz a sabedoria popular. Esperamos agora um 2016 cheio de bons filmes e performances que possam ombrear ou até ultrapassar aquelas agora premiadas, na espectativa de menos polémica e mais qualidade.
A título de curiosidade, até esta edição tinham sido atribuídas 3001 estatuetas douradas.