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Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Sessão da Meia Noite

Comentários pessoais e (in)transmissíveis sobre cinema e televisão.

Óscares 2016

E pronto! Estão atribuídos os Óscares 2016, para os melhores filmes no mercado americano do ano de 2015. A 88ª edição dos Óscares teve lugar no Dolby Theater em Hollywood, marcada pelo forte componente de descriminação racial e falta de diversidade nos nomeados.

 

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Com Chris Rock à frente das hostilidades, o assunto não foi esquecido ou sequer domesticado. O comediante, que apresentou a cerimónia pela segunda vez, fez questão de abordar o assunto de frente, utilizando como instrumento a comédia para fazer passar mensagens importantes, com aliás o fizeram outros intervenientes no espetáculo.

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 Foi bastante interessante e construtiva a posição assumida por Kerry Washington (a conhecida Olivia Pope de “Escândalo” ou Broomhilda Von Shaft de “Django Libertado”) referindo que com a sua presença e a sua voz, como membro da academia, ainda que recente, pretendia fazer notar a falta de diversidade e promover a mudança do status quo colaborando com a instituição os Óscares.

 

Numa situação em todos são livres de expor as suas opiniões e tomar as atitudes que consideram corretas o Sessão da Meia Noite considera que os boicotes de pouco valerão. É mais importante utilizar o palco que constitui os Óscares para fazer passar a mensagem e trabalhar com os responsáveis para que a mudança aconteça natural e suavemente sem roturas e posições extremadas. O pior de tudo seria a hipotética imposição de um sistema de quotas, por exemplo, que a meu ver não premia a qualidade ou a igualdade como deve ser o objetivo desta celebração, mas exatamente o contrário.

 

Passando para os prémios propriamente ditos, o grande vencedor da noite foi Mad Max A Estrada da Fúria arrecadando seis Óscares em dez nomeações. Foi uma vitória nas categorias mais técnicas mas que veio premiar a capacidade de Gorge Miller na construção da realidade pós-apocalíptica do filme, rodeando-se de profissionais de excelsa capacidade.

 

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Nas chamadas categorias grandes, o vencedor acaba por ser “O Caso Spotlight”, pois apesar de só ter vencido duas das seis nomeações que tinha, arrebatou o Óscar de Melhor Filme ao favorito de todos “O Renascido” que, com três Óscares em doze nomeações acaba por ficar um sabor algo amargo na boca.

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De notar o Óscar de Melhor Canção Original atribuído a Sam Smith por “Writing’s On The Wall” para o ultimo filme da saga James Bond – “Spectre”. Já Adele tinha ganho o Óscar a mesma categoria para o James Bond anterior “Skyfall”. Toda a promoção e lobby da gigantesca máquina de produção dos filmes James Bond faz com que as suas title songs sejam sempre fortes candidatas.

 

 

Os restantes prémios foram sendo distribuídos sem grandes concentrações, sendo somente de referir que Sylvester Stallone não ganhou o Óscar para Melhor Actor Secundário (que o Sessão da Meia Noite considerou como uma grande injustiça), e “Perdido em Marte” (sete nomeações), “Carol” (seis nomeações), “Star War VII – O Despertar da Força” (cinco nomeações) e “Brooklin” (três nomeações) não venceram em qualquer das categorias.

 

Os principais vencedores foram:

  • Melhor Filme: O Caso Spotlight
  • Melhor Realizador: Alejandro González Iñárritu para O Renascido
  • Melhor Ator: Leonardo DiCaprio em O Renascido
  • Melhor Atriz: Brie Larson em Room
  • Melhor Ator Secundário: Mark Rylance em Ponte de Espiões
  • Melhor Filme de Animação: Divertida-Mente
  • Melhor Filme Estrangeiro: O Filho de Saul (Hungria)
  • Melhor Argumento Original: O Caso Spotlight
  • Melhor Argumento Adaptado: A Queda de Wall Street
  • Melhor Banda Sonora: Ennio Morricone para Os Oito Odiados
  • Melhor Canção Original: Writing’s On The Wall em Spectre
  • Melhor Documentário Longa-Metragem: Amy
  • Melhor Fotografia: O Renascido
  • Melhor Caracterização: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhor Guarda-Roupa: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhor Direção Artística: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhor Montagem: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhores Efeitos Visuais: Ex Machina
  • Melhores Efeitos Sonoros: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhor Mistura de Som: Mad Max Estrada da Fúria
  • Melhor Curta-Metragem Animação: A História do Urso
  • Melhor Curta-Metragem de Imagem Real: Stutterer
  • Melhor Documentário Curta-Metragem: A Girl in the River: The Prince of Forgiveness

 

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No final do dia, com todos os prémios atribuídos, alguns ficaram satisfeitos por finalmente verem o seu talento reconhecido, outros ficaram a pensar na subida dos cachés, outros aborrecidos por não terem vencido. C’est la vie.

 

Mas, rei morto rei posto, já diz a sabedoria popular. Esperamos agora um 2016 cheio de bons filmes e performances que possam ombrear ou até ultrapassar aquelas agora premiadas, na espectativa de menos polémica e mais qualidade.

 

A título de curiosidade, até esta edição tinham sido atribuídas 3001 estatuetas douradas.

 

Golden Raspberry Awards 2016 - Razzies

Na véspera da cerimónia de atribuição dos Óscares para os melhores de 2015, há outra cerimónia de prémios que “premeia” os piores do ano. Os prémios Golden Raspberry, carinhosamente conhecidos por Razzies, são uma paródia aos diversos prémios cinematográficos existentes e, mais especificamente, aos Óscares.

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Estes prémios tiveram um início muito modesto como se pode perceber (ninguém quer ser o pior ou sequer admitir sê-lo) em 1980, e foram criados pelo geek de cinema John Wilson numa tentativa de “premiar” com uma certa dose de comédia os maiores flops da temporada.

 

Estes prémios foram crescendo, desde a sala de estar de John Wilson em 31 de março de 1981, que premiou “A Música não Pode Parar” de Nancy Walker, Neil Daimond em “The Jazz Singer” e Brooke Shields em “A Lagoa Azul”até à 36ª Cerimónia que teve lugar a 27 de fevereiro no Palace Theatre em Los Angeles.

 

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Normalmente trata-se um espetáculo essencialmente de comédia, onde se trata com algum humor, mas também com uma elevada dose de cinismo, as obras que obtiveram as mais fracas aceitações pelo público.

 

Como é obvio, os vencedores não costumam estar presentes na cerimónia. Contudo, por vezes há exceções, e é célebre o discurso de aceitação de Halle Berry para a pior atriz de 2004 em “Catwoman”.

 

 

Sobre o ano de 2015, os felizes contemplados foram os seguintes:

  • Pior Filme: “O Quarteto Fantástico” ex aequo com “As Cinquenta Sombras de Grey”
  • Pior Ator: Jamie Dornan em “As Cinquenta Sombras de Grey”
  • Pior Ator Secundário: Eddie Redmayne em “A Ascensão de Júpiter”
  • Pior Atriz: Dakota Johnson em “As Cinquenta Sombras de Grey”
  • Pior Atriz Secundária: Kaley Cuoco em “O Amigo do Peito” e como voz de Eleanor em “Alvin e os Esquilos: A Grande Aventura”
  • Pior Realizador: Josh Trank para “O Quarteto Fantástico”
  • Pior Combinação em Cena: Jamie Dornan e Dakota Johnson em “As Cinquenta Sombras de Grey”
  • Pior Argumento: “As Cinquenta Sombras de Grey” argumento de Kelly Marcel baseado na novela de E. L. James.
  • Pior Remake ou Sequela: “O Quarteto Fantástico”
  • Prémio Redenção: Sylvester Stallone em “Creed O Legado de Rocky”

 

Em suma, os grandes “vencedores” foram “As Cinquenta Sombras de Grey” com seis prémios e “O Quarteto Fantástico”com três. De notar ainda pela negativa o prémio para o oscarizado em 2015 e nomeado em 2016 Eddie Redmayne, e pela positiva (totalmente justo) Sylvester Stallone em “Creed O Legado de Rocky”.

 

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Sobre “As Cinquenta Sombras de Grey” parece-me que o filme é fraco, contudo, não é o estilo de filmes que eu mais aprecio. Especulado sobre as razões destas “vitórias”, penso que as diferenças entre o livro e o argumento terão frustrado as expectativas do público e dos críticos, assim como as dificuldades em acertar com os protagonistas que foram sendo segundas (ou terceiras, ou …) escolhas.

 

Relativamente ao Quarteto Fantástico” é completamente justificado pois trata-se mais um reboot falhado de uma banda desenhada de super-heróis com bastante potencial. Falta-lhe uma equipa argumentista-realizador que tenham respeito pela banda desenhada, com créditos firmados, e que consigam margem de manobra dos junto dos poderosos estúdios.

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Estes prémios devem ser vistos na sua real dimensão, ou seja, como mais uma peça do folclore Hollywoodesco, tipicamente americano, que rodeia os Óscares, e que traz um pouco mais de humor e cinismo ao mundo das grandes produções de cinema.

O Caso Spotlight

Na semana que antecipa a cerimónia de entrega dos Óscares, o Sessão da Meia Noite, faz a resenha de mais um nomeado, nesta caso para seis Óscares, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator Secundário, Melhor Atriz Secundária, Melhor Realização, Melhor Argumento Original e Melhor Edição.

 

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Spotlight – O Caso Spotlight, 2015, de Tom McCarthy, com Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Brian d’Arcy James, Stanley Tucci.

 

Este filme é baseado em factos reais, ainda que o argumento tenha sido escrito com o objetivo específico do filme. Retrata uma equipa de jornalistas de investigação do jornal Boston Globe – a equipa da coluna Spotlight, e o modo como foi retratado e exposto o escândalo de pedofilia no seio da Igreja Católica em 2002.

 

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A equipa de jornalistas é composta por elementos de luxo como Michael Keaton (o chefe Walter ‘Robby’ Robinson, Mark Ruffalo (jornalista de ascendência portuguesa Mike Rezendes), Rachel McAdams (jornalista Sacha Pfeiffer) e Brian d’Arcy James (o investigador Matt Carol), supervisionada pelo chefe de redação John Slattery (Ben Bradley, Jr.) e pelo editor chefe Liev Schreiber (Marty Baron).

 

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Numa cidade altamente dependente do sistema religioso católico, a pouco e pouco conseguimos ir percebendo as pressões, psicológicas e tenuemente implícitas, até aquelas mais explícitas, que vão sendo exercidas sobre os membros da equipa, nos mais diversos níveis, criando dificuldades ao avanço da investigação.

 

A tarefa encontra muita resistência em obter fontes fidedignas que possam suportar as suas conclusões, com por exemplo o desaparecimento de documentos, a ténue camuflagem da situação dos padres nos anuários da Igreja, a dificuldade nos tribunais de produzirem documentos que são públicos, entre outras, numa sociedade que depende bastante da própria Igreja.

 

No entanto, estas dificuldades são enfrentadas e, eventualmente vencidas com o obstinação e resiliência da equipa, assim como o apoio do chefe de redação e do editor. Como curiosidade Marty Baron não é natural de Boston, é judeu, e havia sido recentemente contratado para editor-chefe, vindo de outro jornal fora de Boston.

 

O feeling de Marty de que ali estava uma grande história leva a equipa a levantar o véu ao maior escândalo de pedofilia da igreja católica, descobrindo 249 situações de abusos de menores por membros da Igreja católica com o conhecimento dos seus superiores que tomaram a decisão de “varrer a porcaria para debaixo do tapete” em vez que cortar o mal pela raiz.

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Estamos em presença de um filme que a curto prazo se deverá tornar um clássico dos filmes de jornalismo, um género pouco visto nos dias de hoje. Toda a construção da história, os cenários, a fotografia e capacidade demostrada pelos atores faz com o resultado seja excelente, e as nomeações totalmente completamente justas.

 


Aqui o jornalismo de investigação é tratado de um modo realista e não-glamoroso, fugindo aos estereótipos modernos vistos noutras produções recentes. Somos completamente transportados para o interior de uma redação onde conseguimos sentir a dificuldade do trabalho e a dureza de lutar contra uma entidade com a força e influência enormes como é a Igreja Católica.

 

Os jornalistas reais da coluna Spotlight do Boston Globe estivem envolvidos na produção como consultores, tendo contribuído para ajudar na construção da narrativa, assim como da redação Spotlight que, segundo as notas de produção, era uma réplica quase exata da realidade. Curiosamente os seus nomes não foram alterados na história.

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É um filme que pode ser comparável ao “Os Homens do Presidente” de Alan J. Pakula (1976) com Robert Redford e Dustin Hoffman, a ver com toda a certeza.

 

 

 

 

O Segredo dos Seus Olhos

O Sessão da Meia Noite fez uma incursão nos thrillers de mistério, através de um título de 2015 sobre investigadores governamentais, terrorismo e crime.

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Secret in their Eyes – O Segredo dos Seus Olhos, 2015, de Billy Ray, com Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts, Alfred Molina.

 

Esta produção independente passa-se no pós 11 de setembro, numa altura em que os responsáveis de segurança americanos pensavam que Los Angeles seria o próximo alvo dos terroristas. Assim, temos o início da ação numa task force, que investiga as ligações suspeitas de elementos que frequentam uma mesquita.

 

Nessa equipa encontramos os protagonistas Ray Kasten (Chiwetel Ejiofor) – agente do FBI, Jess Cobb (Julia Roberts) – investigadora da Procuradoria, e Claire Sloan (Nicole Kidman) – uma advogada da Procuradoria.

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A história gira toda à volta destas três personagens, e tem o seu catalisador na descoberta do corpo de uma adolescente muito maltratada, num contentor próximo da mesquita. Esta questão, que normalmente não seria tratada por esta task force, ganha uma dinâmica muito específica pois trata-se da filha de Jess.

 

Este acontecimento perturba sobremaneira o objetivo principal da task force, uma vez que Ray, movido por uma obrigação de amizade para com Jess e um empolado sentimento de culpa (que só mais tarde percebemos porquê), tenta com todos os meios à sua disposição encontrar o culpado.

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 Esta ação acaba por ser “sabotada” pelos seus superiores com o argumento implícito de que “bem de muitos é mais importante que o bem de um”. Onde é que eu já ouvi isto?

 

A crescente obstinação de Ray, aliada ao sentimento de incapacidade e à crescente atração entre Ray e Claire, acabam por afasta-lo da task force e de todo este processo (sendo sido transferido para New York). Todo este desenrolar promove o afastamento entre Ray, Jess e Claire.

 

Esta história é contada a dois tempos, passado e presente, separados por treze anos, onde vemos a perseverança de Ray chegar a uma possível conclusão do processo, retornando a Los Angeles e confrontando Jess e Claire com os novos dados e a possibilidade de fecho do processo com o mais que possível encarceramento do culpado pela morte da filha de Jess.

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O filme, com argumento escrito por Billy Ray, é um remake do filme argentino “El Secreto de sus Ojos” (2009) de Juan Jose Campanella, vencedor do Óscar para melhor filme estrangeiro em 2010. Aqui, o argumentista/realizador tratou de construir a sua narrativa em dois planos paralelos que terminam num final inesperado e desconcertante.

 

Estamos em presença de uma narrativa competente, que consegue tratar a história com o respeito que merece mas, acima de tudo temos duas performances que suportam todo o fio condutor e lhe trazem a substância necessária.

 

Desde logo Chiwetel Ejiofor, no seu estilo passional e emotivo demonstra a frustração e obstinação do policia que não conseguiu apanhar o culpado do assassinado da filha da melhor amiga, mas que não desiste, e Julia Roberts numa investigadora consumida pelo perda da única filha (será só isso?).

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Nicole Kidman perdeu grande parte da expressividade que já demonstrou noutros papéis. A sua cara parece mesmo um pouco artificial. Sem ser espetacular tem uma prestação competente como aliás tem Alfred Molina.

 

Este é um bom exemplo dos filmes independentes com qualidade que aparecem no mercado americano, longe dos grandes estúdios, que consegue atrair atores de renome e assim ganhar estatuto e visibilidade, num exemplo de boas atuações e boa realização de um thriller que deve ser visto até ao fim.

 

 

 

Star Wars VIII - Exteriores na Croácia

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O Sessão da Meia Noite apurou que vão ter início as filmagens de exteriores do novo filme Star Wars, em Dubrovnik na Croácia.

 

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Curiosamente, os sets vão ser protegidos por drones, de modo a prevenir que fanáticos deste universo possam recolher imagens das filmagens utilizando para tal os seus próprios gadgets eletrónicos.

 

A somar a estas medidas, serão contratados cerca de 600 seguranças de modo a garantir a privacidade dos trabalhos e das próprias estrelas, de acordo com os sites locais de notícias.

 

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Estas medidas de segurança fora do normal ocorrem devido ao facto de aquando das filmagens de Star Wars The Force Awakens, terem sido recolhidas e colocadas nas redes sociais imagens com recurso a este tipo de gadgets.

 

Houve tentativas para instalar um sistema semelhante para alertar a aproximação de helicópteros aos sets mas não houve permissão de saída desta tecnologia dos States, por parte das autoridades Americanas.

 

Os trabalhos na Croácia estão agendados para iniciar em 9 de março próximo.

Creed - O Legado de Rocky

Continuando a resenha pelos candidatos aos Óscares, o Sessão da Meia Noite viu recentemente um filme que se deverá tornar num clássico de um herói por vezes pouco apreciado.

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Creed – O Legado de Rocky, 2015, de Ryan Coogler, com Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson.

 

Onze anos após Rocky Balboa, surge Creed – O Legado de Rocky, que aborda mais um pouco da vida de Rocky Balboa – Sylvester Stallone, em consonância com a linha cronológica dos filmes anteriores.

 

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Sendo este o sétimo filme desta personagem, encontramos um Rocky envelhecido, a trabalhar no seu restaurante – Adrian’s, afastado de quase tudo relacionado com o boxe, quando é abordado por um jovem negro – Adonis Jonhson, para este o treinar.

 

O rapaz parece saber muito sobre Rocky, mas apesar da insistência de Adonis, este resiste.

 

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Só mais tarde, quando Rocky percebe que Adonis é filho de Apollo Creed, seu mentor e grande amigo (que morre no ringue num combate contra o russo Ivan Drago em Rocky IV) é que ele concorda em treinar Adonis.

 

E assim temos uma história clássica dos filmes de boxe. Um aprendiz que precisa de orientação e treino por um mentor quase esquecido, mas de reconhecido valor.

 

O argumento tinha tudo para ser banal, mas o modo como o realizador (que também é o argumentista) pega na história fazendo com que Adonis construa o seu próprio nome, com o auxílio de um Rocky envelhecido, longe da influência que carrega o nome Creed, faz com que tudo se altere.

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A juntar a isto as interpretações brilhantes de Sylvester Stallone e de Michael B. Jordan, temos um grande filme. É assim com toda a justiça que Sylvester Stallone esta nomeado para um Óscar para melhor ator secundário. Como também foram justas as vitórias de Stallone nos Globos de Ouro, entre outras.

 

Curiosamente, com esta nomeação, Stallone fica a ser o sexto ator a ser nomeado para dois Óscares em filmes diferentes mas para a mesma personagem.

 

Assim, Stallone junta-se a um clube de elite que conta com Cate Blanchett, Paul Newman, Al Pacino, Peter O’Toole e Bing Crosby.

 

A personagem de Rocky Balboa carrega em si uma pesada herança. Talvez por isso, quando leu o argumento, Stallone tenha hesitado em aceitar este projeto, pois não tinha a certeza de conseguir construir uma das suas personagens favoritas num estado muito debilitado. Para o conseguir fazer contratou um acting coach, prestando assim o devido respeito a Rocky.

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Trata-se de um filme cheio de nostalgia para os fãs, comovente no modo como Rocky trata a memória do seu amigo Apollo, ou o seu filho Adonis, ou até o novo adversário com quem terá que lutar, respeitando sempre o passado, e piscando o olho ao futuro.

 

Apesar do ator principal ser Michael B. Jordan, que tem aqui uma excelente performance, a par do que tinha mostrado em Fruitvale Station, a alma de Rocky agiganta-se, mas sempre sem prejudicar as restantes prestações.

 

 

É um filme muito bom, com um bom argumento, realização e excelentes prestações numa fotografia que o faz jus aos filmes anteriores. O Sessão da Meia Noite espera que justiça lhe seja feita e que Sylvester Stallone vença o Óscar.

66º Festival Internacional de Cinema de Berlim

A 66ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim terminou no passado dia 21 de fevereiro com a consagração do documentário “Fire at Sea” do italiano Giafranco Rosi arrecadando o Urso de Ouro. Esta coprodução ítalo-francesa retrata as agruras da vida dos refugiados na Ilha de Lampedusa, à beira do El Dorado.

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O Urso de Prata do Grande Prémio do Júri foi para “Death in Sarajevo” de Danis Tanovic, um drama Bósnio sobre o ciclo do ódio na Bósnia Herzegovina incorporando toda a diversidade cultural e étnica presente neste recente país dos Balcãs.

 

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O Urso de Prata para melhor realizador foi para a francesa Mia Hansen-Love, pelo filme “Things to Come”, um drama franco-germânico protagonizado por Isabelle Huppert sobre uma professora de filosofia que tem que repensar a sua vida já muito analisada, por inerência da sua atividade, numa fase pós divórcio inesperado.

 

Para a comitiva portuguesa, a 66ª Edição da Berlinale não foi nada má. Dos oito filmes que representaram o país no certame, quatro no quadro competitivo, a produção “Balada de um Batráquio” de Leonor Teles venceu o Urso de Ouro, para melhor curta-metragem.

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O filme de onze minutos trata a discriminação contra os ciganos e aborda com humor ácido a prática dos estabelecimentos comerciais utilizarem sapos de porcelana nas portas das lojas para assim os evitar.

 

Com esta vitória, Leonor Teles passa a ser a mais jovem realizadora de sempre a receber um Urso de Ouro para melhor curta-metragem no Festival de Berlim.

 

Ficam os títulos que representaram Portugal na 66ª Berlinale:

Longa-metragem “Cartas de Guerra” de Ivo Ferreira

Longa-metragem “Posto Avançado do Progresso” de Hugo Viera da Silva

Curta-metragem “Balada de um Batráquio” de Leonor Teles

Curta-metragem “Freud und Friends” de Gabriel Abrantes

Curta-Metragem “L’Oiseau de la Nuit” de Marie Losier

Documentário “Eldorado XXI” de Salomé Lamas

Documentário ficcionado “Rio Corgo” de Sérgio da Costa e Maya Kosa

Filme-ensaio “Transmission from the Liberated Zones” de Filipe César

Velocidade em Curta-Metragem Francesa

O Sessão da Meia Noite descobriu recentemente esta pérola, preciosa para os fãs da velocidade.

 

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C’etait un Rendez-Vouz, 1976, de Claude Lelouch, com Claude Lelouch e Gunilla Friden.

 

Estamos em presença de uma curta-metragem feita em 1975 por um realizador francês, Claude Lelouch, parisiense, já reconhecido na altura, tendo inclusivamente ganho um Oscar em 1967 para o argumento original do filme “Un homme et une femme” de 1966.

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Esta experiência no mundo da velocidade não teve qualquer argumento escrito e também não tem qualquer diálogo. Contudo, trata-se de uma viagem alucinante de alguém (nunca identificado), que conduz pelas ruas de Paris, cerca das 5h30 da madrugada, durante aproximadamente 9 minutos, até chegar ao encontro da sua companheira.

 

Esta curta-metragem esteve sempre rodeada de muito mistério, tanto assim que durante muitos anos conheciam-se poucos pormenores sobre o mesmo, devido à natureza ilegal do comportamento retratado. Inclusivamente, Claude Lelouch foi detido na primeira exibição pública do filme, tendo sido mais tarde libertado sem qualquer acusação formalizada.

 

Vemos, ou melhor apercebemo-nos de um carro, que desconhecemos o modelo, pois na realidade este nunca aparece em cena, que passa sinais vermelhos e demonstra outros comportamentos de condução pouco correta, circulando loucamente desta as imediações do Arc de Triomphe, Champs-Élysées, passado pelo palácio da Ópera Garnier e terminado no Sacre Coeur.

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Inicialmente pensava-se que o carro fosse um Ferrari 275 GTB que Claude possuía na altura. Também o condutor pensava-se que podia ser Jacques Laffite, Jacky Ickx, entre outros pilotos de velocidade reconhecidos da altura.

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sem nome.pngAs filmagens foram feitas com o recurso a uma câmara giroscópica (novíssima na altura), que o realizador instalara na frente do carro para aumentar a sensação de velocidade. O filme foi gravado num só take, num só plano, sem quaisquer cortes ou edição de imagem.

 

 Em 2006, trinta anos após o lançamento do filme, o realizador lançou um making-off, onde responde a algumas questões. Por exemplo, o carro utilizado no filme era um Mercedes-Benz 450 SEL 6.2 e, como já se especulava, o som utilizado é um overdub de um Ferrari 275 GTB, contribuindo ainda mais um pouco para aumentar a sensação de velocidade.

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Esta curta-metragem é na realidade uma gema preciosa para os entusiastas de filmes de velocidade, com uma mistura de improviso e pseudo-amadorismo, que o Sessão da Meia Noite descobriu quase por acaso, que, como num bom gelado de chocolate, quando terminamos, ficamos sempre a salivar por um pouco mais.

Back in Time - Back to the Future

Nesta incursão do Sessão da Meia-Noite pelos documentários prestamos uma homenagem justíssima a uma trilogia brilhante de filmes sobre aventuras, ficção científica e viagens no tempo.

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Back in Time, 2015, de Jason Aron, com Steven Spielberg, Lea Thompson, Michael J. Fox, Christopher Lloyd entre outros.

 

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Back to the Future de 1995, Back to the Future Part II de 1986 e Back to the Future Part III de 1990.

 

Back in Time apresenta-nos uma visão do verdadeiro impacto que os filmes “Back to the Future – Regresso ao Futuro” tiveram na nossa cultura contemporânea, mais especificamente no mercado americano e canadiano.

 

Este documentário, que demorou dois anos a ser concluído, partiu duma pequena ideia de fazer uma comemoração, mas transformou-se num espelho da cultura popular ligada ao universo da mitologia de Regresso ao Futuro.

 

Reveste-se de especial importância atendendo a que recolheu comentários dos atores, produtores, realizador e responsáveis dos estúdios da Universal Pictures da altura, que nos mostram como os filmes quase não aconteceram.

 

Algo que se viria a tornar um pedaço da cultura pop cinematográfica contemporânea via a primeira proposta de filme ser rejeitada pelos estúdios, com o argumento de que as viagens no tempo não atraiam espetadores aos cinemas.

 

O próprio nome dos filmes originalmente era “Paradox” em vez de “Back to the Future”. 

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O protagonista dos três filmes a personagem de Marty Mcfly, esteve para ser Eric Stoltz pois Michael J. Fox estava comprometido contratualmente com “Family Ties – Quem Sai aos Seus”. No entanto, após o visionamento das primeiras cenas gravadas com Eric Stoltz, a equipa verificou que o protagonista não funcionava e foi negociada uma maneira de Michael J. Fox conseguir entrar nos filmes sem sair de “Quem Sai aos Seus”.

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Além de muitas outras notas de produção, vemos como foram feitos diversos efeitos especiais, como as cenas com o hoverboard, numa altura em que não existiam os sofisticados efeitos especiais computorizados – CGI.

 

Além desta resenha histórica de produção, temos ainda a visão dos fãs que viram os filmes e os passaram a adorar como objetos de culto, peças quase perfeitas da história cinematográfica.

 

Num universo de merchandising com algumas semelhanças com Star Wars – Guerra das Estrelas, existe toda uma gama de memorabilia acessível, uma vez que é constituída por adereços relativamente fáceis de adquirir ou até construir.

 

 

Desde as roupas usadas nos filmes, ou suas réplicas, pequenos adereços como as garrafas de Pepsi no segundo filme, ou os habituais modelos dos carros e dos personagens há um pouco de tudo.

 

Neste campo e como peça principal de qualquer coleção temos a máquina do tempo, instalada num Delorean DMC-12.

 

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Este carro foi escolhido pelas suas características especiais para a altura como o design, as portas tipo gullwing, a estrutura em fibra de vidro e a carroçaria em aço inox escovado, tendo sido o único modelo produzido pela Delorean Motor Company.

 

Entre 1981-83, e somente para o mercado americano, foram produzidos cerca 9.200 unidades. Para os filmes foram construídos seis máquinas do tempo sendo que três foram destruídas nas filmagens, dois estão na posse da Universal Pictures, em exposição, e um, somente um, foi vendido a um colecionador do Ohio.

 

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Muitos das cerca de 6.000 unidades que se estima ainda existirem foram transformados em réplicas da máquina do tempo, fazendo as delícias dos fãs da trilogia. 

 

Dos testemunhos recolhidos no documentário percebemos que esta trilogia de filmes tornou-se um objeto de culto de diversas gerações, pela simplicidade e genialidade como trata os assuntos e relações familiares cruzadas (no tempo). Tudo isto, polvilhado com efeitos especiais, e enriquecido com outros elementos da cultura popular como Clint Eastwood, o Walkman, a máquina de filmar SONY, o filme o Tubarão parte 19, os ténis Nike com auto atacadores, entre muitos outros, suportam e dão ainda mais substância aos filmes.

 

É indiscutível o valor e a influência cultural destes filmes, mas este documentário mostra a extensão a que esta influência pode chegar junto do público. É uma excelente obra que ajuda a perceber como alguns filmes podem ganhar o estatuto de ícones da cultura popular.

 

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Getaway - Em Fuga

Numa passagem que eu aprecio especialmente, o Sessão da Meia Noite dedica-se um pouco aos “Filmes de Carros”.

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Getaway – Em Fuga, 2013, de Courtney Soloman, com Ethan Hawke, Selena Gomez e Jon Voight.

 

Este filme tem uma sequência inicial brutal, bem ao estilo dos filmes do James Bond, que nos faz uma introdução à história e nos mostra, sem misericórdia, o que vamos ver nos próximos 90 minutos.

 

Parece o começo de um concerto dos Metallica onde as primeiras músicas são completamente “a rasgar” para agarrar o público.

 

O filme conta a história de um antigo piloto de corridas de carros – Brent Magna que, após se retirar em desgraça, passou a fazer trabalhos menos recomendáveis utilizando sempre as suas capacidades de condução.

 

A dada altura, encontrou um motivo muito especial que o fez repensar a sua estratégia de vida, e fez uma mudança radical de comportamento, o que incluiu a sua mudança física para Sófia, na Bulgária.

 

No entanto, quem já viu alguns filmes deste tipo, sabe que raramente se consegue fugir ao passado. É o que acontece a Brent que cai nas mãos de um criminoso que o obriga a conduzir um carro durante uma noite e a fazer as tarefas que ele manda, com o objetivo de salvar a sua mulher.

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Pelo meio conhece uma rapariga – The Kid, interpretada por Selena Gomez, que começa por o queres assaltar (aparentemente), e acaba por o ajudar na sua contenda.

 

É um filme com perseguições de cortar a respiração, todas durante a noite, dando assim ainda mais espetacularidade à velocidade e aos acidentes inerentes a esta atividade.

 

O carro que Brent conduz é muito especial. Trata-se de um Shelby Super Snake Mustang, uma edição muito especializada e limitadíssima, com icónico carro americano numa luta incessante contra os carros da polícia de Sófia.

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Nas filmagens foram destruídas 13 versões deste carro e, de acordo com os comentários da produção, em certos dias todos os modelos disponíveis estavam em reparação. Na globalidade do filme foram destruídos 130 carros.

 

 

Interessante na história é o facto do carro de Brent parecer indestrutível.

 

A perseguição final foi filmada num só plano, sem cortes, parecendo que estamos num jogo de consola, onde o ponto de vista é exatamente o mesmo que podemos utilizar em “Need Sor Speed”.

 

O forte deste filme é a sensação de velocidade transmitida e não tanto as interpretações. Neste último campo, Ethan Hawke é bom no seu papel, mas Selena Gomez é muito fraquinha e um pouco artificial (parece que não se tinha ainda libertado dos síndroma da estrela de filmes para adolescentes).

 

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Este facto parece consensual uma vez que Selena Gomez foi nomeada para um Razzie Award em 2014 para pior atriz. Contudo não ganhou. Ainda houve pior nesse ano.

 

Em suma, o argumento é simples, tendo sido tratado com respeito pela realização, e tem como curiosidade um final diferente do habitual neste tipo de filmes.

 

Atendendo à época do ano em que a história de desenrola parece que se trata de um filme de Natal, aqui um pouco fora de época, mas definitivamente a ver pelos fãs de velocidade.

 

Numa homenagem bem merecida, o filme é dedicado à memoria de Caroll Shelby, falecido em 2012, o criador destes carros superaditivados, assim como do Cobra.

 

Star Wars VIII - Início da fotografia

O novo episódio da saga Star Wars começou a ser filmado no passado dia 15 de fevereiro nos estúdios Pinewood em Londres.

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Star Wars VIII, escrito e dirigido por Rian Jonhson, continuará a história de Star Wars The Force Awakens, já sem Harrison Ford mas com os regressados atores Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Lupita Nyong’o, Domhnall Gleeson, Anthony Daniels, Gwendoline Christie e Andy Serkis.

 

Juntam-se a este já rico elenco Benicio Del Toro, Laura Dern e a novata Kelly Marie Tran.

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Benicio del Toro é sobejamente conhecido de filmes como Snatch – Porcos e Diamantes (2000), Os Suspeitos do Costume (1995), Traffic – Ninguém Sai Ileso (2000), Sicário – Infiltrado (2015) entre outros. Entre os diversos prémios que ganhou destacam-se um Óscar, um Globo de Ouro e um Bafta em 2001 para melhor ator secundário em Traffic – Ninguém Sai Ileso.

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Laura Dern é uma atriz multifacetada tendo tido diversos papéis quer em séries de televisão quer em filmes, sendo os mais marcantes Coração Selvagem (1990), Parque Jurássico (1993), A Culpa é das Estrelas (2014) e Livre (2014). Já foi nomeada duas vezes para o um Óscar e ganhou quatro Globos de Ouro, estes sempre em séries de televisão.

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Kelly Marie Tran é uma jovem atriz que iniciou a sua carreira em 2011, tendo participado até à data em séries de televisão e curtas-metragens.

 

O filme Star Wars VIII tem data de lançamento agendada para 15 de dezembro de 2017.

 

 

Trilogia Romântica "Before ......"

No rescaldo do Dia dos Namorados, o Sessão da Meia Noite dedicou-se ao típico filme romântico, nomeadamente na trilogia de Richard Linklater “Before ……”.

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Before Sunrise – Antes do Amanhecer, 1995, de Richard Linklater com Julie Delpy e Ethan Hawke.

Before Sunset – Antes do Anoitecer, 2004, de Richard Linklater com Julie Delpy e Ethan Hawke.

Before Midnight – Antes da Meia Noite, 2013, de Richard Linklater com Julie Delpy e Ethan Hawke.

 

Esta trilogia conta a história de uma casal – Céline (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke), ao longo dos anos, desde o ponto em que se conheceram, os desencontros que tiveram até ficarem juntos, e as agruras da vida de “casados” passados alguns anos.

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 O primeiro filme ficou com a tarefa da descoberta, do conhecimento, da paixão inicial e inocente.

 

O argumento estende-se por uma noite onde conhecemos Céline – uma estudante francesa da Sorbonne, que regressa a França vinda da Bulgária, e Jesse – um americano que está a terminar um interrail em Viena, onde vai apanhar um voo de volta a casa.

 

A história foi originalmente escrita por Richard Linklater após ter conhecido uma mulher (Amy) em Filadélfia e ter ficado a conversar com ela durante uma noite toda. Contudo, o argumento acabou por ser totalmente reescrito por Julie e Ethan durante a rodagem do filme, sem que isto lhes tenha sido devidamente creditado no genérico.

 

Esta situação foi mal aceite pelos atores o que fez com que nos dois filmes posteriores eles já fossem devidamente creditados.

 

A história que decorre durante uma só noite, pelas ruas de Viena, onde os nossos protagonistas se vão conhecendo, conversando sobre tudo e sobre nada e com muito pouca intervenção exterior, quer seja de atores de suporte, figurantes ou quaisquer outros extras.

 

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O segundo volume da história é sobre os desencontros da relação. A ação decorre nove anos após o primeiro filme, numa altura em que Jesse escreveu um livro e está numa tournée de promoção que termina em Paris (como não podia deixar de ser).

 

Verificamos ao longo do filme que o livro é sobre a noite que ambos passaram em Viena.

 

Este filme tem uma coisa que falta ao primeiro que é a presença de alguns atores secundários (poucos) que dão algum suporte à história dos apaixonados. Assim parece que vivem no mundo real e não numa realidade imaginária em que não há problema algum que passar uma noite nas ruas de Viena.

 

Além disso tem algumas pérolas como uma música tocada à guitarra e cantada por Julie Delpy, numa composiçao sua, onde se percebe a dimensão do sentimento dela por ele.

 

O terceiro filme diz respeito à vida de “casados” e às complicações causadas pelas particularidades da vida de escritor de Jesse, a sua relação com o filho do primeiro casamento e a mãe deste, e os receios de Céline de como lidar com essas situações, mais as duas filhas gémeas do casal, a sua vida profissional e dos seus medos como mulher de meia-idade.

 

Este filme não tem o problema de falta de atores secundários, como nos dois anteriores, mas falta-lhe aquilo que procuramos num filme romântico que é a diferença do quotidiano.

 

Além de demasiado longo, este encontra-se construído de muitas daquelas discussões do dia-a-dia que, pessoalmente, não me interessam num filme.

 

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A vida consegue ser suficientemente complicada e o modo como o realizador constrói esta história é realista, talvez demasiado colado à realidade diarista.

 

Os filmes acabam por ser demasiado longos, e a história de Céline e Jesse ficava bem só com os dois primeiros volumes.

 

Falta-lhe um quê de espetacularidade que nos faça sonhar. É esta capacidade dos filmes que eu não dispenso, e que me fez com que a expectativa que eu tinha para esta trilogia não fosse atingida.

Demolição de Um Ícone Cinematográfico

Dando início a uma nova vertente do Sessão da Meia Noite sobre curiosidades (trivia), comentamos hoje sobre o desaparecimento de um ícone cinematográfico.

 

Não nos referimos a nenhum ator ou atriz, produtor, realizador ou sequer pessoa, mas sim uma estrutura arquitetónica. Trata-se da 6th Street Bridge em Los Angeles.

 

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Este nome provavelmente não será nada familiar, mas quase todos já terão visto esta ponte numa sequência de velocidade automóvel de algum filme, pois ela já apareceu em inúmeros filmes, vídeos musicais e até jogos de computador.

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Filmes como: “Gone in 60 Seconds”, Terminator 2”, “Terminator 3”, “Grease” , “Repo Man”, ”The Italian Job”, “Drive”, “The Dark Knight Rises”, “In Time”, “To Live and Die in L.A.”, “SWAT”, “The Naked Gun”, “Furious 7”, “Knight of Cups”; Vídeos musicais como: “The River” dos Good Charlotte, “Borderline” de Madonna, “Down” dos Blink 182, “American Bad Ass” de Kid Rock, “Walk” dos Foo Fighters, “Grenade” de Bruno Mars, “Happy” de Pharrell Williams; Séries de televisão como: “Lost”, “24”, “L.A. Heat”, “Melrose Place”, “Bosch” ou os jogos de computador Grand Theft Auto, Transformers ou Midnight Club, são apenas alguns exemplos.

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A 6th Street Bridge, ou 6th Street Viaduct, foi construída em 1932 e é a mais longa de um conjunto de 14 pontes históricas que atravessam o rio Los Angeles, numa zona altamente urbanizada, ligando os bairros de LA Arts District a Boyle Heights.

 

A ponte foi construída totalmente em betão, usando tecnologia state-of-the-art para a altura.

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Contudo, cerca de 20 anos após a sua inauguração começou-se a verificar a desintegração das suas vigas principais devido a uma reação alcalina, denominada por ASR, onde os elementos constituintes do betão reagem entre si, essencialmente a sílica e os agregados, formando um microgel que absorve água. Esta água vai provocar o estalar do betão que, com o tempo, pode pôr em causa a estabilidade das estruturas.

 

Ao longo dos anos foram utilizadas diversas técnicas de remediação do problema, contudo nenhuma consegui corrigir o problema. Esta situação aliada ao resultado de um estudo de vulnerabilidade sísmica realizado em 2004, concluiu que a ponte tinha falta de estabilidade estrutural, deficiências de segurança, e uma elevada probabilidade de ruína em caso de um terramoto de media dimensão.

 

 

Todas estas questões selaram o destino da ponte. O processo de demolição teve início no presente mês de fevereiro e deverá estar concluído dentro de nove meses.

 

A obra de substituição do viaduto, foi orçamentada em $449 milhões de dólares, e deverá ser inaugurada em 2019, num projeto do arquiteto Michael Maltzan, denominado por “The Ribbon of Light”.

 

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Esperamos que esta “Fita de Luz” possa vir a ser também uma referência cinematográfica na senda do ícone que vem substituir.

Mr. Holmes

Recentemente passou pelo Sessão da Meia Noite um filme que eu tinha muita espetativa pelo tema essencial e pelo protagonista. 

 

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Mr. Holmes de Bill Condon, 2015, com Ian Mckellen, Laura Linney, Hiroyuki Sanada e Milo Parker.

 

Este filme é mais um tomo na longa história do ultra famoso detetive criado pelo escritor e medico britânico Sir Arthur Ignatius Conan Doyle, na década de 80 do século XIX – Sherlock Holmes.

 

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Neste filme Sherlock Holmes aparece-nos longe do seu habitual estado enérgico e inquisitivo, como tem vindo a ser retratado em outras obras recentes. Aqui vemos um Sherlock, com 93 anos, a lidar com o envelhecimento e a demência tentado recordar o seu último caso e uma mulher misteriosa que lhe assombra os pensamentos.

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A história passa-se na década de 40 do século XX, e Holmes vive longe do bulício da sua Londres querida, numa casa no Sussex, para onde se retirou das lides detectivescas. Watson faleceu há muitos anos, e Holmes vive sem amigos próximos, somente com a governanta (Ms. Munro) e o seu filho (Roger).

 

A governanta Ms. Munro é uma viúva de guerra, amargurada com o seu destino, numa muito boa interpretação de Laura Linney, considera Holmes caquético e não pára de tentar mudar de emprego, algo que o seu filho é totalmente contra.

 

Roger – interpretado brilhantemente por Milo Parker, que apesar da sua tenra idade, foi nomeado para diversos prémios revelação, absorve todo o conhecimento que consegue espremer de Holmes, sendo que Holmes ganha afeição pelo rapaz e o toma como seu companheiro.

 

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Na sua tentativa de relembrar o passado, Holmes recorre à escrita. Esta situação é nova para ele pois toda as suas façanhas de detetive haviam sido escritas (romanceadas) por Watson. Assim vemos Holmes em flashback com cerca de 60 anos e na sua idade atual com 93.

 

Estamos perante mais uma brilhante performance de Ian Mckellen, em ambas as idades, com uma excelente caracterização e guarda-roupa. A dualidade criada entre Holmes e Roger é responsável pelo desenrolar fluido do argumento num muito bom exercício de realização.

 

Utilizando como catalizador do argumento a criação de abelhas – atividade a que Holmes se dedica agora, vemos o crescer da relação de Holmes por Roger e o modo como esse afecto ajuda e impulsiona Holmes a escrever a sua última história que, no fundo, justifica o seu exílio auto imposto.

 

slight trick of mind mr holmes.jpgO argumento, que foi adaptado do livro “A Slight Trick of Mind” do autor americano Mitch Cullin, mostra-nos a dificuldade de aceitar o envelhecimento e, especialmente a perda de faculdades, que é possivel minimizar estas questões com ajuda e, que até os melhores podem falhar pois, apesar de tudo, também são humanos. Podem é ter muita dificuldade em aceitar e perceber o porque do falhanço.

 

É um filme de elenco minimalista, com prestações muito boas, numa visão diferente de um héroi detetive favorito de todos. Aconselho o visionamento sem reservas.

Ciclo Cinema Russo - Andrei Tarkovky

Dando visibilidade a realizadores menos conhecidos, as produtoras Leopardo Filmes e Medeia Filmes, apresentam um ciclo de cinema russo dedicado ao cineasta Andrei Tarkovsky.

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Este ciclo decorrerá entre 11 de fevereiro e 16 de março no Espaço Nimas em Lisboa e entre 11 de fevereiro e 2 de março no Teatro Municipal do Campo Alegre no Porto.

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Este ciclo apresentará uma retrospectiva da obra integral do cineasta russo onde serão projetadas as suas sete longas-metragens de ficção, e também três filmes que assinou enquanto aluno da escola de cinema de Moscovo: “Os Assassinos”, “Hoje Não Haverá Saída Livre” e “O Rolo Compressor e o Violino”.

 

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Também haverá a possibilidade de visionar um documentário que realizou com Tonino Guerra.

 

 

Esta retrospectiva será o primeiro momento dedicado ao cinema russo que, até ao final do ano pretende apresentar autores como Sergei Eisenstein, Dzinga Vertov, Marlen Khuntsiev , Elem Klimov, Andrei Konchalovski e Aleksandr Sokurov.

Sundance Film Festival 2016

O Sessão da Meia Noite também terá incursões fora dos comentários a filmes ou documentários, mas sempre na mesma temática. Hoje iremos abordar o mais relevante festival americano de cinema independente – Sundance Film Festival.

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O Sundance Film Festival é a mais importante mostra de cinema independente americano, fora dos circuitos super comerciais dos grandes estúdios de Hollywood. Trinta anos de história fizeram-no crescer de um modo que possivelmente ninguém esperava, para um festival que começou em 1985 só com 2 cinemas, 86 filmes e um staff de 13 pessoas.

 

Fundado em 1981 por Robert Redford, o Instituto Sundance, que é responsavel pela realização do Sundance Film Festival, pretende ser um catalizador de histórias independentes para os palcos e os ecrãs, criando condições para que os artistas possam dispôr de espaço mediático no cinema, teatro, e restantes artes cénicas.

 

Robert Redford, Presidente e Fundador: “Storytellers broaden our minds: engage, provoke, inspire, and ultimately, connect us.”

 

Em 2015 o festival teve 12.166 submissões de filmes para concurso, dos quais 183 foram selecionados para visionamento nas 6 salas do Festival, que foram visitadas por cerca de 48.400 pessoas. Estes números só por si demostram o crecimento de 31 anos e a forte aceitação do público.

 

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Esta é só uma pequena parte da atividade do Sundance Intitute que também realiza e patrocina laboratórios de cinema, teatro, composição digital, além de outros eventos Sundance fora dos Estados Unidos.

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O festival de 2016 que decorreu entre 21 e 31 de janeiro, teve como vencedor aclamado “The Birth of a Nation” de Nate Parker que arrecadou os prémios do Júri e do Público, não deixando grandes dúvidas no apelo criado pela história de um escravo que liderou o movimento de libertação de afro-americanos na Virgínia em 1831, e que resultou em violentas retaliações por parte dos brancos.

 

Todas estas críticas consensuais fizeram com que a Fox Searchlight Pictures comprasse os direitos de distribuição mundial deste título por 17,5 milhões de dolares, no maior negócio na história do festival. Isto tudo para um filme que custou cerca de 100.000 dólares parece excelente.

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Nos documentários o vencedor foi “Werner” que nos conta o percurso pessoal e político do congressista Anthony Werner, desde o escândalo sexual que envolveu fotos íntimas e a sua conta de twitter, até à sua busca de redenção numa candidatura a Mayor de New York.

Esta obra de Josh Kriegman e Elyse Steinberg foi o documentário mais debatido em Sundance e venceu o Grande Prémio do Jurí na sua competição.

 

Menos consensual e até com diversas críticas negativas e algum desagrado nas reações do público, o Prémio de Melhor Realização foi para os estreantes Daniel Scheinart e Daniel Kwan para o filme “Swiss Army Man”, onde Daniel Radcliffe encarna um cadáver com flatulência (muito estranho !!!!!!).

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Com excelentes impressões da crítica especializada mas fora dos prémios principais, outros títulos marcaram o festival como: "Agnus Dei", filme polaco protagonizado por Agata Kulesza (conhecida entre nós por "Ida"); "Operation Avalanche", um pseudo-documentário que ressuscita a teoria de que a aterragem na Lua, pela Apollo XI em 1969, foi forjada pela CIA; "Morris From America", drama afro-americano sobre crescimento e maturidade; "Certain Women", a ternura no feminino com Laura Dern, Kristen Stewart e Michelle Williams; e "Love and Friendship", uma incursão de Whit Stillman, um dos principais nomes do cinema indie norte-americano, aos territórios narrativos de Jane Austen.

 

No site do Festival pode ser consultada a lista oficial dos vencedores.

 

Dificilmente alguns destes títulos chegarão ao circuito comercial português. Resta-nos o mercado de DVD e streaming para possibilitar conhecer estas obras.

La Famille Bélier

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La Famille Bélier - A Familia Bélier, 2014, de Eric Lartigau, com Karin Viard, François Damiens, Eric Elmosnino e Louane Emera.            

 

Este filme foi um do mais vistos em França em 2014, tendo inclusivamente ganho diversos prémios da especialidade, sendo o mais importante um César para a Atriz Mais Promissora de 2015 – Louane Emera.

A sua estreia no cinema foi bastante auspiciosa uma vez que ganhou um Lumiére na mesma categoria, ou seja, foi premiada pelos seus pares e pela crítica francesa.

 

O filme conta a história de uma família camponesa – os Bélier, que vivem numa pequena vila rural onde têm gado, e fazem queijo (como não podia deixar de ser) e vendem os seus produtos no mercado local.

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A particularidade desta família reside no facto de todos serem surdos-mudos, à exceção da filha, Paula Bélier, interpretada por Louane Emera. Paula vê-se a si própria como a ligação da família com a mundo, fazendo de tradutora em todo o tipo de situações, até as mais caricatas e desconfortáveis, como uma consulta de ginecologia da mãe com o pai.

 

A história ganha impeto quando Paula descobre, por vias de uma atividade escolar, que tem aptidões especiais para o canto, e assim vê-se a ser incentivada a concorrer a um concurso da Radio France Un que lhe poderá valer uma bolsa de estudo.

 

Assim, vamos observando o dilema emocional de Paula entre continuar a acompanhar e ajudar os pais na sua vida habitual ou arriscar a seguir os seus próprios sonhos.

 

O filme, é uma comédia dramática ligeira, que retrata uma relação familiar com realismo, assim como todo o ambiente rural envolvente, fugindo ao preconceito dos “campónios atrasados” – e muito bem na minha opinião.

 

O realizador – Eric Lartigau, fez um trabaho muito bom na criação dos ambientes específicos da história que parecem muito reais, despretensiosos, tratando as situações particulares do argumento como a surdez ou a vida rural de um modo muito realista e respeitoso sem quaisquer facilitismos.

 

É um filme onde podemos rir um pouco, ouvir boas interpretações musicais, tudo envolvido na vida de uma adolescente que quer crescer só não sabe como.

 

Como curiosidade, fica o facto de, na realidade, só um dos atores que interpretam os membros da familia Bélier ser surdo-mudo – o filho Quentin Bélier, interpretado por Luca Gelberg e de Louane Emera ter sido descoberta através do programa de televisão The Voice francês.

Definitely, Maybe - Para Sempre, Talvez de 2008

O Sessão da Meia Noite apanhou este filme na RTP1, num horário em que estava a relaxar no sofá, fora das horas de sessão.

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Definitely, Maybe – Para Sempre,Talvez, 2008, de Adam Brooks, com Ryan Reynolds, Elizabeth Banks, Isla Fisher e Rachel Weisz.

 

Trata-se de uma comédia romântica, dirigida por um veterano experimentado neste tipo de filmes – Adam Brooks, que já dirigiu outros filmes de sucesso como “O Novo Diário de Bridget Jones” (2004) e “French Kiss: O Beijo” de 1985.

 

Will Hayes, interpretado por Ryan Reynolds, é um idealista natural de Wisconsin, que decide mudar-se para New York para trabalhar na campanha política de Bill Clinton à presidência dos Estados Unidos de 1992.

 

Deixando na sua cidade natal a namorada – Elizabeth Banks, na expetativa de manter uma relação à distância. Durante a campanha conhece April – Isla Fisher, e posteriormente Summer Hartley – Rachel Weisz, que irão desempenhar papéis fundamentais na sua vida.

 

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O argumento gira sempre em torno destes quatro personagens e dos seus encontros e desencontros, utilizando como elemento catalizador a filha de Will, Maya Hayes – uma brilhante interpretação de Abigail Breslin, e a sua demanda em perceber como os seus pais se conheceram.

 

Pelos entremeios da história vão aparecendo alguns elementos enriquecedores que complementam com valor e excelência todo este ramalhete, como Kevin Kline no papel do escritor boémio, orientador de tese de Summer, e voz da consciência de Will.

 

Uma prova do valor da composição dos personagens que temos é o facto de, no elenco, estarem dois vencedores e uma nomeada para os óscares.

 

A história não é nova mas o modo como o realizador a molda para a expor na perspectiva de Maya é bastante inteligente e interessante.

 

Este filme é uma comédia romântica tipica, mas que se eleva sobre o pelotão pela realização inteligente, excelente atores e pelos seus belíssimos exteriores (as cenas de Central Park têm uma fotografia lindíssima e muito realista), fazendo sobressair o seu lado mais emocional, não sendo de todo um filme de pastilha elástica.

 

Foi uma agradável surpressa esta sessão fora de horário.

 

The Big Short - A Queda de Wall Street

Este filme interessou-me pela nomeação aos Óscares e a quase todos os outros prémios importantes no cinema americano, e pelo leque de atores que compõem a história.

 

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The Big Short – A Queda de Wall Street, 2015, de Adam Mckay, com Ryan Gosling, Steve Carell, Christian Bale e Brad Pitt.

 

O filme pretende dramatizar uma parte importante da nossa história recente, nomeadamente o início da crise do subprime nos Estados Unidos da América em 2005 - 2008, que levou à falência de diversos gigantes financeiros como a Lehman Brothers, assim como diversos fundos de pensões, destruíndo as poupanças e reformas de milhões de americanos.

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O argumento do filme, adaptado do livro de Michael Lewis “The Big Short – Inside the Doomsday Machine” é baseado em factos reais, e segue a vida de diversos gestores de hedge funds que ao analisar o mercado imobiliário e o modo como os créditos eram concedidos perceberam que o mercado estava assente numa incrível bolha imobiliária que eventualmente teria que rebentar por falta de sustentabilidade.

 

Os créditos imobiliários, como produtos financeiros, eram desconsiderados e até negligênciados pelos agentes reguladores. Os mais básicos procedimentos de segurança na aprovação dos créditos, como a verificação de garantias por exemplo, eram esquecidos e os mesmos concedidos ao desbarato.

 

Posteriormente, os especuladores criavam produtos de dívida com uma receita semelhante aos esquemas de pirâmide, sempre baseados na premissa de que o tomador do crédito continuaria sempre a cumprir com as suas obrigações financeiras.

 

Contudo, houve um facto muito importante que também não foi considerado. Ou seja, todos estes créditos imobiliários foram concedidos a taxas variáveis baixíssimas. Com as alterações na economia e a subida das das taxas de juros, os incumprimentos subiram em flecha, dando início ao maior desastre financeiro da história moderna.  

 

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Com esta informação os gestores de fundos Jared Vennett – Ryan Gosling, Michael Burry – Christian Bale, Mark Baum – Steve Carell e Ben Richert – Brad Pitt, decidem apostar contra o mercado imobiliário, ou seja, compravam produtos financeiros cuja valorização dependia da queda do mercado.

 

Todas as entidades financeiras contactadas consideraram a ideia de loucos, pois esta situação nunca tinha acontencido na história dos Estados Unidos, e perderam a oportunidade de fazer dinheiro fácil.

 

O desenrolar a história baseia-se nestes quatro vértices principais, que quase nunca se tocam, e no modo como detetaram a falha no sistema e como beneficiaram do mesmo.

 

As nomeações para 5 óscares – melhor filme, melhor ator secundário, melhor realizador, melhor argumento adaptado e melhor edição, dizem bastante da qualidade do filme. Christian Bale tem uma interpretação excelente no papel de um excêntrico gestor que controla com mão de ferro o seu hedge fund – Scion, à revelia e quase revolta dos seus investidores.

 

Steve Carell é o investidor incrédulo com tamanha incompetência e indolência do sistema regulatório que, tenta alertar as reguladores e as agências de rating para a bolha e as suas consequências, sem sucesso. Longe das pseudo-comédias que tem protagonizado e alguns degraus acima na escada da qualidade de interpretação.

 

Este filme é um exemplo de boa realização, essencialmente na criação de espaços e realidades que nos ligam sentimentalmente a outros filmes semelhantes, como Wall Street ou o Lobo de Wall Street.

 

Um dos problemas do filme reside na complicada linguagem financeira que torna a primeira parte do filme muito densa. Contudo, o realizador ultrapassou este problema colocando explicações para “totós” sobre o assunto, feitas por atores conhecidos (a fazerem de si mesmos).

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É um filme muito atual, com excelentes performances até nos papéis mais pequenos – Brad Pitt e Marisa Tomei, que ajuda a perceber a displicência com que o dinheiro dos depositantes é tratado pelas instituições financeiras e, mais grave do que isso, sugere-nos que as medidas de correção dos problemas terão sido só show-off e que, infelizmente, a probabilidade deste problema ou outros semelhantes virem a acontecer de novo é elevada.

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Curiosamente é um dos poucos filmes de mainstream onde podemos ouvir heavy-metal.

 

Daquilo que já pude ver dos nomeados para os óscares, penso que não deverá ganhar o melhor filme mas o melhor actor secundário será inevitável e talvez o melhor argumento adaptado.